Carcinicultura no Nordeste, escândalo ambiental fora da mídia

36
37181
views

Carcinicultura no Nordeste, escândalo ambiental Fora da mídia

A história que vamos contar tem tudo a ver com suas escolhas como consumidor, e lembra um filme de horror. Contempla a extirpação de grandes espaços de mangue, área protegida (APP – Área de Preservação Permanente); e envolve crimes de morte, ameaças e intimidações, como testemunhei sobre a carcinicultura no Nordeste.

Manguezais são o segundo mais importante criatório marinho depois dos corais. Os produtores de camarão no Nordeste continuam ocupando mangues, áreas públicas protegidas, e ignoram os muitos e importantes serviços ecossistêmicos que eles nos oferecem. A carcinicultura no Nordeste representa um escândalo ambiental que a mídia quase não aborda.

Quando fiz a primeira viagem pela costa brasileira, saindo do Oiapoque e chegando no Chuí dois anos depois, fiquei impressionado com vários aspectos, bons, e ruins; o pior era o descaso com o tema que hoje debatemos. Ao entrar  no Piauí, e até o Sul da Bahia, o que mais vi foram estuários degradados pela carcinicultura. O único Estado a contestar a atividade era a Paraíba.

Em todos os outros, quando perguntava sobre carcinicultura os funcionários públicos desviavam do tema, rodeavam, e não explicavam. Como seria possível explicar a destruição impunemente a um dos mais importantes berçários de vida marinha protegido pela legislação ambiental?

O escândalo da Operação Marambaia no Ceará

Em 2008, a Polícia Federal iniciou no Ceará a Operação Marambaia, investigando licenças ambientais fraudulentas em áreas de preservação, estudos de impacto ambiental manipulados, tráfico de influência, peculato, prevaricação, suborno e outros crimes que favoreciam a especulação imobiliária no litoral de Fortaleza.

Geólogo condenado a 32 anos por laudos fraudulentos

O juiz Danilo Fontenele, da 11ª Vara Federal, condenou o geólogo Tadeu Dote Sá, de 62 anos, proprietário da Geoconsult, a uma pena de até 32 anos e meio. Ele recebeu a sentença por elaborar laudos fraudulentos que viabilizaram quatro empreendimentos construídos em praias do Estado.

Professor da UFC condenado à pena acima de 30 anos

Jornal O Povo: ‘Outro sentenciado que teve uma pena acima de 30 anos foi o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luís Parente Maia. Ele, que já coordenou o Laboratório de Ciências do Mar (Labomar), pegou 32 anos em regime fechado e terá de reembolsar R$ 2 milhões por dano ambiental’.

Parente Maia utilizava pessoal e material da UFC para fazer seus pareceres de impacto ambiental, e ‘recebia honorários que eram pagos pelos empreendedores’.

‘Entre os condenados da Operação Marambaia está Raimundo Bonfim Braga (Kamundo), ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que pegou seis anos em regime aberto. Também Hebert de Vasconcelos Rocha, ex-superintendente estadual do Meio Ambiente (Semace) durante a primeira na gestão do governador Cid Gomes, que pegou sete anos’.

Pareceres pagos à pesquisadores

Atenção: a carcinicultura conseguiu diversos ‘pareceres’ semelhantes aos mencionados, alguns assinados pelo mesmo Luís Parente Maia (coordenador do Labomar, da UFC) negando impacto ambiental mesmo para ações que extirpavam manguezais.

Como a Justiça no Brasil, é a Justiça do Brasil, em 2019 o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF 5), absolveu nove réus da Operação Marambaia, já condenados pela Justiça Federal. O décimo envolvido foi absolvido pelo processo ter prescrito. O décimo primeiro teve a pena reduzida, e outro réu morreu antes do julgamento.

Escândalo na carcinicultura da Bahia

Como disse, parte das fazendas é de políticos, outras, nas mãos de gente do crime; caso de uma das maiores da Bahia (à época da viagem, 2005 -2007), a Lusomar, no município de Jandaíra.

Investiguei os antecedentes da empresa. Tudo indicava que o então governador da Bahia, Paulo Souto, financiou as obras com dinheiros públicos do FNE (Fundo Constitucional do Nordeste).

O FNE estabelece em suas diretrizes a “preferência aos mini e pequenos empreendedores” e projetos que “protejam o meio ambiente”. Apesar disso, Paulo Souto aprovou o empréstimo em troca de uma contribuição da Lusomar para a campanha de um prefeito alinhado à sua corrente política no município de Jandaíra, onde fica a fazenda. O antigo prefeito era aliado de ACM, adversário e rival político de Souto.

A Lusomar cumpriu sua parte, elegeu Herbert Maia, do PDT, como prefeito de Jandaíra. Fui atrás. Ele tem dois CPFs, e farta ficha policial. Cinco processos na Justiça de Alagoas, 41 no TJ de Sergipe, e 11 processos do Tribunal de Contas da União.

Herbert Maia envolveu-se em diversos crimes, incluindo emissão de notas fiscais frias, roubo e desmanche de veículos, além de crimes de pistolagem. Em 1988, as autoridades o prenderam em Sergipe, acusado de liderar uma quadrilha que vendia notas fiscais falsas para várias prefeituras.

Pesquisas indicam que ele também esteve envolvido em homicídios, como o do promotor de Cedro de São João, Waldir de Freitas Dantas, assassinado em 19 de março de 1998.

Além disso, seu comparsa, Cristinaldo Santana, conhecido como “Veneno”, o denunciou por receptação e desmanche de carros roubados. Esses casos ganharam destaque após sua vitória nas eleições, onde obteve 1.797 votos contra 1.721 do segundo colocado.

Este é mais um dos exemplos de como funciona parte da carcinicultura no Nordeste.

Sustentável ou insustentável?

Os camarões criados em fazendas recebem alimentação à base de farinha de peixe, cuja produção exige sete quilos de pescado para cada quilo de farinha. Esses peixes, embora fora do foco da pesca profissional, têm importância crucial na cadeia de vida marinha. O paradoxo é evidente: para produzir um quilo de crustáceos, sacrificam-se sete quilos de peixes, tornando a atividade completamente insustentável.

E os problemas não param aí. A carcinicultura gera poucos empregos, em sua maioria sazonais e sem carteira assinada, enquanto deixa um rastro de destruição ambiental. Durante a despesca, a água poluída dos tanques retorna para a gamboa, contaminando o restante do manguezal e ampliando o impacto negativo da atividade.

Escracho ambiental ausente da mídia

Apesar de parte das fazendas serem de políticos, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, e até um ex-presidente da República, a mídia tupiniquim raramente abre um parágrafo para comentar a carcinicultura. Assim, como o público fica sabendo? A despeito disso, a mídia internacional botou a boca no trombone.

Desde 2005 o Mar Sem Fim denuncia a criação de camarões praticamente sozinho (entre a mídia) no Brasil.

Você come camarão? Se sim, use seu poder de consumidor

Saiba que até o início dos anos 2000, a maior parte da produção era exportada para o exterior. Os clientes de fora, ao descobrirem o impacto ambiental, boicotaram o produto. A partir de então a quase totalidade da produção passou a ser vendida no mercado interno.

Aqui entra o poder do consumidor. Ao comprar camarão, verifique a origem do produto. Se for do Nordeste, exerça seu poder. Dê preferência ao do Sudeste (onde quase não há carcinicultura).

Conheça Jeovah Meireles

Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e dos Programas de Pós-Graduação em Geografia e em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA). Doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona (2001).

Imagem de Jeovah Meireles
Imagem, http://www.escolhas.org/.

Desenvolve pesquisas em Geociências, com ênfase em Geografia Física e Geomorfologia.

Imagem de abertura: https://theecologist.org/

Ouça o podcast Fernando Henrique Cardoso e a Amazônia, e mais…

Comentários

36 COMENTÁRIOS

  1. Olá, parabens pela excelente coluna e otimo material de sempre.
    Venho descobrindo muitas coisas aqui nessa coluna e mudado o meu comportamento e de minha familia.
    Eu gostaria de pedir uma matéria que desse orientação sobre qual seria o modo mais correto, saudavel, sustentavem e viável de maneira pratica para nos alimentar de produtos vindo do mar.
    Já estou entendendo e mudando habitos, porém acho importante mostrar tb opções, se é que existem.
    Obrigado

  2. Onde não botam tudo abaixo com queimadas, são coisas como esta. O que também chama a atenção, é sempre o mesmo tipo de gente, um misto de bandido/mafioso/aproveitador/corrupto/miliciano…, todo o tipo de lixo humano e que, via de regra, ou são protegidos e beneficiados pelos esquemas políticos, ou por ministros de passagem que se encarregam de dar uma mãozinha. Triste Brasil.

  3. João,

    Parabéns pelo seu trabalho. Se tivéssemos pessoas como você em todas as esferas da administração Pública e do judiciário ( e legislativo), certamente teríamos um país extremamente melhor.

    Abraços,
    Mauricio.

  4. O fato agravante é que a atividade não gera riqueza, mas ricos, e alguns poucos. É caricata e emblemática essa ação, pelo descomprimisso completo com o desenvolvimento científico, tecnológico e ambiental. Quando Kofi Anan expôs o conceito de sustentabilidade pelos idos da Rio-92, as sociedades alcançaram um novo horizonte de perspectivas, quais a de usarmos bossa ciencia e nossa tecnologia, nossa inteligência e astúcia humanas, para a cruação de projetos de desenvolvimento econômico e social plenamente integrados com a capacidade de manutençãoda capacidade de recuperação do meio ambiente. Tydoo que, desde então, caminha fora deste parâmetro, reflete crime de responsabilidade contra a humanidade. O planeta sobrevive muito bem sem nós, mas bós não sobrevivemos sem os alicerces de um meio ambiente em equilíbrio.

  5. Tenho lido e apreciado muitas matérias publicadas neste espaço e nem tinha reparado em quem as assinava. Neste caso concordo em parte com o alerta sobre destruição de mangues, mas não gostei que tenha misturado a questão da preservação com sua tendência política. Mas voltando ao assunto. Em vez de se criar peixes e camarões em viveiros como já se faz com o gado e os frangos por exemplo, o sr prefere que se continue pescando nos mares e nos rios? Acho que além de se criticar, deve-se apresentar sugestões e alternativas. Pode apresentá-las?

    • Sim, perfeitamente, João Carlos, publiquei neste site entre tantos os seguintes posts comentando que as fazendas de peixes ainda devem muitas explicações,
      Fazendas de Salmão no Canadá são contestadas; Frutos do mar, 50% da produção já vem de fazendas; Peixes de laboratórios, startups avançam nesta área; Fazendas de Salmão no Canadá são contestadas; Salmão de cativeiro, pragas e problemas; Criação de peixes em cativeiro: algumas notícias; Aquicultura e pecuária e os estoques de peixes; e outras.
      Não é porque conseguiram dominar a agricultura que conseguiram o mesmo na maricultura, estude e verá.
      Minha tendência política é ‘menos desinformação’,’mais ciência e tecnologia’, além de ‘visitas in loco’, por mais de três vezes por toda a costa brasileira, literalmente do Oiapoque ao Chuí.
      Minha diferença principal para o seu comportamento, é que me recuso a qualificar aquilo que desconheço. Só isso.

  6. João Lara Mesquita, você conseguiu um feito: levei quase duas horas para ler e entender esta sua briga. A verdade é que somos urbanos demais para tomar conhecimento de uma situação destas. Lembro vagamente, quando íamos durante as férias escolares ao Guarujá (época das balsas / Clube da Orla / Praia do Iporanga) já se falava do assunto. O fato é que este desconhecimento deve-se porque existe um mercado para tal – nós urbanos. Concordo que os manguezais devam ser preservados. Qual a solução? a mesma adotada por alguns países citados aí em cima. Boa sorte na sua briga com os Coronéis do Nordeste.

    • Pra quem gosta do litoral, não concordo que ‘somos urbanos demais’. Mas obrigado pela mensagem. E felizmente o Nordeste não tem só coronéis. Tem muita gente boa também. É estes que quero despertar, junto com outros brasileiros que gostam do mar. Cidadania se exerce assim, o resto é papo furado, comodismo.
      Abraços

  7. Pedro: não tenho dúvidas que a aquacultura PODE ser o futuro. PODE. Porque os problemas ainda não foram sanados, tanto na criação de camarões, como na de peixes. Eu estudo o assunto há mais de 15 anos. Em tempo integral. Entrevistei mais de 50 especialistas da academia no Brasil. Li dezenas de livros, daqui e do exterior, e continuo correndo atrás do atraso. O que sei é que nenhuma destas fazendas conseguiu superar os problemas. E já fiz dezenas de posts a respeito, entre eles Criação de peixes em cativeiro: algumas notícias; Aquicultura e pecuária e os estoques de peixes;Peixes de cativeiro devem ganhar cada vez mais as mesas;Frutos do mar, 50% da produção já vem de fazendas;Fazendas de Salmão no Canadá são contestadas;
    Salmão de cativeiro, pragas e problemas;Frutos do mar do Oriente são repletos de fezes, entre tantos outros que estão neste site à sua disposição. Não sou um neófito. E gravei nada menos que 70 horas de documentários na costa brasileira, inclusive Costa Brasileira – Programa 26 – A carcinicultura (https://marsemfim.com.br/costa-brasileira-programa-26-a-carcinicultura-criacao-de-camaroes-em-cativeiro-no-ceara/).
    Mas, pera lá, a criminalidade e as intimidações que ocorrem a quem ousa contestar o que ocorre no Nordeste,já tirou a vida de muitas pessoas. Isso é demais! Não dá pra aceitar aliado à toda poluição e provada insustentabilidade. Que vão trabalhar com gente séria para equilibrar esta conta que hoje não fecha. Se conseguirem tiro o chapéu, aplaudo e faço post pra que o exemplo pegue. Mas o que vi no Nordeste, e repito, vi muito mas não tudo, foi numa palavra: nojento. É isso, abraços

  8. Eu só lembrei de uma frase “Uma mentira dita várias vezes, acaba virando verdade”…Incrível como essa sua página e o discurso do professor é o mesmo desde 1996…Um verdadeiro festival de inverdades, exposto por esse aparato ambientalista-indigenista”, logo após o Governo Federal liberar crédito para o setor de Carcinicultura, será mera coincidência? É lógico que não! Desde a década passada uma colisão de ONGs encabeçada pela Red Manglar Internacional(da qual o nobre professor faz parte), Enviromental Justice Foundation (EFJ), Earth Island Institute e o indefectível Greenpeace…Ou seja, em nome da alegada preservação ambiental e dos modos de vida “ancestrais” das populações em condições de extrema pobreza, nega-se a elas o direito de através da Aquicultura, se inserirem no mercado de trabalho formal, como funcionários das empresas ou como empreendedores através de cooperativas e associações de produtores. Não é possível que em sã consciência, o professor defenda que os pescadores e seus filhos continuem praticando as atividades de subsistência catando conchas, mariscos e caranguejos ou pescando de linha e anzol, sem as mínimas condições laborais, sem falar na no uso da mão de obra infantil, como se essas populações desejassem ficar esquecidas e sobrevivendo em condições degradantes. Nenhum empreendedor lúcido investiria seus recursos em uma atividade produtiva baseada na transformação dos recursos naturais, pois não se sustentaria a longo prazo. Em relação a espécie de camarão cultivada, o L. vannamei foi introduzido no Brasil desde a década de 80, bem como as demais proteínas consumidas por nós Brasileiros: o cavalo, o boi, o porco, a galinha, a mangueira, a bananeira, o coqueiro, o cafeeiro, a cana de açúcar e numerosas outras espécies que hoje nos são tão familiares…vale ressaltar também, que todo esse aparato de ONGs conta com uma grande rede de apoiadores financeiros e políticos o que demostra os verdadeiros interesses envolvidos nas ações protagonizadas por esses grupos. No Ceará, o braço da Red Manglar é o Instituto Terramar, associado à Fundação Brasil Cidadão(Icapuí,CE), recebe recursos da Inter-American Foundation (IAF), Fundação Avisa e Fundação BankBoston. Diante disso, acredito que esse pessoal quer convencer aos consumidores de frutos do mar que se contentem com “algas marinhas”…É a velha retórica que não “cola” mais, a verdadeira intenção é debilitar qualquer iniciativa de países em desenvolvimento como o Brasil na luta por sua independência econômica, é assim com a Amazônia Brasileira, com a Soja, com as carnes bovina, suína e de frango, ou seja, sempre que o país assume o protagonismo na produção mundial, vem essa mesma turma desde de 1996 com esse irracionalismo baseado em achismos “politicamente correto”das campanhas ambientalistas com fatos concretos. Atc., Sergio Almeida, Engenheiro de Pesca, D.Sc.

    • Sérgio: não sou o professor Jeovah para responder as questões que vc impõe à ele. Respondo por quem conhece um mínimo da desastrada carcinicultura no mundo.
      Faça uma pesquisa no google e vc verá artigos como este: Impacts of shrimp farming on the coastal environment of Bangladesh and approach for management (https://link.springer.com/article/10.1007/s11157-013-9311-5), que diz, entre outros, ” A carcinicultura tem sido associada a uma série de impactos ambientais e sociais negativos que dificultam o desenvolvimento sustentável deste setor.
      Ou Shrimp Farming, a Cocktail of Controversy (https://blueocean.net/shrimp-farming-a-cocktail-of-controversy/), onde o autor diz que “apresentamos diferentes perspectivas, tanto de problemas quanto de soluções, para a sustentabilidade do camarão cultivado.”
      Ou ainda o estudo SOME ECOLOGICAL AND SOCIAL IMPLICATIONS OF COMMERCIAL SHRIMP FARMING IN ASIA
      de autoria da UNITED NATIONS RESEARCH INSTITUTE FOR SOCIAL DEVELOPMENT.
      Todos mostram o desastre que acontece na Ásia. Foi depois disso, que as criações migraram para a (desafortunada) América Latina e, de lá, para o Nordeste brasileiro.
      Finalizo perguntando: por que a carcinicultura não é feita para o interior, em vez da beira-mar? Se fosse no interior, sem mangues para destruir e poluir, nada contra.
      É isso.
      Ah, antes que me esqueça, leia com atenção o post, e os comentários e veja a quantidade de crimes, não só ambientais, que acompanha a modalidade.
      Outro estudo interessante, este em português é “A carcinicultura no Brasil e na América Latina: o agronegócio do camarão”, onde os autores dizem que
      :A atividade de criação de camarões marinhos é, na atualidade, a atividade que
      mais cresce no ramo da aqüicultura no mundo, tendo originado há pelo menos cinco
      séculos.”
      “De lá para cá, esta indústria percorreu uma trilha de insustentabilidade. Esta
      deixa para trás enormes passivos ambientais, dívidas sociais e ecológicas e que,
      decididamente, não se incorporam aos balanços contábeis das empresas envolvidas na
      lucrativatividade sempre crescente que a atividade proporciona.”
      (http://www.rebrip.org.br/system/uploads/ck/files/migracao/carcinicultura.pdf).

      Em seguida à Ásia, a carcinicultura se deslocou para o Equador.
      Saiba mais em: La destrucción del ecosistema manglar no da tregua en Ecuador (http://www.biodiversidadla.org/Noticias/La_destruccion_del_ecosistema_manglar_no_da_tregua_en_Ecuador).

      Ou, En cuarenta años se han perdido 56.396 hectáreas de manglar en Ecuador (https://www.eluniverso.com/noticias/2019/10/29/nota/7581035/manglares-tipos-ecuador-donde-se-encuentran).
      Ou ainda, El sacrificio de los manglares (https://www.eldiario.ec/noticias-manabi-ecuador/2887-el-sacrificio-de-los-manglares/).
      E tenha um excelente dia.

  9. Escrevo às 15hs 20 do dia 25 de agosto. Acaba de chegar mais um correio na caixa do menu, de um internauta que não quis se identificar (o que entendemos e respeitamos). Vejamos o que diz:
    Mensagem:
    “Acho que nessa matéria sobre a Carcinicultura no Nordeste, ficou
    faltando informações sobre os impactos da criação de camarão no
    vale do rio Piranhas Assus, entre os municípios de Pendencia, Porto
    do Mangue e Macau.”

    “Além da supressão da vegetação (manguezal e áreas de apicuns
    também é cerceamento do rio. existem ação judicial movida na
    justiça federal que se arrasta a mais de 05 anos.”

    “Isso sem fala dos incidentes com morte de pescadores,. que foram
    assassinados por vigilantes das empresas de criação de camarão.”

    • Então ouça. Como é possível se manifestar sem ouvi-la na íntegra?
      Quanto a falar comigo, é só mandar um correio para ‘contato’. Siga esta caminho: clique em ‘Menu’ (alto da página), no final do índice, clique em “contato”, uma caixa de mensagens se abrirá, e elas vêm direto para o editor, sem serem publicadas.
      Mas peço que só faça isso depois de ler o post, e clicar nos links que estão colocados. Talvez eles respondam sua pergunta. abs

  10. Caro Joao Lara, moro na inglaterra, mas sou um contumaz leitor de seus artigos e documentarios desde o fatidico naufragio do Mar Sem Fim. Na minha opniao voce e uma alma sublime por levar tantas aberracoes criminosas ao conhecimento publico, o que faz-me orar pelo mantenimento tanto de sua paz e seguranca pessoal como o de sua familia, pois revelas esquemas e mesmo pessoas (ou animais) que, quando delatados, retaliam normalmente de forma covarde. Voce sim, faria do cargo de Ministro do Meio Ambiente , incontaveis projetos do bem por essa nacao.

  11. Deixando de lado as qualificações duvidosas do colunista que como denuncia corrupção política, como se fosse novidade no nordeste e em todo o Brasil, se perguntaria:
    – Quanto do manguezal local foi utilizado, em percentual?
    – E o que sobrou está condenado pela cultura?
    – O consumo do camarão é condenável? E se a criação paralela de peixe para fazer farinha também é outra cultura?
    Claro que contar a verdade toda não faz parte da bíblia comunista, mas que tal o turista responder? arioba

    • Prezado Ariovaldo, vc prova não ter ouvido a entrevista do especialista da UFC Jeovah Meireles. Ouça, e terá respostas às suas perguntas.
      Pelas barbas do profeta, a gente entrega tudo explicadinho mas as pessoas não escutam a entrevista e do alto de sua ignorância, criticam o que nem sequer sabem que acontece.
      É a pandemia da desinformação por mais que tentemos acabar com ela. Assim não dá.

  12. Reportagem interessante, que revela como os mecanismos de fiscalização governamentais ou da sociedade tem falhado no seu papel. Nos fica a questão de como essa realidade triste poderá ser transformada. O boicote dos consumidores pode ajudar a impedir a expansão da prática, mas não ajudará a recuperar os manguezais. Me parece, porém, que a visibilidade que a reportagem traz ao problema é um primeiro passo.

  13. A cultura da carcinicultura começou errado, mas vai se acertar! Emprega milhares de pessoas no Nordeste. Agora sugerir comprar camarão do sudeste em detrimento do nordeste é de uma grande estupidez.

    • Fernando: nestes tempos bicudos, já estamos acostumados às agressões, em vez de argumentos. Veja em outros comentários. A sugestão para os consumidores é para os consumidores. Quem não quiser segui-la tem este direito. Assim como eu, por denunciar os malefícios, também tenho o direto de fazer a sugestão.”A cultura da carcinicultura começou errado, mas vai se acertar!”
      Pergunta: como ela vai se acertar? Replantando todo o mangue extirpado, ou despoluindo os estuários do Piauí até o sul da Bahia?

  14. Impressionante como a criminalidade impregnou a sociedade brasileira! Sobra pouca coisa. Esse tipo de problema é mais fácil de ser visto, pois localiza-se em áreas de grande visibilidade. Seria interessante mostrar também, o que vem acontecendo com o meio ambiente em municípios pequenos, especialmente no interior do Brasil. O que a especulação imobiliária vem promovendo nesses municípios, com a aquiescência das autoridades não tem tem qualificativos. A grande imprensa poderia se arriscar e discutir mais este tipo assunto ao invés de se ocupar com uma certa família.

    • Prezada Maria Francisca: obrigado pela mensagem. Oxalá seu conselho seja seguido por sites que se ocupam do meio ambiente do interior. Este aqui dá preferência ao meio Ambiente marinho e zona costeira.Abraços

  15. Li boquiaberto a reportagem absolutamente tendenciosa, irracional e estúpida. Nela foi criminalizada uma atividade essencial de produção de alimento sob alegação caolha de que apenas políticos corruptos e meliantes de toda espécie a compõem. São pensamentos e reportagens como esta que dão vida a boçais como o atual presidente que se põe a defende-la. Parabéns por condenar o trabalho e produção em nome de uma uma ecologia que se fosse aplicada como gostariam não haveriam alimentos para a que se totalidade da humanidade.

    • Prezado Sergio Pombo: vc parece seguir a cartilha de Jair Bolsonaro. Quando se depara com uma questão difícil de justificar, parte para a agressão como fez neste domingo prometendo ‘encher de porrada a boca do repórter’ que perguntou como R$ 89 mil foram parar na conta da esposa do presidente: reportagem “irracional e estúpida”.
      Irracional e estúpida porquê? Por extirpar manguezais, ou por poluir a água da gamboa? “Irracional e estúpida” por que as áreas públicas são doadas, ou por que é insustentável (para cada quilo de farinha de peixe é preciso sete quilos de peixes)?
      Agora, a frase “São pensamentos e reportagens como esta que dão vida a boçais como o atual presidente que se põe a defende-la”, eu não consegui compreender. Tente de novo.
      Jamais vi Jair Bolsonaro se pronunciar sobre a carcinicultura. Com sua limitadíssima capacidade intelectual, ele sequer deve saber de que se trata.
      Quando aos parabéns, dispenso.
      Atenciosamente, JLM.

      P.S
      Quem disse que apenas políticos à compõem, foi vc:
      “sob alegação caolha de que apenas políticos corruptos e meliantes de toda espécie a compõem.”
      O que eu disse no texto é diferente: “Apesar de parte das fazendas serem de políticos, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, e até um ex-presidente da República…”
      Repetindo: apesar de PARTE das fazendas serem de políticos. PARTE não significa o TODO. Apenas, PARTE.
      Como disse, este site não é o Face Book onde qq um posta o que quiser sem necessariamente ter embasamento ou argumentos. Aqui, no Mar Sem Fim, não.

  16. Num país onde o governo central exonera funcionários que combatem crimes de toda ordem, desde a ambiental até a policial, onde a tal rachadinha é tratada como um desvio de conduta e não crime de lesa-pátria, o que mais esperar?

    • Rogério: concordo sobre as barbarias que o atual governo comete. Mas as carcinicultura é de outra época. Começou nos anos 90, explodiu nos 2000, e segue firme e forte. Portanto, começou não com ajuda deste governo, mas de outros, do passado recente. abraços

      • Boa tarde João
        Mexeu em uma caixa de marimbondos.
        Admiro sua coragem e leio sempre seus artigos, vá em frente, o Brasil precisa de jornalistas como você que expõe o problema com isenção sem ideologia, dia a quem doer, e lutando por uma causa nobre que interessa a toda pessoa de bem.
        Siga em frente pois sua coragem nos faz bem.

        • Boa tarde Marcos, é sempre assim quando trato do assunto. All ways, como mostra o post Você come camarão? Então é pra você…(https://marsemfim.com.br/voce-come-camarao/). O pessoal, em vez de dialogar e mostrar fatos que contestem os que demonstrei nos programas, e Jeovah nesta entrevista, reagem à lá ‘dar porrada na sua boca’. Fazer o quê? O próprio Jeovah conta na entrevista que ‘sofreu ameaças de morte e teve que andar com proteção’. Pior pra eles. Só reforça que estou no caminho certo. Me deixa feliz e orgulhoso de meu trabalho.
          Abraços

  17. Uma rápida pesquisa no Google revela que o termo “carcinicultura” apresenta praticamente só assuntos e reportagens favoráveis ao tema, inclusive quando fala do Nordeste. “Carcinicultura é uma técnica de criação de camarões em viveiros. O litoral do estado do Rio Grande do Norte e do estado do Piauí são as principais regiões dessa cultura no Brasil. A carcinicultura marinha é uma alternativa compatível com a crescente demanda de camarões.” revela a Wikipedia. É difícil melhorar assim. Parabéns por mais esta reportagem João.

    • Sérgio: vc só encontra matérias favoráveis porque 99% delas são financiada pela ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão. Experimente pesquisar na língua inglesa. Coloque no Google “shrimp farming in Brazil”. Vc verá páginas de matérias favoráveis. Mas se experimentar ler algumas delas, verá que TODAS são financiadas pela mesma ABCC. A grande maioria, de autores brasileiros, traduzidos para o inglês, pela ABCC. Não duvide. O prof. jeovah Meirelles não inventou o que está no post. Além disso, eu vi. Visitei dezenas de fazendas no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, e Bahia. Entrevistei várias pessoas ameaçadas de morte. O único Estado que se recusou a entrar nesta mamata foi a Paraíba.
      Assista este documentário que produzi e verá:Costa Brasileira – Programa 26 – A carcinicultura (criação de camarões em cativeiro) no Ceará (https://marsemfim.com.br/costa-brasileira-programa-26-a-carcinicultura-criacao-de-camaroes-em-cativeiro-no-ceara/).

      • Só mostrei um dos lados pq nenhum carcinicultor quis falar comigo, muito menos permitiu que eu visitasse as fazendas. Em todas que estive, e foram dezenas, fui às escondidas, sabia que corria riscos e alertava meu cinegrafista. Desde o Piauí, até o sul da Bahia, houve casos de mortes de catadores (dos mangues) por reclamarem e denunciarem. Pessoas são ameaçadas de morte, como conta o professor Jeovah Meireles, que ‘teve que andar protegido’, ou João do Cumbe, que cito na entrevista, que me disse: ‘O pessoal passa na minha casa e pergunta se eu quero acordar com formiga na boca’, pq ele é outro catador que se rebelou. Se duvida, ouça a entrevista que Jeovah confirma a parte dele.
        Quando à do João do Cumbe, ele mesmo te confirma no documentário:Costa Brasileira – Programa 26 (https://marsemfim.com.br/costa-brasileira-programa-26-a-carcinicultura-criacao-de-camaroes-em-cativeiro-no-ceara/).O problema é que apesar da informação evidente, tem gente que finge que não vê.
        Agora note que gozado, no texto no post, na voz do Jeovah e do João do Cumbe entre muitos outros, e nas respostas que dei a cada um que tentou e sem argumentos me desqualificar, nenhum deles mencionou qualquer questão ligada à esta violência extrema que ocorre no rastro da carcincultura. Você já parou para pensar, “porque será?’

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here