O Mar Adriático, de tão quente, está ficando tropical?

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O Mar Adriático, de tão quente, está ficando tropical?

O calor está matando no Hemisfério Norte, e o verão de 2024 pode ser o mais quente já registrado na Europa. Ondas de calor chegaram mais cedo do que nunca, com algumas regiões registrando temperaturas 10ºC acima da média. Tamsin Green, meteorologista do Weather & Radar, destacou que recordes de calor estão sendo constantemente quebrados. Além disso, a temperatura dos oceanos e mares está mais alta do que nunca. O Mar Adriático, por exemplo, está tão quente que o Guardian estampou em manchete ‘The Adriatic is becoming tropical’: Italian fishers struggle to adapt to warm sea (“O Adriático está tornando-se tropical”: Pescadores italianos lutam para se adaptarem ao mar quente).

mar adriático
Imagem, www.florenceinferno.com.

Adriático, braço de um mar fechado

O Mar Adriático é um braço do Mediterrâneo, situado entre as penínsulas italiana e balcânica; e o Mediterrâneo, como se sabe, é um dos ‘mares fechados‘ do planeta. Por outro lado, os mares semifechados e áreas costeiras rasas são as mais vulneráveis ao aquecimento do planeta.

Mar Adriático, mapa
Imagem, britanica.com.

Reduzindo o Adriático a números, ele tem cerca de 800 km de comprimento com uma largura média de 200 km, e uma profundidade máxima de 1.324 metros.

Alessandro Ciavaglia, pescador de Fano: ‘O Adriático está se tornando tropical’

O Guardian centra sua matéria na dificuldade dos pescadores nativos, e conta que o calor do mar e as correntes fracas contribuíram para a proliferação generalizada neste verão,  de mucillagina ou mucilagem (substância gelatinosa de estrutura complexa, que reage com a água, aumentando de volume e formando uma solução viscosa, presente em diversas plantas).

Enquanto estes distúrbios, acelerados pelo aquecimento, cobram seu preço inundando a superfície do mar, e impedindo os barcos de navegarem por onde se espalha, o Guardian destacou outro problema provocado pelo calor da água do mar, nas palavras do pescador do porto de Fano, Alessandro Ciavaglia. “Estamos falando de 30º C, mesmo em mar aberto. O Adriático está se tornando tropical. Estamos começando a ver espécies de peixes que não existiam anteriormente, como o peixe-espada, enquanto vários tipos de peixes daqui estão quase extintos. Não há dúvida de que a mudança [climática] está acontecendo e é inútil tentar negá-la.”

Mudança forçada de lugar em razão do aquecimento dos oceanos

Esta mudança forçada de lugar, em razão não só do aquecimento dos oceanos, mas também da perda de oxigênio, e da acidificação, todos consequências do aquecimento, pode provocar um efeito em cadeia de proporções épicas para os três bilhões de seres humanos que dependem dos oceanos.

O calor da água faz com que muitas espécies mudem à procura de águas mais frias, isso implica em turbulência para toda a cadeia daquela espécie. Outras formas de vida marinha mudam de comportamento com o calor, alteram seu ciclo de reprodução, têm mais dificuldade para se alimentarem, enquanto outras devem diminuir em número ou deixar áreas que não são mais favoráveis.

Além disso, acidificação afeta a capacidade de muitos animais de fazer conchas ou esqueletos, como corais, lagostas, camarões, etc, enquanto baixos níveis de oxigênio podem contribuir para a formação de novas zonas mortas.

Outros fatores que afetam a vida marinha no Adriático

E o Adriático ainda sofre, como todos os mares, pelas várias atividades econômicas nas margens,  nomeadamente a urbanização e a indústria, o turismo, e o transporte marítimo. Cerca de 13.600.000 habitantes vivem ao longo da costa do Adriático, com a maior urbanização e densidade populacional na Itália e partes da Albânia. Simultaneamente, o mar Adriático é um dos principais destinos turísticos do Mediterrâneo, sendo a Croácia e a Itália os principais destinos turísticos.

países banhados pelo mar adriático
Imagem, britanica.com.

Como se vê, todas estas atividades também têm potencial de contribuírem para a poluição da água e, algumas, a poluição sonora, um grande problema ainda não regulado pela indústria marítima mundial, sem contar as centenas, talvez milhares de barcos particulares. O Yacht Charter in Croacia informa que  o país tem uma frota de 150 mil barcos de recreio.

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