Vieiras do Atlântico Norte, ameaçadas pela acidificação
Você gosta de vieiras do Atlântico Norte? Dizem que o molusco é um prato finíssimo, ‘a chiquetésima coquille saint-jacques‘, um dos mais requintados manjares oferecidos pelos oceanos. Pois se você gosta, das duas uma: ou deixe de usar seu carro, e convença amigos e familiares a fazerem o mesmo, ou está arriscado de não comê-las mais.
Pelo menos, não as vieras do Atlântico Norte, ameaçadas pelo aquecimento global e consequente acidificação dos oceanos. Este é apenas mais um dos organismos marinhos em risco por nossa ação egoísta e irresponsável.
A ameaça que vem do uso de nossos carros, fábricas, usinas, etc
Simples. “À medida que os níveis de dióxido de carbono aumentam na atmosfera, os oceanos superiores se tornam cada vez mais ácidos – uma condição que poderia reduzir a população de vieiras em mais de 50% nos próximos 30 a 80 anos, no pior cenário possível.”
E por quê? Simples de novo: “Como os oceanos podem absorver mais de um quarto de todo o excesso de dióxido de carbono na atmosfera, as emissões de carbono dos combustíveis fósseis também podem causar queda no pH dos oceanos. Essa acidez corrói as cascas de carbonato de cálcio que são feitas pelos moluscos como ostras, vôngole, vieiras, e até mesmo impedir que suas larvas formem conchas em primeiro lugar.
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O problema do vôngole não é novo para você que frequenta o Mar Sem Fim. Recentemente, mostramos que ele acabou em Santa Catarina. Hoje, ficamos com as vieiras, também um molusco bivalve marinho.
De onde vêm as Vieiras
“Encontram-se na água fria de vários oceanos. São abundantes na América do Norte, norte da Europa, e Japão, onde são apreciadas como alimento refinado.”
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Prova disso é que ‘a maioria das vieiras encontradas no mercado brasileiro vêm do Chile e do Canadá e o preço varia muito. Enquanto as chilenas podem ser encontradas a R$ 120 o quilo, as do leste do Canadá, que são as maiores do mundo, podem chegar a R$ 700 o quilo’.
Vieiras, mais um ‘organismo marinho filtrante’
As vieiras alimentam-se por filtragem de plâncton. Quer dizer, elas ‘filtram a água do mar’, atrás de reter o plâncton, o seu alimento. Nas vieiras existe uma espécie de ‘encanamento com sifões’ que leva a água para uma estrutura de filtragem, onde o alimento é retido no muco. O mesmo processo das ostras. Por isso…
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Apesar do preço alto, e raridade, quem come ostras ou vieiras, hoje, já está comendo microplástico também. Há muito alertamos que ele entrou em nossa cadeia alimentar.
Uma das portas, são peixes e frutos do mar. Isso é parte do que este site chama de ‘herança maldita‘ que nossa geração não tem o direito de continuar empurrando para as futuras.
Estamos aqui de passagem, outros virão, e merecem ter uma biosfera tão rica quanto a que recebemos. É obrigação ética!
Importante pescaria nos Estados Unidos
Para se ter ideia da importância, veja o que diz o site da NOAA: “A vieira do Atlântico é uma das mais valiosas pescarias dos Estados Unidos. A principal faixa de pesca fica desde o Meio Atlântico até a fronteira com o Canadá.”
“A pesca de vieiras utiliza, predominantemente, pesqueiros de vieira emparelhados, ou simples, em toda a extensão da pescaria. Em menor grau, e principalmente na região do Meio-Atlântico, a pesca de vieiras utiliza o arrasto. A maioria das embarcações desembarca as vieiras já como carnes (o músculo adutor), mas alguns navios também descarregam as vieiras na casca.”
Tipos de vieiras do Atlântico Norte
“Existem mais de 40 espécies comerciais de vieiras exploradas mundialmente. Dessas, 18 espécies respondem pela maior parte do peso vivo de 2,5 milhões de toneladas (mt) produção global tanto da pesca de captura como aquicultura. Desde a década de 1970, o cultivo de vieiras aumentou rapidamente e agora representa quase 70% do total da produção.”
“Estima-se que os limites totais de captura permitidos nos EUA cheguem a 36,8 milhões de libras para a pesca em 2016, de acordo com estimativas da NOAA. Esse número está em sintonia com as médias dos últimos anos, mas os desembarques nos EUA já atingiram média de 55 milhões por ano.”
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Mercado de vieras do Atlântico Norte – alguns números
“Em 2013, 36 milhões de toneladas de vieiras com um valor de € 324 milhões foram importados pela UE.”
Quem é quem no mercado de vieiras
O cultivo de vieiras foi desenvolvido no Japão no final dos anos 1960, onde rapidamente restaurou produção a níveis perdidos devido à sobrepesca. O sucesso japonês encorajou muitos outros países para cultivar vieiras. Alguns foram muito bem sucedidos. Depois da China e do Japão, o terceiro maior produtor (aqüicultura) de vieiras é o Peru, seguido pelo Chile.”
Fontes: https://www.greateratlantic.fisheries.noaa.gov/sustainable/species/scallop/; https://phys.org/news/2018-09-ocean-acidification-sea-scallop-fisheries.html?platform=hootsuite; https://pt.wikipedia.org/wiki/Vieira_(molusco);https://www.cityfish.com/jumbo-sea-scallops/; http://www.seafish.org/media/1403315/_2_scallops_rsg_cocker-04-15kg.pdf.
Onde os transatlânticos jogam os seus lixos diários ????
Vivo em New Bedford, estado de Massachusetts. O nosso porto é o principal porto de pesca dos EUA, e somos os maiores na pesca do Scallop (Vieira). Um barco de pesca do Scallop traz a cada 15 dias em torno de $ 200.000 dólares. O Scallop no supermercado custa em torno $16 a 17 dólares a libra (.453 gramas). Gostei muito da reportagem, parabéns.
http://www.southcoasttoday.com/news/20171101/new-bedford-retains-title-of-highest-valued-port-for-17th-straight-year.
Cumprimentos. Consta que em Angra existiria cultivo comercial de vieiras. Parece que pequeno. Se confirmado, valeria matéria a respeito?