Nível de CO2 é recorde na atmosfera, Amazônia é emissora

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Nível de CO2 é recorde na atmosfera, Amazônia é emissora

Às vésperas da COP 26 esta manchete ganhou o mundo. Impressionante a repercussão. Mas nem tudo é  novidade. O fato de que a Amazônia atualmente emite mais que armazena já foi comentado inclusive por este site. Ainda em maio de 2021 publicamos o post Floresta Amazônica pode emitir mais gases de efeito estufa do que absorver, onde comentávamos dois estudos de equipes diferentes que chegaram  às mesmas conclusões. Agora, outra bomba: o nível de CO2 da atmosfera bateu novo recorde em 2020, mesmo com a diminuição da atividade econômica devido à Covid-19. Nível de CO2 é recorde na atmosfera, Amazônia é emissora.

imagem de carros no trânsito
Será que um dia vamos nos livrar dos combustíveis fósseis? Imagem,  ONU/Albert González Farran.

Nível de CO2 é recorde na atmosfera, Amazônia é emissora

Em 2020 o nível de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa, atingiu 413,2 partes por milhão, alertou a Organização Meteorológica Mundial.

Pior que isso: o Boletim de Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundial, OMM, ressalta que em  2021 continua a tendência de alta anual para cima da média do período entre 2011 e  2020.

Para o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, deve haver “grandes repercussões negativas” dessa situação para o dia a dia e bem-estar, para o estado do planeta e para as gerações do futuro.

A matéria do site da ONU diz que ‘Embora tenha havido a baixa temporária de novas emissões no período da pandemia, a desaceleração econômica “não teve nenhum impacto perceptível sobre os níveis atmosféricos de gases de efeito estufa e suas taxas de crescimento’.

‘Nível atingido em 2020 está 149% acima do pré-industrial’

Prossegue o site da ONU: ‘O nível atingido no ano passado está 149% acima do pré-industrial. O gás metano, CH4, está 262% mais alto e o óxido nitroso, N2O, a 123% dos níveis em 1750, quando as atividades humanas começaram a alterar o equilíbrio natural da Terra’.

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‘Enquanto a situação persistir, a temperatura global continuará aumentando. A OMM prevê que dada a longa vida do CO2 (mais de 10 mil anos, obs. do MSF), o nível de temperatura já observado seguirá por várias décadas, mesmo se as emissões forem rapidamente reduzidas a zero líquido’.

Efeitos socioeconômicos

A ONU alerta que ‘o aumento das temperaturas deve ser acompanhado por eventos climáticos extremos, incluindo calor e chuvas intensos, derretimento do gelo, aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos. Estas situações serão seguidas por efeitos socioeconômicos de longo alcance’.

Estima-se que atualmente cerca de metade do CO2 emitido pelas atividades humanas permaneça na atmosfera. Da outra metade se ocupam os oceanos e os ecossistemas terrestres (como as florestas tropicais) que atuam como “sumidouros”.

‘O mundo está muito fora do rumo’

‘O aumento de temperatura no final deste século estará muito além das metas do Acordo de Paris, que é de 1,5 a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. O secretário-geral da OMM ressalta mesmo que “o mundo está muito fora do rumo’.

Informações úteis para a véspera da COP 26, e para os ruminantes que insistem em não acreditar na ciência.

Os Sumidouros

O maior problema é que tanto os oceanos, como as florestas tropicais e outras, estão no limite segundo a OMM.

A OMM diz que áreas da porção oriental da floresta amazônica deixaram de ser sumidouros e se tornaram fontes de emissão. “As regiões da Amazônia oriental têm aumento de temperaturas muito forte na estação seca, diminuição de chuvas e grande desmate durante os últimos 40 anos.”

Também isso não é novidade. A mesma informação nos foi dada em entrevistas por dois ícones da ciência, Carlos Nobre, em julho de 2020, e Ricardo Galvão, em agosto do mesmo ano. Mas, no Brasil dos ignorantes no poder, ambos são considerados ‘comunistas’ e ‘inimigos do governo’.

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Quem sabe agora Brasília se toque. Antes de encerrar, vamos a um resumo de artigo de Paulo Artaxo, publicado no Estado de S. Paulo logo abaixo da matéria da OMM e o recorde de CO2.

Paulo Artaxo é graduado em Física pela Universidade São Paulo (1977), tem mestrado em Física Nuclear pela USP (1980) e é doutor em Física Atmosférica pela USP (1985). Trabalhou na NASA (Estados Unidos), Universidades de Antuérpia (Bélgica), Lund (Suécia) e Harvard (Estados Unidos).

Coordenou dois Institutos do Milênio do CNPq, é membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e de 7 outros painéis científicos internacionais, entre muitos outros atributos.

Paulo diz que…

‘Saída mais rápida seria zerar o desmatamento’

Segundo Paulo Artaxo ‘muitos governos não estão fazendo a lição de casa, incluindo o brasileiro’.

E dá uma nova informação alarmante: ‘A última vez que uma concentração comparável de CO2 foi registrada na Terra aconteceu entre 3 milhões e 5 milhões de anos atrás, quando a temperatura do planeta era 2 a 3 graus mais quente, com o nível do mar entre 10 e 20 metros mais alto que hoje’.

Não é só dióxido de carbono que está nas alturas

Paulo explica que não é apenas o CO2 que está mais alto. ‘O metano tem hoje concentrações 262% maiores que em 1750. O N2O (óxido nitroso) tem concentrações  262% maiores que em 1750’. E conclui: ‘Estes gases são emitidos principalmente pela produção de carnes e atividades agropecuárias’.

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Ao final, lembra o cientista: ‘Importante salientar que a maneira mais fácil, rápida e barata de reduzir emissões é zerar o desmatamento. Isso trará benefícios enormes para o Brasil, entre eles a manutenção da rica biodiversidade dos serviços ecossistêmicos, essenciais para a chuva no Brasil central’.

Assista ao vídeo de Paulo Artaxo no programa Opinião, da TV Cultura

Paulo Artaxo: "Se continuarmos esse processo de destruição de florestas, outros vírus virão"

Brasil vai chegar na COP como pária

Carlos Nobre em entrevista ao O Estado de S. Paulo, para Luiz Henrique Gomes em 29 de outubro, declarou que “o país está sem nenhuma credibilidade internacional com relação aos compromissos climáticos” por isso “chega à Conferência do Clima como um pária ambiental.”

“Não ir nem o presidente e nem o vice-presidente, que preside a Amazônia Legal, já é um mau sinal para o mundo. Mostra que o país está em cima do muro com relação ao compromisso de assumir políticas que reduzam a emissão de gases estufas.”

Carlos Nobre aponta outro problema da  trincada imagem brasileira: “Agora, o país chega com esse descrédito na política ambiental e marcado por uma política que contou com declarações terríveis de Ricardo Salles quando ele estava como ministro, declarações que foram para o mundo.”

Leia a integra da entrevista.

‘Cada dia que passa é um dia perdido’, o alerta de David Attenborough

Paulo Artaxo e Carlos Nobre não estão sós a demonstrar que o momento é crítico, e que todos os países têm que participar. Sir David, falou à BBC em 28 de outubro. “Se não agirmos agora, será tarde demais. Cada dia que passa sem fazer algo a respeito é um dia perdido.”

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“O que os cientistas do clima vêm dizendo há 20 anos, e o que temos relatado, você e eu, é a realidade: não estávamos fazendo alarmes falsos.”

A BBC lembra de outro desafio, ‘atingir a promessa de longa data de US$ 100 bilhões (R$ 560 bilhões) por ano para os países em desenvolvimento e os mais pobres, para desenvolvimento de baixo carbono e para construir defesas mais fortes contra clima mais violento ainda não foi cumprida – atingir esse total será um teste chave para saber se a COP26 será bem-sucedida ou não’.

Para Sir David, este é um dos desafios mais preocupantes, e ele diz que seria “realmente catastrófico” se as ameaças às nações mais pobres fossem ignoradas.

Leia a íntegra da matéria da BBC neste link.

Imagem de abertura: ONU

Fontes: https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,concentracao-co2-bate-recorde-2020-onu,70003879194#:~:text=Mesmo%20com%20a%20redu%C3%A7%C3%A3o%20de,Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Meteorol%C3%B3gica%20Mundial%20(OMM); https://news.un.org/pt/story/2021/10/1767782.

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