Navio de transporte comercial romano descoberto no mar da Sicília

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Navio de transporte comercial romano descoberto no mar da Sicília

Em 2020, um mergulhador relatou às autoridades ter descoberto fragmentos de ânforas e restos de madeira no mar do município de Misiliscemi, na Costa de Trapani, perto da localidade de Marausa. Os fragmentos estavam a apenas 100 metros da costa e a 2 metros de profundidade. Depois de uma rápida avaliação, as autoridades da Superintendência do Mar perceberam o valor da descoberta. Como estava muito próximo à orla, o navio de transporte comercial romano foi completamente coberto com sacos de areia, a fim de ser protegido de ressacas. Em seguida começaram os trabalhos para trazê-lo à tona, operação concluída em julho de 2023.

recuperação de Navio de transporte
Imagem, Salvo Emma.

Naufrágio de grande valor arqueológico

Antes de mais nada, saiba que em 1999, um navio semelhante foi descoberto no mesmo local. Depois da recuperação, ele recebeu o nome de “Marausa 1”. Atualmente, está em exposição no Museu Baglio Anselmi, em Marsala.

O naufrágio recuperado em 2023 é mais um da lista dos recém-descobertos, com grande valor arqueológico, segundo o www.finestresullarte.info. Devido aos avanços recentes da arqueologia submarina, as novidades não pararam.

Ainda em setembro de 2023 comentamos sobre um naufrágio de 3.300 anos descoberto na costa da Turquia, um dos mais antigos e ricos já descobertos. O encontro fortuito revolucionou o que os arqueólogos sabiam sobre a Idade do Bronze e de como as mercadorias e as pessoas devem ter viajado pelo Mediterrâneo.

O que dizer do palácio submerso de Cleópatra, que comentamos em 2022? Assim, pouco a pouco, lacunas que existiam sobre a história do mundo antigo têm vindo à tona com grande frequência.

O www.finestresullarte.info comemorou: “Mothia, Lilybaeum e Drepanum, portos de referência em diferentes épocas nas rotas do Mediterrâneo, continuam assim a fazer-nos descobrir elementos do tráfego marítimo do qual a Sicília foi encruzilhada, dando-nos cada vez achados que surpreendem pelo seu nível de preservação.”

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Operação realizada graças ao financiamento europeu de 500 mil euros

A descoberta do naufrágio, de acordo com o site www.finestresullarte.info,  que tem grande valor arqueológico, imediatamente desencadeou trabalhos de estudo e avaliação da viabilidade de trazê-lo de volta à terra firme. Isso foi possível graças a uma operação financiada com 500 mil euros de fundos europeus, concluída em julho de 2023. O navio foi trazido por mar até o porto de Marsala, localizado na área arqueológica de Lilybaeum, antiga Marsala.

mergulhadores no Navio de transporte romano
Imagem, Salvo Emma.

O site www.ancientpages.com explicou o que havia nos porões da embarcação: A carga consistia em ânforas africanas fechadas com rolhas. Esses recipientes continham frutas secas, como pinhões, avelãs, amêndoas, pêssegos e figos secos, além de azeitonas e muito provavelmente vinho e garum (um molho de peixe).

Considerando a semelhança e a localização com o “Marausa 1”, acredita-se que o navio atual seja seu gêmeo, razão pela qual recebeu o nome de “Marausa 2” pelos cientistas.

Navio cargueiro utilizado para o transporte de mercadorias do século IV d.C.

As autoridades explicaram que, com base nas investigações, o “Marausa 2” pode ser um navio cargueiro utilizado para o transporte de mercadorias do século IV d.C. Isso o torna de grande interesse científico, especialmente devido às técnicas de construção naval deste período histórico específico.

De acordo com Finestre Sull, o estado de preservação do Marausa 2 é excelente, mesmo depois de 1.700 anos, o que é considerado “surpreendente”. No entanto, as operações de recuperação, coordenadas pela Superintendência do Mar da Região da Sicília, exigiram tecnologia de ponta.

Depois de uma fase inicial de escavação e documentação fotográfica, os trabalhos avançaram com a fixação dos destroços, protegidos por redes e tecido. Em seguida, foi construída uma estrutura metálica ao redor do casco, permitindo que a embarcação fosse trazida à tona de forma unificada.

Portanto, os historiadores estão confiantes de que essas descobertas irão proporcionar uma maior compreensão das informações relacionadas ao comércio entre Roma e as províncias do Norte de África.

A carga está intata

A elevação de todo o navio foi possível devido à boa preservação das madeiras. A carga de ânforas e outros artefatos ainda está armazenada em seu interior.

Conforme explicado pelo site www.finestresullarte.info, o navio foi então transportado por via terrestre até o Museu Arqueológico Baglio Anselmi, em Marsala, onde será submerso em um tanque de água doce para iniciar o processo de dessalinização. Esse processo é preparatório para os trabalhos subsequentes de restauração e conservação, e graças às novas técnicas, não foi necessário desmontar a embarcação.

trabalhos no Navio de transporte romano.
Imagem, Salvo Emma.

“A equipe de arqueólogos e técnicos subaquáticos, coordenada pela Superintendência do Mar da Região da Sicília”, afirma o vereador do Patrimônio Cultural e Identidade Siciliana, Francesco Paolo Scarpinato, “projetou e dirigiu toda a operação de recuperação, que representa um evento de extraordinária importância. Pela primeira vez na Sicília, está sendo realizada uma operação complexa e delicada que permitiu o transporte marítimo sem afetar a estrutura original da embarcação.”

Para saber mais, assista ao vídeo

ARCHEOLOGIA / Recuperata al largo di Trapani una nave romana del III secolo con il suo carico

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