Despoluição do mar em Florianópolis, será que funciona?

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Despoluição do mar em Florianópolis, será que funciona?

Quem acompanha a qualidade de vida nas cidades brasileiras sabe que um dos maiores problemas é a falta de saneamento básico. Segundo a ONG TrataBrasil, “mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto. Só 50,3%  da população tem acesso à coleta de esgoto e mesmo assim, apenas  42,6% do esgoto coletado recebe tratamento. O custo para universalizar o acesso aos quatro serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033.” Por isso é importante acompanhar as obras de despoluição do mar em Florianópolis.

Por ano são 340 mil internações provocadas por falta de saneamento básico

Milhares de crianças morrem todos os anos no País, por falhas inaceitáveis como esta. Estimativas do Instituto Trata Brasil apontam que 340 mil internações anuais são causadas por infecções decorrentes da falta de saneamento básico. Entre as dez cidades brasileiras onde há menor cobertura, a média de internações é quatro vezes maior do que entre as dez cidades mais bem atendidas. Milhares de mortes ocorrem como consequência dessas enfermidades.” Santos, em São Paulo, que melhorou os índices de saneamento, conseguiu a diminuição da mortalidade infantil. E qual o projeto de Floripa?

A despoluição do mar em Florianópolis foi inspirada em ações da Califórnia

O trecho escolhido foi a Avenida Beira-mar Norte, no trecho em frente à orla da avenida. A prefeitura promete limpar 3,5 km da baía até o próximo verão. Desejo, mais uma promessa, ou possibilidade real? Tomara que seja pra valer. O verão 2019 mostrou que o litoral do Brasil está em frangalhos.

imagem da Avenida Beira- mar Norte
Despoluição do mar em Florianópolis. Avenida Beira- mar Norte, Floripa. Imagem Floripa Hub.

Segundo o G1, “Um dos modelos no qual a Casan, Companhia Catarinense de Águas e Saneamento, se baseou é o sistema de reciclagem do escoamento urbano na Califórnia, Estados Unidos. Para diminuir a poluição na Baía de Santa Mônica, desde 2001 a água da chuva misturada com esgoto é tratada, eliminando 95% dos poluentes.” Alexandre Trevisan, engenheiro químico da Casan, disse ao G1, “a água pluvial vai ser gerenciada de forma que não chegue mais na beira da praia, que ela consiga ser bombeada, tratada e lançada num ponto adequado.”

O custo e prazos do projeto

O site horadesantacatarina.com.br, informa que “conforme o contrato prevê, o prazo de execução das obras é de oito meses. Depois disso, segundo o prefeito Gean Loureiro (MDB), será preciso esperar de quatro a seis meses até que a orla esteja despoluída e balneável. Orçado em R$ 24,5 milhões, o projeto deverá custar 30% a menos, já que o consórcio vencedor da licitação (Fast-CFO) apresentou proposta de R$ 17 milhões. O presidente da Casan, Valter Gallina, afirmou que, ao contrário do que muitos pensam, não será preciso despoluir toda a Baía Norte para que o trecho em frente à Beira-Mar Norte seja balneável. Acredito piamente no que os técnicos projetaram. Não é necessário tratar toda a área continental. A bactéria, o coliforme fecal, não tem nadadeira nem jet ski, e anda no máximo a 200 metros (do ponto de despejo). Hoje, a Baía Norte já é própria para banho a 200 metros da orla.”

Obras do projeto

Quem informa é o….”Para levar adiante a ideia de despoluir a orla da Beira-Mar Norte, será instalada junto à Estação Elevatória da Casan (área conhecida como Bolsão) uma Unidade Complementar de Recuperação Ambiental (URA), que vai tratar a água contaminada da rede de drenagem antes de lançá-la ao mar.

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mapa de Florianópolis mostrando av beira- mar norte
Os locais onde ficarão as estações de tratamento de água misturada ao esgoto.

De acordo com a Casan, a URA terá capacidade de tratar quase 13 milhões de litros por dia. Para isso, cada uma das saídas da rede de drenagem (aquelas tubulações de cimento) receberá um sistema próprio de captação e bombeamento. Assim, serão de 15 a 20 pequenas estações elevatórias conduzindo a mistura de chuva com esgoto até a URA.”

Será possível?

Sei não…Já ouvimos falar de projetos mirabolantes que limparam algumas baías mundo afora. Um deles, que despoluiu a baía de Tokio, foi o modelo escolhido para a despoluição da baía de Guanabara. O projeto, como se sabe, não deu em nada. Nosso maior cartão postal segue moribundo, saiba porquê. Além do mais, porque só a orla da principal avenida de Florianópolis? Também dá pra desconfiar de  um modelo que prevê ‘limpar a orla’, em tão curto espaço de tempo, um ano. De qualquer maneira, a iniciativa merece ser replicada. Quem sabe influencia outras cidades costeiras. Enquanto isso o Mar Sem Fim vai acompanhar as obras. Voltaremos ao tema em breve.

Fontes para Despoluição do mar em Florianópolis: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/especial-publicitario/prefeitura-municipal-de-florianopolis/florianopolis-uma-cidade-para-todos/noticia/2019/04/12/entenda-o-processo-de-despoluicao-do-mar-em-florianopolis-que-foi-inspirado-em-sistema-da-california.ghtml; https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/experiencias-em-despoluicao-de-mares-em-outros-paises-sao-modelo-para-casan-para-a-beira-mar-norte.ghtml; https://www.nsctotal.com.br/noticias/entra-em-funcionamento-estacao-de-tratamento-que-dara-balneabilidade-a-beira-mar-norte-em; http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2018/03/comecam-as-obras-de-despoluicao-da-beira-mar-norte-no-verao-estara-balneavel-10190649.html.

Imagem de abertura: Av. Beira-mar norte,https://www.dacturismo.com.br.

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Comentários

5 COMENTÁRIOS

  1. Escrevo em 2023 e a baía continua poluída, mesmo aqueles trechos que foram o objetivo do governante. Galina agora é Secretário de Obras e nunca mais tocou no assunto. Milhões foram gastos (de impostos) e nenhum benefício aferido. O ESTADO não resolve nenhum problema, apenas toma dinheiro a força e dá a desculpas de tentar resolver problemas. Nunca resolve e mais dinheiro é arrecadado!

  2. Esses governantes aí não tem nenhuma confiabilidade da população tds tem o mesmo objetivo que é enganar esses barriguinhas que sempre votam em políticos ruins e sem nenhum compromisso com o eleitor, eles não conseguiram e não conseguem elaborar algo que atendam às necessidades básicas da população local ato mais aos turistas, enganação total aos turistas; a baía Norte tem bosta acumulada de no mínimo 50 anos; não é com esse projetos de levar mais grana da população para esquema político e grana para alguns poucos como sempre, engana tochas barriguinhas queridos, acorda ministério público,,,,,,,

  3. primeiro tem que despoluir os políticos para ai sim tratar do problema seriamente. basta olhar para exemplos no mundo. agora mesmo foi completada uma obra no campeche que teoricamente coleta águas pluviais de ruas próximas a rua dos eucaliptos, agora sabemos que serve para drenar um condomínio, e do jeito que foi feita traz varias agressões, invade a praia mais um pouco gerando problemas em tempo de mares altas, coleta lixo e outros residuos jogados nas ruas e fossas, etc. jogando no mar. mas o alvara do loteamento saiu

  4. O modelo californiano seguramente, não é o “modelo separador absoluto”, empregado (até certo ponto), com sucesso, na Cidade de Santos, por adoção do Engenheiro Sanitarista Francisco Rodrigues Saturnino de Brito. Digo “até certo ponto”, porque as administrações municipais posteriores não levaram à risca o emprego do sofisticado sistema. Ao perceber o nível de precipitação devido à presença da Serra do Mar, no Litoral Sudeste, Saturnino de Brito viu-se obrigado a criar dois sistemas separados: um exclusivo para águas pluviais, e outro especifico para a coleta e condução do esgoto sanitário, até a Estação de Tratamento do Orquidário. Indo mais além, Saturnino idealizou um sistema de drenagem superficial (e subterrânea) criando uma Rede de Canais, até porque a Cidade de Santos – como a maioria das cidades litorâneas brasileiras – está assentada sobre planície encharcada (quente e úmida…) , frequentemente invadida pelas preamares. No resto do mundo civilizado, até o despertar do Século XX, a maioria da cidades coletava seus esgotos domiciliares nas próprias redes pluviais, dada à baixa precipitação pluviométrica daqueles locais. Diferentemente, na Costa Sudeste ocorrem precipitações que chegam a se rivalizar com o Roraima, que por sua vez rivaliza-se com as florestas tropicais da Indonésia, não sendo sem razão que receba o nome de Mata Pluvial, ou Atlantic Rain Forest. Assim, enquanto nossas cidades litorâneas não adotarem o sistema saturniniano, jamais resolverão seus problemas de saneamento e de balneabilidade.

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