Roald Amundsen, o primeiro explorador a chegar aos dois polos
O norueguês Roald Amundsen (1872 – 1928), veio de uma família de homens do mar que também era proprietária de navios. Ele iniciou o curso de medicina, contudo, ainda jovem decidiu ser um explorador. Teve como inspiração dois grandes navegadores: John Franklin, que provou a existência da famosa ‘passagem do Noroeste‘, mas morreu tentando atravessá-la (1846); e seu compatriota Fridjof Nansen, que atravessou com esquis a calota glacial da Groenlândia em 1889.
Uma história fascinante, de uma época fascinante
E escrita por pessoas incríveis. Corriam os anos da expansão da exploração geográfica mundial. Esses homens descobriam as últimas ‘terras incógnitas’ do planeta no final do século 19, início do século 20. Os locais mais inóspitos da Terra.
O primeiro a tentar atingir o Polo Sul foi Ernest Shackleton, na viagem do Nimrod, em 1908. Até hoje a cabana que usou está de pé.
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Em 1897, aos 25 anos, Roald Amundsen fez parte da tripulação do Bélgica (1897 a 1899), na primeira expedição científica à Antártica, comandada por Adrien de Gerlache. Esta foi a primeira invernagem na Antártica,onde ficaram por 13 meses. Foram os anos da conquista ‘heroica da Antártica’.
A passagem Noroeste
Em 1903 parte para a expedição que iria finalmente atravessar a passagem Noroeste, que liga o Atlântico ao Pacífico, na região norte do Canadá. Desta vez a bordo do Gjoa. Foi nesta viagem que teve seu grande aprendizado.
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Como norueguês, Amundsen estava acostumado a usar esquis e passar longo tempo no escuro sob difíceis condições de sobrevivência. Durante sua pioneira viagem pela Passagem Noroeste, estudou o povo indígena, inuit, os esquimós que viviam em Pelly Bay, ao norte da Ilha de Baffin.
Foi ali que aprendeu a usar cães de trenó, técnicas de sobrevivência, e acabou por adotar suas vestimentas. Amundsen e seus seis tripulantes passaram dois invernos explorando o local hoje chamado de Gjoa Haven, no território Nunavut, Canadá.
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Depois da passagem Noroeste, Roald Amundsen fez novos planos: ele queria ser o primeiro a chegar ao Polo Norte. Para tanto, conseguiu o navio FRAM (avante, em português), hoje um navio-museu ancorado no porto de Oslo, Noruega, usado por Fridjof Nansen. Era um estupendo navio polar, especialmente construído por Colin Archer.
Teorias de Nansen e construção do FRAM
Foram as teorias arrojadas de Nansen que deram ao Fram seu design inovador. Ele queria um navio que, apesar de pequeno e leve, fosse forte o bastante para suportar a tremenda pressão do gelo.
Um navio com um casco projetado especialmente para garantir que fosse levantado pelo gelo, e não esmagado, como aconteceu com o Endurance de Shackleton.
O FRAM
Além do especial desenho do casco, os vários tipos de madeira eram as mais fortes e resistentes. A quilha foi feita com duas peças de olmo americano de quatorze polegadas quadradas. O cavername era de carvalho italiano. Tinha 20 polegadas de largura.
Chapas de ferro foram colocadas ao redor do casco, na proa e na popa. Leme e hélice poderiam ser levantados em dois poços dentro do casco para proteção contra o gelo. A hélice tinha duas pás. Foi projetada para parar verticalmente, de modo que era protegida pelo poste do leme.
Tudo foi extremamente bem pensado. Foi este desenho inovador que inspirou Amyr Klink ao construir seu Parati I, para invernar na Antártica.
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A viagem ao Polo Sul começou para o Norte
O Fram foi retirado da aposentadoria em 1910 por Roald Amundsen. Ele queria colocar o navio no gelo mais uma vez no Mar de Bering e passar pelo polo norte.
Mas, antes mesmo de o Fram deixar a Noruega, chegaram notícias de que este polo acabara de ser conquistado pelo americano Robert Peary, em 6 de abril de 1909 (o que mais tarde descobriu-se ser uma fraude).
Amundsen muda seus planos mas não avisa sequer seus tripulantes
Ao saber do feito de Peary, Amundsen mudou seus planos mas não avisou a tripulação até que o Fram chegasse à ilha da Madeira. Até esse ponto todos pensavam que iriam novamente para o Ártico.
Na mesma época, o capitão inglês Robert Scott comandava uma expedição que pretendia ser a primeira a chegar ao Polo Sul.
Recentemente foi encontrado o diário de um dos homens de Scott. Que outras surpresas desta época sem igual ainda não estão por serem descobertas?
Se o Polo Norte havia sido conquistado, restava o Polo Sul
Amundsen não teve dúvidas. Se o Polo Norte havia sido conquistado restava o Polo Sul. Esta foi uma surpresa total para Scott e a expedição britânica.
Eles só souberam quando escalavam na Austrália. Amundsen, frio como gelo, mandou-lhe um telegrama:
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Tomo a liberdade de informar-lhe que o Fram dirige-se à Antártica. Amundsen
Começa a corrida ao Polo Sul
Desse modo começou a corrida ao Polo Sul. Amundsen e seu grupo ancoraram na plataforma de gelo de Ross, no local conhecido como a baía das Baleias.
Scott preferiu o estreito de McMurdo, a 600 Km de distância do rival (Conheça também a história da descoberta da Antártica).
Rotas e equipamentos diferentes
Cada equipe escolheu uma rota, e equipamentos diferentes, para a conquista. Scott dizia que seu “principal objetivo é alcançar o Polo Sul, e garantir para o Império Britânico a honra desta conquista.”
Ele levou pôneis da Manchúria, cães, trenós comuns, além de outros motorizados.
Amundsen, influenciado pelos esquimós, preferiu apenas cães, trenós, esquis, e as roupas de peles dos inuits. Os trenós motorizados não funcionaram. Do mesmo modo, os pôneis se mostraram um fracasso.
Todos morreram. Scott e seus homens enfrentaram o frio congelante com roupas de lã.
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Roald Amundsen conquista o Polo Sul
O fim já se sabe. Amundsen atingiu o Polo Sul em 14 de dezembro de 1911.
Scott chegou 34 dias depois, em 18 de janeiro de 1912, apenas para constatar que Amundsen o tinha precedido. Ele escreveu em seu diário:
O pior aconteceu; todos os sonhos se foram ; meu Deus! Que lugar horrível! É demasiado desanimador ter sofrido tanto para chegar e não ser recompensado com a glória que dá a primazia
Em 19 de janeiro Scott inicia a marcha de volta, e escreve novamente:
Receio que a viagem de regresso vá ser extremamente cansativa e monótona
Foi muito mais que cansativa e monótona. Foi uma tortura pelos erros cometidos: queimaduras pelo frio, cegueira da neve, fome, profundo cansaço, tremendo abalo psicológico, e já sem os cães.
Na marcha de volta ao ponto de partida, Scott e seus homens morreram de frio e inanição. Seu último registro no diário da expedição foi em 29 de março:
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Última entrada. Pelo amor de Deus, cuidem pelos nossos filhos
Amundsen, muito melhor preparado, retornou com seu grupo em bom estado.
Roald Amundsen conquista o Polo Norte
Não satisfeito, o explorador norueguês decide mudar de transporte. Em 1914, obteve o seu certificado de voo, o primeiro atribuído a um civil na Noruega.
Em 1918 tenta alcançar o Polo Norte ainda usando barcos, desta vez o veleiro Maud. Entretanto, depois de dois anos à deriva não conseguiu atingir o objetivo. Persistente, em 1926, foi o primeiro explorador a sobrevoar o Polo Norte no dirigível Norge. Assim, Amundsen tornou-se a primeira pessoa a chegar em ambos os Polos.
Roald Amundsen: a morte do herói
Contudo, a sorte virou. Amundsen desapareceu com cinco tripulantes em 18 de junho de 1928 enquanto voava em uma missão de resgate no Ártico. Sua equipe incluía o piloto norueguês Leif Dietrichson, o piloto francês René Guilbaud além de mais três franceses.
Eles estavam procurando membros desaparecidos da tripulação do Nobile, cujo novo dirigível, Itália, havia caído enquanto retornava do Polo Norte.
Assista ao vídeo da corrida ao Polo Sul:
Assista a este vídeo no YouTube
Ilustração de abertura: www.magnoliabox.com
Fontes: Polo Sul, de Raold Mundsen, Ed. Alegro; A Pior Viagem do Mundo, de Aspley Cherry- Garrard, Ed. Cia das Letras; A Última Expedição, de Robert Scott, ed. Alegro.
Fontes virtuais: https://www.magnoliabox.com/products/cover-of-roald-amundsen-; http://www2.anac.gov.br/anacpedia/por_por/tr1014.htm;https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Falcon_Scott#Viagem_at%C3%A9_ao_Polo; http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/livro-publica-fotos-ineditas-da-expedicao-de-scott-ao-polo-sul/n1597306320123.html
Triste fim do explorador Robert Scott em 1912.
tento encontrar o livro de Roald Amundsen, este não foi mais editado em portugues. Excelente história essa e texo otimo, parabéns.
O Maud ficou de 1918 até 1924 tentando vencer a Passagem Noroeste… Falhando. A conquista do pólo norte não era o objetivo da expedição com o Maud.
Excelente! Alguem sabe onde achar ou assistir a mini serie “Terro”: Agradeço
Materia inspiradora!
Muito obrigado!
Comecei a ler sobre todos esses exploradores através do livro “CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR” de Amyr Klink. Sou mineiro e minha relação é com as montanhas, mas esses personagens incríveis.
Dos dez livros indicados pelo site me faltam poucos para ler.
Parabéns pela matéria.
Mario Henrique
Adorei a matéria!
Isto é parte dos fatos que unificaram populações pela simbologia do orgulho em realizar algo heróico. Uma lição de coragem, hombridade, desapego, força, determinação. Os livros Endurance, O Último Lugar da Terra e a Pior Viagem do Mundo são eternos e marcam as diferenças comportamentais entre verdadeiras nações e ajuntamentos de tribos, bandos e guetos.
Por aqui o navegador Amyr Klink fez maravilhas mas o futebol continuou sendo mais importante. Ele arregimentou engenheiros, empresas e esforços tremendos e nunca foi notícia de destaque por ser ação de indivíduo e não de um coletivo financiado por governo. O valor da iniciativa ofende teorias.
Como já mencionaram, o livro O último lugar da terra retrata muito bem a corrida polar entre Amundsen e Scott. Infelizmente, é raro achar a versão em português, publicada em 2003 pela Companhia das Letras, mesmo em sebos virtuais.
Tenho mas guardo como joia.
Bom dia. Fiz uma pesquisa a um minuto atrás num sebo virtual e achei sete exemplares. Caros, mas existem. Livro maravilhoso!
Ótimo artigo. Estive há pouco menos de um ano em Oslo, e tive o prazer de visitar o Museu Fram, construído em torno do navio Fram, que lá se encontra. A visita é um prazer, mesmo para os não iniciados na arte da navegação, como eu. Mostra as conquistas dos polos, as histórias dos exploradores, e muitos detalhes mais. Tem, ainda, uma livraria com o maior estoque de livros sobre as conquistas polares. Comprei e li com imenso prazer “Scott and Amundsen, Their Race to the South Pole, the Last Place on Earth”. A narrativa é brilhante, como um thriller, e muito informativa, com sólida base de dados sobre os dois exploradores e suas expedições. Desvenda esta corrida com extraordinária riqueza de detalhes, sem uma única linha aborrecida. leitura obrigatória para navegadores e simpatizantes!
Li a matéria e lhe dou parabéns. Bom seria se todos os dias começássemos com histórias de vida como essa. Sou leitora, desde criança, de tudo o que se refere a exploradores, seja por mar ou terra. Obrigada.
Após falecer no Ártico em busca de salvar os italianos, os sobreviventes do Itália não foram autorizados a pisar em solo Norueguês. construíram um cais de madeira para êles no porto.
Parabéns pela matéria. Amundsen e sua equipe foram heroicos e sábios desbravadores. Obrigada por nos brindar com esse excelente texto.
Ana Cristina
Meus sinceros parabéns pela matéria. Excelente narrativa. Não se vê quase isso nos jornais. Obrigado de coração.
Muito boa matéria. Há ótimos livros disponíveis em português sobre a Era Heróica da exploração dos Pólos. Vale lembrar que o fato de Amudsen ter ocutado que seu destino era o Pólo Sul e a subsequente morte de Scott na “corrida” de certo modo “manchou” sua conquista perante boa parcela do público da época. Mas foi um desbraravador, em dúvida.
Excelente matéria. Cheguei a ler o livro sobre a travessia após um comentário que li do Almir Klink. Simplesmente uma aula de planejamento com todas as suas minucias de como elaborar um projeto para ser bem sucedido.
Fica a sugestão: “The Last Place on Earth” de Roland Huntford
Existe o livro: O último lugar da terra, de Holand Hunterford, que merece a leitura.
Excelente matéria.
Obrigado.
Ronaldo.
Excelente matéria. Obrigado.
Ronaldo.
Obrigado, Ronaldo, abs