Dez naufrágios encontrados no Mar Egeu

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Dez naufrágios encontrados no Mar Egeu, no litoral da ilha Kasos

Dez naufrágios foram descobertos perto de Kasos, no Mar Egeu, datando de 3.000 a.C. a 1940. Uma equipe de pesquisadores interdisciplinares explorou as águas em torno da ilha por quatro anos, alcançando profundidades entre 21 e 50 metros, no âmbito do Projeto Arqueológico Marítimo de Kasos. Concluído o trabalho de campo, o Ministério da Cultura grego divulgou os resultados: o naufrágio mais antigo remonta a 3.000 a.C., e o mais recente, um barco de madeira com componentes metálicos de 30 metros de comprimento que afundou na Segunda Guerra Mundial. A equipe encontrou embarcações e artefatos dos períodos da antiguidade clássica (cerca de 460 a.C.), era bizantina (800 a 900 d.C.) e épocas medieval e otomana.

pesquisadores gregos no fundo do mar.
Imagem, Ministério da Cultura da Grécia.

Mais naufrágios estão sendo encontrados ou é impressão?

Você pode se perguntar por que descobrem tantos naufrágios com o passar dos dias ultimamente?  Não é engano, isso realmente está acontecendo e as razões são várias. O tema capturou a atenção do New York Times, que publicou o artigo “É uma Idade de Ouro para Descobertas de Naufrágios”.

Segundo o Times, contribuem para isso as novas tecnologias, as mudanças climáticas e o aumento das embarcações que vasculham o fundo do oceano por ciência ou comércio.

O jornal conversou com James P. Delgado, um arqueólogo subaquático de Washington, D.C. “Estão encontrando mais naufrágios, e acho que mais gente está ficando de olho. Entramos numa fase de transição onde a verdadeira era de exploração do fundo do mar e do oceano como um todo está começando de fato.”

A tecnologia também ajudou facilitando explorações e tornando-as mais baratas, diz o New York Times. Para David L. Mearns, um cientista marinho e explorador de naufrágios, a digitalização dos arquivos tornou mais fácil encontrar e consultar documentos históricos.

Posto isto, vamos às novas descobertas.

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Projeto Arqueológico Marítimo de Kasos

De acordo com o site oficial, o Projeto Arqueológico Marítimo de Kasos é um levantamento  sistemático realizado na Ilha de Kasos pesquisando por três anos  seguidos (2019 – 2021). É uma ação colaborativa entre a Fundação Nacional de Pesquisa Helênica (NHRF) e o Ephorate of Underwater Antiquities (EUA). Este é o primeiro projeto de pesquisa sistemática no mar da Ilha Kasos. O seu principal objetivo é localizar, registrar e estudar as antiguidades submersas desta área geográfica que tem sido um ponto importante nos percursos de navegação ao longo da antiguidade.

“”Narrativas históricas têm negligenciado esta ilha”

Xanthie Argiris, um arqueólogo marinho envolvido no projeto, disse: “As narrativas históricas têm negligenciado esta ilha, e pretendemos revelar seu papel em antigas redes marítimas.”

âncora antiga achada em Kasos
Segundo a CBS, Os pesquisadores encontraram 10 naufrágios e uma variedade de artefatos na costa da Grécia, incluindo uma âncora de pedra do período arcaico. Imagem, Ministério da Cultura da Grécia.

Alguns dos navios transportavam mercadorias de muito longe, como Espanha, Itália, África e Ásia, relatam os pesquisadores. Os itens incluem uma ânfora espanhola de entre 150 e 170 d.C., bem como recipientes para beber e frascos da África do período romano. Também encontraram uma âncora de pedra do Período Arcaico, que durou de cerca de 700 até 500 a.C.

Usando a “Ilíada” de Homero como guia

A CBS News, que também repercutiu a novidade, informou que usando a “Ilíada” de Homero como guia, uma equipe arqueológica subaquática fez as descobertas durante uma pesquisa de quatro anos na costa de Kasos, uma pequena ilha no Mar Egeu.

A mesma fonte diz que de 2019 a 2023, os pesquisadores tiraram mais de 20.000 fotos subaquáticas e empregaram um sonar de varredura lateral para mapear o recife de Kasos-Karpathos pela primeira vez.

Séculos atrás, Kasos serviu como um importante centro comercial a leste de Creta e, de acordo com a “Ilíada” de Homero, desempenhou um papel na Guerra de Tróia. Autoridades disseram que os pesquisadores que examinaram as águas ao largo da ilha realmente usaram a Ilíada e outras fontes históricas para estudar a área.

arqueólogos marinhos gregos.
Ministério da Cultura da Grécia.

Finalmente, a Newsweek esclareceu que dos 10 naufrágios encontrados, sete eram antigos e não conservavam sequer o casco, apenas a carga. Um deles é representado por parte de um casco de madeira associado a um canhão de ferro – provisoriamente datado do século XIX. Duas embarcações são mais modernas, preservando peças metálicas e/ou de madeira.

O significado da descoberta

Xanthie Argiris assim explicou à Newsweek: “O significado arqueológico das nossas descobertas é multifacetado. Em primeiro lugar, elas fornecem provas concretas das atividades marítimas que ocorreram na região do Egeu ao longo de milênios, oferecendo informações sobre antigas redes comerciais, rotas de navegação e intercâmbios culturais. Ajuda-nos a compreender a dinâmica econômica, social e política das sociedades antigas, como evidenciado pelos tipos de carga e artefatos encontrados”.

“Elas também enriquecem o nosso conhecimento de períodos específicos da história, desde a era pré-histórica até à era moderna, preenchendo lacunas na nossa compreensão das atividades marítimas durante estes tempos”.

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