Verticalização: Mário Mantovani, presidente da FF, e ambientalista, é ‘radicalmente’ contrário
Primeiramente o ambientalista Mário Mantovani assumiu a Fundação Florestal de São Paulo há pouco. Antecipadamente à FF a quem cabe, entre outras cabe cuidar das unidades de conservação do Estado. Já havíamos perdido as esperanças devido às constantes polêmicas com o ‘diligente’ diretor-executivo, Rodrigo Levkovicz. Mas para nossa surpresa de repente, Mário é o escolhido para presidir o órgão. A confiança voltou. Apesar disso decidimos aguardar até a poeira baixar. Então pedimos uma entrevista que, curiosamente, o diretor-executivo não costuma dar. Fomos atendidos em seguida. Verticalização, presidente da Fundação Florestal é contrário.
Breve currículo do ambientalista Mário Mantovani
Antes de mais nada conheci Mantovani em 1992 quando um programa da Nova Eldorado AM provocou catarse na cidade. Apesar do meio ambiente estar em voga, às vésperas da segunda mais importante reunião do clima, Rio-92, ninguém lembrava da imundície do Tietê.
A princípio a mata atlântica ganhou uma ONG para chamar de sua. Assim como outras surgiram para defender a Amazônia mas e o Tietê?
A eldorado lançou a semente do que viria a ser a campanha de despoluição do Tietê assim nasceu a ONG Núcleo União Pró-Tietê. Para tomar conta foi chamado um biólogo que ‘era um azougue”, Mário Mantovani.
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Entrevista do Mar Sem Fim com Mário Mantovani
Como se sabe nossa atenção é voltada, sobretudo, ao bioma marinho. Assim o foco foi o maltratado litoral de São Paulo. Fiz uma série de perguntas abrangendo desde o litoral norte, até o sul.
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Comecei com Ilha Anchieta, parque estadual desde 1977, que sofreu a introdução de espécies invasivas em 1983, quando a Fundação Parque Zoológico de São Paulo introduziu mais de cem animais exóticos de 15 espécies diferentes. Um desastre. Não há mais pássaros miúdos desde então.
Mário, que gosta de se reunir com os Conselhos gestores das UCs, responde que ‘até o momento a demanda não surgiu nas reuniões’, mas disse que iria ‘levantar o problema nas próximas’.
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Mário ficou escandalizado. Mas disse que é preciso que ‘alguém’, ‘talvez o MPF’, entre com uma ação. Deste modo a FF poderia agir. Prometeu em seguida averiguar o andamento.
Especulação imobiliária
Expliquei que, ao meu ver a especulação imobiliária é o maior problema do litoral do País consequentemente também de São Paulo. Mário concorda. E contou que ‘facções criminosas do Rio de Janeiro se deslocaram para o litoral norte do Estado’ piorando, e muito, a situação já crítica.
De Ubatuba para Ilhabela, outro parque estadual também criado em 1977, portanto, há 45 anos. De bate-pronto perguntei: ‘mas até hoje sem um barco, mesmo passado quase meio século!’
Mário retrucou que estudam uma forma de viabilizar com empréstimos, ou algo no gênero. Anotou a pergunta, e pediu que eu enviasse depois todos os temas debatidos de modo que não esquecesse. Avançamos para a…
Pesca de Arrasto no litoral paulista grudada na área de arrebentação
‘É muito difícil brecá-la’, consentiu, ‘ao prepararmos um barco para fiscalizar, o pessoal (de terra) passa um rádio e avisa’. ‘Os pescadores fogem’.
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‘Talvez’, disse, ‘melhor seria usar o avião da FF e dar umas batidas; é pegar uns dois ou três no flagra para a situação se acalmar’.
Seria maravilhoso se acontecer. Este site vai cobrar. Mário só aceitou o ‘rojão (assumir a FF)’ se tivesse garantia de ficar no cargo até 2024 o que de fato vai acontecer. Melhor para a biodiversidade paulista.
E lembrou o projeto da FF de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) Mar Sem Lixo, uma bela ideia que, se for avante, pode ser exemplo para o Brasil e se estender para outros Estados. A seguir, tratamos de…
Infestação do coral sol, e outros…
O que a FF pretende fazer neste caso? Alcatrazes, Búzios e Vitória (ambas ilhas do Parque Estadual de Ilhabela), especialmente, mas não apenas, estão infestadas.
Novamente a resposta foi a falta de demanda dos gestores, segundo ele, e foi mais um tópico anotado na agenda. Para situar o leitor problema não só do Estado, mas de todo o litoral do Brasil. Em seguida a questão principal que gerou a entrevista. A…
Verticalização de Ilha Comprida
O tema da verticalização em outras palavras especulação correndo solta com apoio dos caciques políticos nativos do PSDB, e a vergonhosa omissão da FF depois de inúmeras tentativas com o ‘diligente’ diretor-executivo, Rodrigo Levkovicz.
‘Escreva aí’, João, ‘que o presidente da FF, e ambientalista, faço questão deste termo, é RADICALMENTE contrário à verticalização’. ‘Ilha Comprida não terá verticalização de jeito nenhum!’
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Os leitores já sabem da polêmica que nasceu depois de um alerta do vereador Rogério Revitti (Cidadania), o único voto contrário nas duas votações fajutas que houve na Câmara dos Vereadores; e de Roberto Nicacio, biólogo, morador de Vila das Pedrinhas que pegaram a falcatrua na ‘unha’.
Tudo começou quando o prefeito, Geraldino Júnior (PSDB), apresentou uma lei sob medida para o empresário Chico Silvestre, que prevê a construção de prédios com até 30 metros de altura e sete andares em Ilha Comprida!
A partir desse ponto a posição da FF, então a cargo de Rodrigo Levkovicz, foi um papelão que se aproxima, perigosamente, da prevaricação.
Resumo da ópera bufa com libreto da Fundação Florestal antes de Mário Mantovani
Se tem um local que Mário conhece bem é o litoral sul do Estado onde passou longo tempo de sua vida. Para começar quando estava na SOS Mata Atlântica havia um escritório da ONG na região. Ali Mário trabalhou por anos.
Ele sabe a importância de Ilha Comprida para o Lagamar, que a ilha é uma APA – Área de Proteção Ambiental e ainda que a erosão está tragando as beiradas de Ilha Comprida. Só não sabia do papelão da FF desde que este site publicou a denúncia de Rogério Revitti, e Roberto Nicacio.
Foi das melhores e mais positivas entrevistas que este site já fez. Naquela noite dormi feliz na certeza de que o bom senso e a responsabilidade de um servidor comprometido, Mantovani, haverá de prevalecer.
Não à verticalização!
Manteremos o leitor informado.
‘Bombas de carbono’ (projeto de extração de combustíveis fósseis) podem acirrar o aquecimento
E 8 ou 80 , tenho um lote na ilha ique para derrubar uma árvore é uma verdadeira sabatina, loteamento regularizado a mais de 40 anos, IPTU e com construções vizinhas, mesmo assim algo quase impossível diante de tantos entraves, do outros lado querem fazer prédios de 7 andares??!!!
Inacreditável o poder do conchavo!!
Ótima notícia! Sem verticalização. E a solução de Valo Grande para resgatar o lagamar. Esta região do sul de São Paulo tem que ser desenvolvida de maneira inteligente com turismo focado no seu bioma e história. Parabéns João e equipe do Mar Sem Fim!
Conheco o Mario há mais de 30 anos – foi meu parceiro em vários projetos com reciclagem (sim, já existia há 30 anos). Ele é competente, sabe o que fala, para quem e como, e além disso é completamente maluco para trabalhar e arregimentar pessoas à sua volta… tudo que precisamos à frente da FF.
Já que o problema é a especulação imobilária na costa brasileira, proponho uma solução: Que uma comissão formada por arquitetos, urbanistas e ambientalistas, projete digamos 10 tipos-padrão de condomínios ecológicos, dimensionados para oferecer qualidade de vida a seus compradores / moradores e ao mesmo tempo, dentro de padrões que permitam o convívio com a natureza. A partir daí (ou concomitantemente a esse desenvolvimento) igualmente uma equipe de legisladores definiria uma regulamentação federal definindo que em todo o litoral brasileiro, digamos numa faixa de 200 metros a contar da orla do mar, só seriam autorizados novos loteamentos cujas unidades fossem de um desses 10 tipos pré-definidos pela comissão. Isso inclusive, pela padronização, permitiria baixar os custos e tempos de construção. Assim, a costa seria ocupada de maneira racional e em harmonia com o meio ambiente, sem os absurdos espigões atuais, e as construtoras e incorporadoras poderiam desenvolver seus negócios com responsabilidade, encerrando definitivamente essa “guerra” em que todos perdemos (aliás em geral em guerras todos perdem exceto os desalmados negociantes de armamentos.)
Caro ‘Pensador do século XXX’, em primeiro lugar, por que tens medo de se identificar? Enquanto a população tiver ‘medo’ de exercer cidadania não avançaremos. Democracia não se ganha, se pratica às claras! Ou, não é democracia. Posto isto, ao comentário. Não é preciso nada do que diz. É preciso, apenas, respeitar as leis ambientais existentes sempre desrespeitadas. Um rico quer casa pé na areia, outros ricos, ganhar dinheiro, outros ainda, não se ligam para o futuro. O resultado é a esculhambação do litoral. Da próxima vez que usar este espaço use seu nome ou será barrado.
Sorte do Brasil de ter pessoas comprometidas com Meio Ambiente, que dedicam a vida em benéficio da coletividade. Muito obrigado Mario Mantovani.
Parabéns ao Roberto Nicácio, ao Mário Mantovani e ao João Lara Mesquita. Não à verticalização, não à especulação imobiliária.
Maravilha! Força, Mario Mantovani!!!
Vida longa ao comprometido ambientalista. Abraços