Crise do plástico e tratado global para combater poluição
A imprensa internacional comemora, enquanto a do Brasil ignora. Uma lástima o que acontece com a imprensa, em especial a brasileira, que não consegue mais acompanhar o que se passa fora de Brasília em razão da concorrência das mídias sociais. A manchete da BBC traduz o sentimento: Poluição plástica: luz verde para tratado ‘histórico’. Nosso tema é a crise do plástico e tratado global para combater poluição.
UNEA – 5.2, em Nairobi, Quênia
Entre 28 de fevereiro e 2 de março aconteceu a esperada reunião da ONU no Quênia, UNEA – 5.2, quando líderes de 193 países discutiram a criação de uma comissão para o próximo acordo global para lidar com a poluição do material. É impossível lidar com o plástico de maneira apenas local. A pandemia de plásticos nos oceanos e em terra firme é uma questão global, assim como o aquecimento do planeta, ou a pandemia da Covid-19.
Oitenta do plástico produzido desde 1950, em torno de 8.3 bilhões de toneladas métricas, está em aterros, nos oceanos, ou espalhado no meio ambiente terrestre.
Apesar da produção ter caído em 2019 devido à Covid, mesmo com queda, a produção foi de 367 milhões de toneladas de acordo com a PlasticsEurope. Se nada for feito a produção do material deve triplicar até 2050, preveem analistas.
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O tratado global para combater poluição por plásticos
Segundo a BBC, ‘Quase 200 países concordaram em iniciar negociações sobre um acordo internacional para agir sobre a crise do plástico. Os membros da ONU têm a tarefa de desenvolver uma estrutura abrangente para reduzir o desperdício em todo o mundo’.
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‘Os defensores descrevem a medida como uma das ações ambientais mais ambiciosas do mundo desde o Protocolo de Montreal de 1989, que eliminou gradualmente as substâncias que destroem a camada de ozônio. Eles dizem que, assim como as mudanças climáticas têm o Acordo de Paris, o plástico deve ter seu próprio tratado vinculante, que coloca o mundo no caminho certo para reduzir o lixo plástico’.
Já o New York Times, em matéria publicada em 2 de março, explica mais detalhes sobre o tratado: ‘O acordo compromete as nações a trabalhar em um tratado amplo e juridicamente vinculativo que não apenas visaria melhorar a reciclagem e limpar os resíduos plásticos do mundo, mas abrangeria restrições à própria produção. Isso poderia incluir medidas como a proibição de plásticos descartáveis, um dos principais geradores de resíduos, sobre a mesa’.
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Segundo o Times, ‘O acordo se baseou fortemente em uma proposta conjunta apresentada por Peru e Ruanda, refletindo como, nos últimos anos, os países em desenvolvimento estiveram na vanguarda dos esforços para combater a poluição por plásticos. Ruanda, por exemplo, há mais de uma década adotou proibições estritas à importação, produção, uso ou venda de sacolas e embalagens plásticas’.
Pois é, Ruanda está na vanguarda do combate ao plástico, como explicamos no post África lidera banimento de plástico no mundo.
A chave para fechar a torneira de plástico
Paula Chin, consultora do WWF para materiais sustentáveis disse à rede inglesa: ‘Abordar o ciclo de vida completo dos produtos plásticos – produção e uso, bem como descarte – é a chave para fechar a torneira. O próximo passo é garantir que todos os signatários estejam prontos para cumprir a promessa deste acordo inovador’.
‘O flagelo global da poluição plástica’
Assim se referiu ao material o site da ONU. O site destacou as palavras de Espen Barth Eide, Presidente da Assembleia e Ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega: “Contra o cenário de turbulência geopolítica, a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-5) mostra o melhor da cooperação multilateral. A poluição plástica se tornou uma epidemia. Com a resolução de hoje, estamos oficialmente no caminho da cura.”
Comitê Intergovernamental de Negociação (INC)
Segundo o site da ONU, a resolução, baseada em três projetos iniciais de várias nações, estabelece um Comitê Intergovernamental de Negociação (INC) que começará seus trabalhos este ano, com o objetivo de concluir um projeto de acordo juridicamente vinculativo até o final de 2024.
Espera-se que, por sua vez, apresente um instrumento juridicamente vinculativo, que reflita diversas alternativas para abordar o ciclo de vida completo dos plásticos, o design de produtos e materiais reutilizáveis e recicláveis e a necessidade de maior colaboração internacional para facilitar o acesso à tecnologia, permitir que o plano revolucionário seja realizado.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) disse que vai convocar um fórum até o final de 2022, em conjunto com a primeira sessão do INC, para compartilhar conhecimento e melhores práticas em diferentes partes do mundo.
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Alguns impactos da poluição plástica de acordo com a ONU
Os impactos da produção e poluição de plástico na tríplice crise planetária de mudança climática, perda acelerada da biodiversidade e poluição, são uma catástrofe em formação com a exposição a plásticos prejudicando a saúde humana e potencialmente afetando a fertilidade, hormonal, metabólica e atividade neurológica, enquanto a queima a céu aberto contribui para a poluição do ar.
Até 2050, as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção, uso e descarte de plásticos seriam responsáveis por 15% das emissões permitidas, com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 ° C em linha com o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Mais de 800 espécies marinhas e costeiras são afetadas por essa poluição por ingestão, emaranhamento e outros perigos, enquanto cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos fluem todos os anos para o oceano. Isso pode triplicar até 2040.
Ficamos por aqui, na torcida pelo sucesso do tratado.
Imagem de abertura: PNUMA.
Fontes: https://news.un.org/en/story/2022/03/1113142; https://www.bbc.com/news/science-environment-60590515; https://www.nytimes.com/2022/03/02/climate/global-plastics-recycling-treaty.html.