Leões marinhos ajudam cientistas a mapear o fundo dos oceanos
Os oceanos são um ecossistema extremamente complexo que, por seu tamanho e profundidade, tornam as pesquisas dependentes de complexa logística e custos altíssimos. Assim, eles acabam sendo mais estudados através de modelos matemáticos. As lacunas são imensas. Por exemplo, não sabemos sequer quantas espécies existem. O Censo da Vida Marinha estima que seriam cerca de 2,2 milhões de espécies, mas pouco mais de 10% delas foram descritas e catalogadas. Até hoje, exploramos apenas 5% do subsolo marinho. Agora, os cientistas buscam recuperar o tempo perdido. Com novas tecnologias e ideias ousadas, eles correm para descobrir o que habita o subsolo oceânico antes que as criaturas desapareçam. Uma dessas ideias envolve o uso de leões marinhos como “ajudantes” de pesquisadores.
A expansão do conhecimento da vida marinha e suas dependências
Os cientistas estão empolgados com algumas novidades das novas tecnologias. A Internet das Coisas é uma delas. Estimativas indicam que, até 2035, mais de um trilhão de receptores de dados autônomos serão integrados a todas as atividades humanas como parte da “Internet das Coisas” Foi pensando nas dificuldades da exploração marinha, e na imensa amplitude da Internet das Coisas, que a U.S. Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) lançou o programa Ocean of Things. O programa procura permitir um conhecimento marítimo persistente em grandes áreas oceânicas, através da implantação de milhares de pequenos flutuadores de baixo custo que formam uma rede de sensores mundialmente distribuídos.
Os cientistas também estão entusiasmados com as possibilidades da Inteligência Artificial, uma ajuda fantástica na pesquisa submarina. Para estes especialistas, pequenos submersíveis, muitas vezes não tripulados e impulsionados pela inteligência artificial (IA), podem ser o futuro.
Para além das novidades tecnológicas, as pesquisas tradicionais, que usam navios de apoio e veículos não tripulados, prosseguem a passos lentos pelo custo, como já informamos. Mas, pensando em como torná-las mais acessíveis, surgiu a ideia de pedir carona aos leões marinhos.
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O leão marinho australiano registrou um declínio de população de mais de sessenta por cento nos últimos quarenta anos. Para compreender melhor o que se passava, pesquisadores da Universidade de Adelaide instalaram câmeras e dispositivos de localização em alguns animais.
Quando os leões marinhos regressaram à costa, alguns dias mais tarde, retiraram suas câmeras. Depois de analisar as imagens, os investigadores ficaram surpreendidos ao saber que os animais visitavam seis habitats distintos no fundo do mar. Os cientistas utilizaram estes dados de habitat para construir um modelo informático que pode prever os habitats dos leões marinhos noutras áreas.
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Segundo a National Public Radio, estas informações poderão ajudar os cientistas a protegerem o habitat crítico dos leões marinhos, bem como dar aos investigadores uma nova ferramenta para mapear o fundo do oceano.
Veículos operados remotamente ou animais marinhos?
O New York Times, que também repercutiu, saudou a novidade. Os cientistas normalmente mapeiam partes do fundo do mar utilizando veículos operados remotamente e câmeras rebocadas por embarcações subaquáticas. Contudo, a utilização destes instrumentos pode ser difícil e dispendiosa. Por isso, diz o Times, Nathan Angelakis, da Universidade de Adelaide, responsável pelo estudo e seus colegas decidiram tentar outra maneira de mapear os ecossistemas remotos em torno das ilhas Kangaroo e Oilive, na Austrália: eles anexaram câmeras de vídeo aos leões marinhos da área, que rotineiramente mergulham a 100m abaixo da superfície enquanto caçam.
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O jornal encerra a matéria com o depoimento de outro pesquisador. Dan Costa, professor de ecologia e biologia evolutiva na Universidade da Califórnia, disse que, embora ele e outros investigadores tenham utilizado câmeras em leões marinhos e focas para aprenderem sobre o ambiente oceânico, “esta foi uma abordagem nova, realmente inovadora, ao utilizar os animais para documentar as características do fundo do oceano”.
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