O drama do Pantanal alimentado pelo drama da Amazônia
Surge uma imagem suja e embaçada. Fumaça preta invade a tela. Um barulho ameaçador faz a trilha sonora. Som que vem num crescendo, com um crepitar ameaçador de quando em quando. Aos poucos fica cada vez mais forte e ‘nítido’. É assustador. Entra o repórter que explica, falando alto para ser ouvido em meio à sinfonia fúnebre, “Poconé, onde estamos no Pantanal, é o local mais ameaçado pelo fogo.” De súbito, a imagem mostra uma imensa árvore sobre a qual salta, do nada, uma rajada de fogo que parece ter saído do chão. Mas ela salta como se fosse uma pulga, abraçando o tronco e a copa lá em cima, como se estivesse saltando um riacho de poucos centímetros. E toda a árvore pega fogo em segundos (abertura de matéria do Jornal da Band, em 29 de agosto de 2020). O drama do Pantanal alimentado pelo drama da Amazônia.
O drama do Pantanal alimentado pelo drama da Amazônia
Ricardo: esta seca tremenda do Pantanal que ainda hoje saiu nos jornais, 494 focos de incêndio em 2019, para 1.684 em 2020, seria consequência do desmatamento na Amazônia?
“Sem dúvida, muito bem colocado João.”
“Todo nosso regime pluviométrico aqui no Centro Oeste, no Pantanal, depende fundamentalmente da Amazônia, chamam de rios voadores, e da umidade que vem da Amazônia, uma quantidade enorme de umidade.”
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O ‘Ricardo’, era o Galvão, cientista, ex-diretor do Inpe; e a consequência dos 20% do desmatamento da Amazônia de 1970 para cá, além de mais 20% bastante degradados, é a seca no Pantanal. Foi o que ele explicou em podcast gravado nos primeiros dias de agosto.
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O fogo consome o Pantanal há mais de um mês, e não há data para acabar. Dez por cento, cerca de 500 mil hectares, de um dos menores e mais ricos biomas do País já foram para o saco.
É tão dramática a situação que os bombeiros deixaram de tentar extingui-lo. É impossível. Agora lutam para que não destrua algumas propriedades e vilas levando consigo seus habitantes.
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Nem onças escapam do incêndio no Pantanal
Voltamos à matéria da Band. Aparece uma bióloga na tela que explica: “normalmente nos incêndios os mamíferos maiores conseguem escapar. Mas não desta vez. Até carcaças de onças calcinadas já vimos. Isto é inédito.”
Corte para a casinha de uma família pantaneira, próxima a Poconé. Um casal e dois filhos moram no local, que tem um galpão ao lado. Foi neste galpão que uma onça pintada se escondeu, desorientada, fugindo do incêndio. A filha foi brincar no lugar e deu com o felino acuado próximo a uma parede de madeira. Correria na casa da família.
Eles tentaram espantar o animal, mas não houve jeito. Ele mal se mexia dentro do galpão. Chamaram as brigadas de bombeiros que lutam contra o fogo. Pouco depois chegam três viaturas. Através das frestas das paredes de madeira era possível ver o corpo da onça encostado numa parede. E nada dela se mexer.
Os brigadistas cercam o galpão com suas viaturas e ligam as sirenes numa desesperada tentativa de fazer com que a onça saísse e ganhasse a liberdade. Mas nada aconteceu. Foram dois dias de tentativas inúteis com o animal paralisado pelo pânico. Desistiram, deram um tiro com setas tranquilizantes. A onça traumatizada adormeceu.
Foi colocada numa jaula e levada para longe, para a liberdade.
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Foi das cenas mais dramáticas que já vi na TV. O fogo esqueceu-se de acabar. Ali se vê com clareza o drama do Pantanal retroalimentado pelo drama da Amazônia.
O que estamos perdendo com o incêndio que devasta o Pantanal?
O menor bioma brasileiro, o Pantanal maior área úmida continental do planeta, é riquíssimo em biodiversidade. São duas mil espécies de plantas, algumas endêmicas – caso de dois tipos de amendoim selvagem e uma rara orquídea aquática (Habenaria aricaensis); 152 de mamíferos, 36 espécies de mamíferos ameaçados de extinção; 582 espécies de aves, 188 aves ameaçadas de extinção; 47 espécies de anfíbios, 127 de répteis, e 269 de peixes.
A seca é tão forte que a maioria dos rios ou secou, ou perdeu grande parte de sua água. O principal rio da região atingiu o menor volume em cinco décadas. Simultaneamente, a fiscalização diminuiu em todo o Brasil desde que o irresponsável cafajeste se instalou no Palácio da Alvorada. Não deu outra: o fogo explodiu não só na Amazônia mas, especialmente, no Pantanal.
Segundo a BBC, “Pesquisadores apontam que a situação no bioma, localizado na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), deve permanecer difícil pelos próximos meses. Com os níveis baixos do rio, a quantidade de água que chega ao Pantanal também reduz e pouco da planície é inundado.”
O biólogo Carlos Roberto Padovani, da Embrapa, declarou “Agosto e setembro são os períodos mais secos. As chuvas costumam começar em outubro, mas neste ano pode demorar ainda mais”.
Cenário apocalíptico e o Parque Estadual Encontro das Águas
“É um cenário apocalíptico. Quando você se aproxima (do bioma), a fumaça toma proporção inexplicável. O cheiro de queimada é muito forte. É uma coisa frustrante”, relata à BBC News Brasil.
“Desolador ver o Pantanal agonizar daquela maneira”, lamenta o fotógrafo Ahmad Jarrah.
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“A situação é terrível. Nunca vivi um período assim. É uma sensação de que não temos controle de nada”, diz o consultor ambiental Laércio Machado, que vive no Pantanal há quase três décadas.
Estes são alguns dos depoimentos dramáticos de quem conhece a região. E agora o fogo invade o Parque Estadual Encontro das Águas, na região de Porto Jofre, na cidade de Poconé (MT), também foi afetado pelas queimadas.
A reserva tem a maior concentração de onças-pintadas do mundo. Até o momento, 65 mil hectares — mais da metade do total de 108 mil hectares — foram atingidos pelas chamas.
Quando o incêndio vai acabar?
Pelo que dizem os especialistas, não antes de outubro. Teremos mais dois meses de tragédia. Uma tragédia anunciada, mas como sempre ignorada por parte dos políticos de plantão.
Os que acreditam no aquecimento global pouco conseguem fazer. E há os burros, e os muito burros, que sequer acreditam no fenômeno. Caso do chanceler, que acredita tratar-se de ‘complô comunista’, ou do (des)ministro do Meio Ambiente que põe em dúvida a ação humana como causa.
Enquanto perdurar a burrice institucional nós, e o mundo, continuaremos a assistir cenas dramáticas como as que vi no telejornal, sem muito o que fazer a não ser iluminar as trevas que vêm de Brasília, e chamar a atenção do público que não embarca em cloroquina e sandices do gênero. Vem aí novas eleições. Pense sobre isso, e faça sua parte: dê o troco.
Lembre-se, enquanto o Pantanal emociona o Brasil, os jumentos de Brasília debocham e caem na gargalhada.
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Nelson Rodrigues, cronista da tragédia brasileira foi sábio, “o grande problema foi quando os idiotas perceberam que eram maioria”. E completou: “os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.”
Alguém duvida?
Assista ao vídeo e fiquei indiferente se for capaz
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Imagem de abertura: rede Globo
Fontes: TV Bandeirantes, https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53662968; https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/bbc/2020/09/11/cenario-desolador-frustrante-25-imagens-que-ilustram-tragedia-no-pantanal.htm?utm_source=facebook&utm_medium=social-media&utm_campaign=noticias&utm_content=geral&fbclid=IwAR0qLHPCXGNk_SfQM3to5qH2qDfMN0gwYyQS8mU4CoBgs5npxf8xG50L9Q4.
SENHOR PRESIDENTE TEMOS DE APROVEITAR QUE AS MÍDIAS ESTÃO SUPER DEDICADAS A COVID E MANDAR DESCER O PAU NA AMAZÔNIA PARA PASSAR A BOIADA. AS QUEIMADAS??? SÃO FOGOS AMIGOS E QUALQUER COISA O SENHOR ENCHE OS JORNALISTAS DE PORRADAS, SE O SENHOR FOR MACHO PARA TANTO.