Temperaturas dos oceanos bate recordes

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Temperaturas dos oceanos bate recordes

Em 4 de agosto o o observatório europeu Copernicus informou que a temperatura média da superfície oceânica atingiu o recorde de 20,96 ºC superando o recorde anterior de 20,95ºC de 2016. Ainda na primavera, as temperaturas na Europa também batiam recordes. Cientistas   descreveram o fenômeno como ‘extraordinário’ e ‘aterrorizante’. O calor gerou incêndios no hemisfério norte, com destaque para Sibéria, Groenlândia e Alasca.  Em 25 de julho o Guardian publicou Florida ocean records ‘unprecedented’ temperatures similar to a hot tub. Em outras palavras, Oceano da Flórida registra temperaturas ‘sem precedentes’ semelhantes a uma banheira de hidromassagem. ‘A temperatura da superfície do oceano em torno de Florida Keys subiu para 38,43°C esta semana, no que pode ser um recorde global, já que o calor do oceano em todo o estado atinge extremos sem precedentes. E não é apenas o mar da Flórida que esquenta ainda antes dos efeitos do El Niño.

Temperatura dos oceanos na Flórida.
38,43°C não é temperatura ‘normal’ para os mares da Flórida, assim como incêndios não o são na Sibéria, a Groenlândia e o Alasca. Ilustração, Brian McNoldy/University of Miami/NASA/MSFC/SPoRT.

Correntes no Oceano Atlântico poderão entrar em colapso em 2050

Segundo o www.greensavers.sapo.pt a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), sistema de correntes oceânicas que transporta água quente dos trópicos para norte, em direção ao Atlântico Norte, em outras palavras, o sistema que distribui o calor pelo mundo, pode atingir o ‘ponto de inflexão’.

A matéria informa que  ‘o sistema poderá entrar em colapso em meados do século, ou potencialmente a qualquer momento a partir de 2025, se as emissões de gases com efeito de estufa se mantiverem, segundo estudo publicado na Nature Communications.

O estudo alerta que a AMOC “é um dos mais importantes elementos de viragem, um subsistema capaz de passar a um estado irreversível, no sistema climático da Terra”. O seu potencial colapso “é uma grande preocupação e teria graves impactos no clima da região do Atlântico Norte e em todo o mundo”.

A Economist, que também repercutiu o alerta, explica que ‘o AMOC em vez de ficar gradualmente mais forte ou mais fraco, pode ir repentinamente de “ligado” para “desligado” se for pressionado demais, e o faz de uma maneira que torna muito difícil ligá-lo novamente.

A mesma fonte diz que ‘O artigo que Peter e Susanne Ditlevsen, ambos da Universidade de Copenhague, publicaram na Nature Communications  usou estatísticas para detectar sinais sutis de um ponto crítico que se aproxima.

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Segundo o wgntv.com, que também repercutiu o assunto, ‘A AMOC é essencial para mover a água mais quente dos trópicos através da Corrente do Golfo e para o Oceano Atlântico Norte, tanto fornecendo água fria da América do Norte quanto aquecendo a costa do norte da Europa. Além de causar uma Era do Gelo na Europa, seu colapso também pode reduzir significativamente a precipitação no centro e no oeste dos EUA, o último dos quais já sofreu uma seca única no milênio.’

A importância das correntes marinhas e o clima na Terra

Como este site já mostrou, os oceanos regulam o clima na Terra através da interação entre as correntes marinhas e a atmosfera. O oceano cobre 71 por cento do planeta e contém 97 por cento de sua água. Desse modo,  é um fator chave no armazenamento e transferência de energia térmica em todo o mundo.

Note bem, os oceanos são o fator-chave no armazenamento e transferência de energia térmica. E são as suas correntes que, em interação com a atmosfera, liberam ou retêm o calor. Na verdade, elas se comportam como rios dentro dos corpos de água maiores. Assim, estes ‘rios’ variam em tamanho, desde pequenas correntes perto de praias até fluxos transoceânicos, bem como os enormes giros, ou seja, ciclos elípticos que serpenteiam entre continentes.

Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC)
A AMOC transporta água de superfície quente e salgada dos trópicos para o norte com a Corrente do Golfo, continuando seu caminho para o Atlântico Norte, o Mar da Noruega-Groenlândia e o Oceano Ártico como a Corrente do Atlântico Norte. Lá, o calor é liberado na atmosfera, o que constitui o clima ameno do norte da Europa. Imagem, www.race.synthese.de.

Ou como os enormes giros, ou seja, correntes como a AMOC podem se modificar provocando o caos no clima mundial. No fundo, é este o alerta dos cientistas na Nature Communications.

E o que este calor pode representar para os seres humanos?

É função dos cientistas estudarem as condições de sobrevivência no planeta, e alertar os formadores de opinião e os responsáveis por políticas públicas antes que o problema seja irreversível. É o que fazem agora Peter Ditlevsen e Susanne Ditlevsen, respectivamente, do Niels Bohr Institute, University of Copenhagen, Copenhagen, Denmark, e do Institute of Mathematical Sciences, University of Copenhagen, Copenhagen, Denmark.

Uma mudança desta magnitude provoca inúmeros problemas, entre eles mortandade de peixes, e fuga de espécies marinhas de uma área mais quente para outra mais fria, ou vice-versa. Ao mesmo tempo, pode causar a morte de inúmeros ecossistemas importantes e, ainda, facilitar a introdução de espécies invasivas. Para encerrar, acirraria o degelo dos polos que contribuiriam ainda mais com a mudança das correntes marinhas, já que são influenciadas pela salinidade, temperatura da água, densidade, entre outros.

O mais importante ecossistema marinho, os corais, são os que mais sofrem. Por exemplo, os corais rasos da Florida, e Caribe em geral, sofrem agora com o branqueamento generalizado. Muitos já morreram. Mas tem mais: oceanos mais quentes absorvem menos CO2 o que contribui para mais aquecimento. Um maior aquecimento, acirra o degelo dos polos e apressa o aumento do nível do mar. Como se vê, é uma teia de fenômenos que se retroalimentam.

Acontece que os oceanos já estão no ‘osso’ com a poluição, a sobrepesca, a acidificação, etc. Se o cenário se confirmar, pode ser o ocaso da pesca em escala mundial, o que agravará a fome.

Organização Meteorológica Mundial e NOAA confirmam aquecimento

O Guardian, que igualmente repercutiu a novidade, informou ainda que ‘A Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas informou no início deste mês que as temperaturas globais do mar atingiram recordes mensais desde maio, também impulsionadas em parte por um evento El Niño. As temperaturas da superfície do mar em todo o mundo quebraram recordes mensais de calor em abril, maio e junho, de acordo com NOAA.’

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Agora chegou o momento da gente fazer algumas contas, caro leitor. Por exemplo, o WWF lembra que ‘Como a maior commodity alimentar comercializada no mundo, os frutos do mar fornecem sustento para mais de 3 bilhões de pessoas no mundo, que dependem de frutos do mar selvagens ou cultivados como uma fonte significativa de proteína animal.

Por outro lado, existem aproximadamente 260 milhões de empregos na pesca marinha em todo o mundo, de acordo com artigo da revista Fish and Fisheries. É só pensar nestes dois segmentos para se ter uma ideia dos problemas gerados em larguíssima escala.

Enquanto isso acontece no Atlântico, “no Mediterrâneo foi alcançado um novo recorde de temperatura média diária da superfície do mar  para o período 1982-2023, com 28,71°C”, alertaram os pesquisadores do ICM (Instituto de Ciências do Mar), com sede em Barcelona, informou a Folha de S. Paulo.

Antes de mais nada, fica claro que o fenômeno é mundial e tem a mesma causa: abuso dos combustíveis fósseis. Desse modo, como dissemos várias vezes isto não é assunto apenas para governos. É para cada habitante do planeta. Estamos brincando com fogo. É mais que hora de cada um fazer a sua parte e exigir de governos metas mais agressivas para a descarbonização da economia.

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