Declínio de sete espécies de peixe no sul da Bahia
Declínio de sete espécies de peixe no sul da Bahia : pescadores disseram que alguns animais, como o badejo e a garoupa, estão sumindo da costa.
Declínio de sete espécies de peixe no sul da Bahia
Um dos peixes que estão ficando cada vez mais raros é o badejo-quadrado. Um estudo feito no sul da Bahia por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que sete espécies de peixes, anteriormente comuns na região e usados na culinária , estão desaparecendo.
Parque Municipal Marinho do Recife de Fora
O levantamento foi coordenado pelos biólogos Sergio Floeter, Natalia Hanazaki e Mariana Bender. Ele foi realizado com base em entrevistas com pescadores. Eles trabalham na região vizinha ao Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro.
Um total de 53 pescadores, de diferentes idades, foi convidado pelos pesquisadores a identificar por meio de fotos, espécies de peixes que tradicionalmente vivem nessa costa. Eles responderam a perguntas sobre qual é o maior peixe de cada espécie que já haviam capturado. E o ano em que isso ocorreu.
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A conclusão foi que algumas espécies estão cada vez menos presentes nas redes dos pescadores. Ou, quando estão, os peixes são menores que em décadas passadas. São elas: o badejo-quadrado (Mycteroperca bonaci), a garoupa (Epinephelus morio), o dentão (Lutjanus jocu), a cioba (Lutjanus analis), a guaiúba (Ocyuru chrysurus), o cherne (Hyporthodus nigritus) e o mero-gato (Epinephelus adscensionis).
Pesca não sustentável
Durante a pesquisa ficou claro que pescadores mais velhos, com mais de 50 anos, haviam pescado peixes maiores que as pessoas mais jovens. O badejo-quadrado, por exemplo, era encontrado há 40 anos com quase 50 kg na região. Hoje, o mais comum é achá-lo com 17 kg.
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Alguns peixes sequer são reconhecidos pelos pescadores mais jovens
Mais preocupante foi a constatação de que alguns peixes sequer são reconhecidos pelos pescadores mais jovens. Mariana Bender disse que,
Alguns indivíduos com menos de 31 anos não reconheceram espécies de peixes como o mero-gato e o cherne quando apresentados às fotos na entrevista
Os mesmos pescadores jovens disseram não saber que peixes hoje raros foram um dia abundantes no sul da Bahia. O estudo constatou também que os pescadores acreditam que sua atividade está tendo um impacto sobre os estoques pesqueiros da região: para 36% deles, seu trabalho colaborou para reduzir a quantidade de peixes ao longo dos anos.
Para os cientistas não é apenas a pesca não sustentável, feita em uma escala que não permite que os estoques de peixe se reponham naturalmente, que está por trás do sumiço dessas espécies. Mariana Bender explicou:
Outro fator preocupante é a perda de habitats e de habitats bem conservados para a manutenção dessas espécies de peixes, assim como a perda de manguezais, que servem como berçários naturais, e o assoreamento das regiões costeiras que abrigam os recifes
Consumo consciente
A pesquisa, divulgada este ano na publicação científica “Fisheries Management and Ecology”, sinaliza a necessidade de avaliar a inclusão de outros peixes de ambientes recifais nas avaliações de espécies ameaçadas de extinção.
O cherne
O cherne, cujo declínio também foi constatado no novo estudo, é outro que aparece na lista do IUCN como “criticamente ameaçado”. Mas duas das espécies analisadas na Bahia, o Dentão e a Guaiúba, sequer foram avaliadas pelo IUCN. E a situação de outra, o mero-gato, é descrita como “pouco preocupante”.
Outra necessidade levantada pelos autores é de redobrar os esforços para promover um consumo consciente do estoque pesqueiro.
“Os badejos e as garoupas, particularmente, são muito apreciados na culinária por sua carne. Dessa forma, é necessário promover o consumo consciente para que os estoques dessas espécies possam se recuperar”, disse Mariana.
Estudo fez parte da rede de pesquisas Coral Vivo
O estudo fez parte da rede de pesquisas Coral Vivo, patrocinada pela Petrobras e pelo Arraial d’Ajuda Eco Parque.
Da BBC.