Proteção a recifes de coral deve ser prioridade global, diz a ONU
Representantes de mais de cem países membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) estão reunidos para iniciar um processo de dois anos para adotar uma estrutura global para proteger a biodiversidade, incluindo recifes de corais, em todo o mundo. O encontro ocorre em Sharm El Sheikh, Egito, onde uma nova coalizão de organizações intergovernamentais, ONGs e fundações privadas está convergindo para enviar uma mensagem sobre a necessidade de uma liderança ousada para a proteção a recifes de coral, salvando-os de uma ‘quase extinção’ em meados do século.
Os membros do grupo que quer proteção a recifes de coral
A parceria, inclui o UN Environment, a International Coral Reef Initiative (ICRI), a WWF, a The Nature Conservancy, a Wildlife Conservation Society, a Vulcan Inc., uma empresa de Paul G. Allen, The Ocean Agency e a Secretaria da CBD. Como se vê, só gente grande, sorte dos corais. Com esta ação eles querem “aumentar a conscientização sobre a crise dos recifes de corais e exortar os governos a tomar uma ação maior.”
ONU: proteção de recifes de coral deve ser prioridade global
Erik Solheim, chefe da ONU Meio Ambiente, declarou:
Está claro para qualquer um que o destino dos recifes de corais do mundo está pendente na balança. No momento, essas explosões submarinas de cor e vida enfrentam um futuro extremamente sombrio. As expectativas para essa coalizão não poderiam ser maiores. A proteção dos recifes de coral deve se tornar uma prioridade global. Os recifes de coral precisam de um acordo melhor
Último relatório do IPCC e as ameaças aos corais
Os recifes de coral fornecem alimento e meios de subsistência para centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Apoiam mais de um quarto de toda a vida marinha e protegem comunidades e costas de desastres naturais. Se ações urgentes não forem tomadas, podemos perdê-los para sempre o que, dada a sua importância, pode ser um golpe mortal na vida marinha.
O último relatório do IPCC publicado em outubro de 2018 prevê que, mesmo com as ações mais fortes necessárias para estabilizar a temperatura da superfície global a 1.5o C acima dos níveis pré-industriais, 70 a 90% dos recifes de corais serão perdidos nas próximas décadas. O fracasso adicional na ação sobre a mudança climática resultará em perdas ainda maiores. No entanto, a redução de ameaças não climáticas tem o potencial de melhorar a recuperação dos recifes de corais mais resilientes após impactos como eventos de branqueamento que detonaram a Grande Barrera de Corais, por exemplo, e de ajudar a conservar os recifes à medida que enfrentam um estresse térmico sem precedentes.
Pesca e desenvolvimento costeiro também ameaçam
A mudança climática não é a única grande ameaça que os recifes enfrentam. A pesca excessiva, a poluição e o desenvolvimento costeiro causaram grandes perdas de recifes de corais nos últimos 30 anos. Ações ambiciosas nos níveis global, nacional e local, para cumprir metas políticas significativas para a proteção de recifes de corais, são essenciais para salvar os recifes do colapso.
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Albert II de Mônaco dá exemplo de novo
Não é a primeira vez que sua alteza dá bons exemplos quando se trata de proteger o mar e a vida marinha. Presente na reunião, ele declarou:
Estou muito contente em ver que a questão dos recifes de corais está recebendo a atenção que merece. Estamos agora nos aproximando do horizonte de 2020 e precisamos intensificar o foco nas estratégias para a conservação efetiva dos recifes de coral e para apoiar as pessoas que dependem deles para se alimentar e viver
E completou:
A Reunião Geral da Iniciativa Internacional de Recifes de Coral, que eu sediarei em Mônaco em dezembro deste ano, será um passo importante e meu desejo é que ela leve à adoção de um programa de ação prática, efetiva, ambiciosa e realista
Estimativas sombrias
Segundo algumas estimativas, metade dos corais do mundo está perdida desde os anos 80. Os corais são animais delicados e estão sucumbindo à poluição e ao sedimento da construção costeira. Também são culpados os esgotos, o escoamento das terras agrícolas e a pesca, os quais favorecem o crescimento das grandes algas carnudas que são os principais competidores dos corais pelo espaço. (Os dois primeiros encorajam o crescimento das algas e o terceiro remove os animais que comem essas algas.) Mas o maior assassino é o aquecimento da água do mar. Ondas de calor oceânicas em 2015, 2016 e 2017 aniquilaram com 20% surpreendentes de corais na Terra. Isso é preocupante, incontáveis criaturas dependem dos recifes de corais para sua sobrevivência. Perder esses recifes causaria enorme perturbação no ecossistema do oceano.
Enquanto o mundo corre para proteger corais, o ICMBio enche linguiça para não aumentar o PARNA de Abrolhos
Estamos numa peleja surrealista.’Estamos‘, significa nós, ambientalistas de um lado; e a turma do ICMBio, do outro. Lá em Brasília, nas gavetas empoeiradas do órgão, está o estudo que autoriza a ampliação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, que protege o único banco de corais do Atlântico Sul. Mas a turma do ICMBio resiste em aprovar, parece ter sucumbido a pressão dos pescadores artesanais. Só no Brasil mesmo…Os nossos funcionários fazem por merecer os sustos que de vez em quando os Bolsonaros da vida dão, ao pregarem o fim do Ministério do Meio Ambiente. A equipe do ICMbio perdeu uma boa oportunidade de aprender um pouco mais, na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e sua reunião em Sharm El Sheikh, Egito.
Fontes: https://www.economist.com/science-and-technology/2018/03/15/mass-die-offs-are-driving-efforts-to-create-hardier-corals; https://www.bioversityinternational.org/cbd/; https://www.thoughtco.com/facts-about-corals-129826; https://www.unenvironment.org/news-and-stories/press-release/fate-coral-reefs-stake-key-un-talks-begin-egypt-new-coalition-urges.