Perda de gelo marinho da Antártica preocupa

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Perda de gelo marinho da Antártica preocupa

A rápida perda de gelo marinho da Antártica traz cenários sombrios à vista quando a área adjacente ao continente, coberta por gelo, caiu para 1,8 milhão de km2 em 19 de fevereiro – a menor extensão desde que os dados baseados em satélite se tornaram disponíveis em 1978. Note que estamos falando do gelo que se forma sobre o mar austral, não o gelo do continente antártico. De qualquer modo, é preocupante porque as regiões polares são extremamente importantes para o clima na Terra. Enquanto isso,  estudo publicado na Nature Communications Journal informa que ‘O Oceano Ártico ficará sem gelo marinho pela primeira vez antes de 2050, independentemente dos cenários de emissão.’

Perda de gelo marinho da Antártica
Imagem, Ted Scambos / National Snow and Ice Data Center.

Uma área de gelo do tamanho da Groenlândia está faltando na Antártica

Segundo o site do British Antarctic Survey, O gelo marinho de inverno na Antártida está em um nível histórico baixo. Os cientistas estão trabalhando para entender por que uma área de gelo do tamanho da Groenlândia está faltando. Cientistas da British Antarctic Survey têm atuado na mídia, oferecendo comentários sobre esse evento extremo.

O gelo marinho é a água congelada do oceano que se forma e derrete inteiramente no oceano. A porção afetada  tem um padrão natural de crescimento e redução monitorado por satélites há 44 anos. Esses dados fornecem aos cientistas uma imagem detalhada da área que o gelo marinho cobre ao redor do continente, conhecida como “extensão” do gelo marinho.

Contudo, em agosto de 2023 a extensão do gelo marinho era quase 2,4 milhões de km2 inferior à média de 1979-2022 – uma área perdida com cerca de dez vezes o tamanho do Reino Unido.

Os pesquisadores do British Antarctic Survey alertam que  o gelo do mar antártico é muito complicado de modelar com precisão porque vários processos naturais da Terra costumam afetá-lo.

Por exemplo, padrões de vento, tempestades, correntes oceânicas e temperaturas do ar e do oceano afetam a porção da Antártica que costuma ficar coberta de gelo. Em razão destas variáveis, os cientistas britânicos não têm certeza de atribuir este fenômeno apenas ao aquecimento do planeta.

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Entretanto, o texto do British Antarctic Survey diz que “Independentemente dos caprichos do comportamento do gelo do mar Austral, as regiões polares desempenham um papel vital no sistema climático. E elas estão mudando diante de nossos olhos.”

Gelo marinho no oceano Austral e seu papel estabilizador

Seja como for, o gelo marinho no oceano Austral tem um importante papel estabilizador, já que cobre de branco uma importante área escura do oceano. Esta superfície branca, por sua vez, reflete a energia do sol de volta ao espaço, o efeito Albedo, que reduz as temperaturas nos polos.

gráfico do gelo marinho da Antártica
Que a região está esquentando ninguém duvida. Ilustração, Economist.

Pode até ser que este fenômeno seja apenas anual, não se repetindo em outros anos devido à quantia de variáveis envolvidas. Contudo, pela importância da circulação oceânica ao redor da Antártica ‘devemos nos preocupar muito’, dizem os cientistas ingleses.

Cenários sombrios à vista

A Economist também repercutiu a informação. E o título da matéria não deixa dúvidas de que o caso é preocupante: The rapid loss of Antarctic sea ice brings grim scenarios into view (A rápida perda de gelo do mar antártico traz cenários sombrios à vista, em tradução livre).

O texto confirma a dúvida dos cientistas ingleses: ‘É muito cedo para dizer se a excepcional falha de congelamento dos mares da Antártida representa uma confluência incomum de fatores temporários; um novo normal impulsionado pelas mudanças climáticas; ou algo intermediário.’

Mas a Economist lembra que, ‘Pesquisas recentes sugerem que, desde 2016, um aumento na temperatura média do Oceano Antártico fez com que o gelo marinho da Antártica diminuísse.’

Depois de fazer conjecturas sobre as variáveis, diz a Economist: ‘Mesmo que a cobertura de gelo eventualmente retorne às normas recentes, no entanto, seu ato de desaparecimento este ano se alinha com as expectativas de longo prazo dos cientistas.’

Embora nenhum dos dois artigos aponte claramente o aquecimento global como fator para o fenômeno deste ano,  as entrelinhas mostram que o que está acontecendo ‘se alinha com as expectativas de longo prazo dos cientistas.’

Em outras palavras, parece que ambas as publicações são extremamente cautelosas, talvez não querendo passar a impressão de apocalipse. Contudo, é bom lembrar as recentes declarações do secretário-geral da ONU, António Guterres, sem papas na língua:  “A mudança climática está aqui. É aterrorizante. E é apenas o começo. A era da ebulição global chegou.”

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A Economist encerra o artigo com um alerta: ‘Embora o desaparecimento do gelo marinho flutuante não afete diretamente o nível do mar, pode acelerar a perda de geleiras em terra. Somente a camada de gelo da Antártida ocidental contém água suficiente para aumentar o nível global do mar em 3,3 metros.

Assista ao vídeo da NASA e saiba a importância do gelo nas regiões polares

NASA | The Arctic and the Antarctic Respond in Opposite Ways

Afinal, o que aconteceu ao submersível Titan?

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