Kalizma, relíquia naval, um presente para Elizabeth Taylor

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Kalizma, relíquia naval, um presente para Elizabeth Taylor

Barcos são uma de minhas paixões. Barcos clássicos, um sonho que posso ter. Não custa nada, e dá pra fazer cada viagem… Já tive o privilégio de fazer uma série de regatas num clássico da vela, um veleiro classe J, o Shamrock V, mandado construir por ninguém menos que Sir Thomas Lipton, o barão do chá, em 1930.  O construtor foi o arquiteto naval Charles Nicholson, uma lenda da arquitetura naval. Mas uma destas joias navais a motor, e o barco mais famoso do mundo nas décadas de 1970 e 1980,  foi um dos primeiros barcos a vapor a ter iluminação elétrica. Mais tarde, passou a servir nas duas guerras mundiais como parte da Marinha Real. Foi convertido de vapor para diesel entre 1945 e 1955. Mas ele ficou famoso quando o ator Richard Burton o deu de presente para sua amada Elizabeth Taylor. O barco foi rebatizado por aglutinação dos nomes das filhas:  Kate, Liza e Maria: Kalizma.

Kalizma
Imagem, Michael Goldberg.

A história do mais famoso barco dos 70 aos 80

Projetado por GL Watson e construído por Ramage & Ferguson, em 1906 na Escócia, o barco de 165 pés (cerca de 55 metros) serviu como Auxiliary Patrol Yacht durante a Primeira Guerra Mundial, depois, serviu como apoio em regatas no Reino Unido e nos EUA, especialmente a America’s Cup, quando o dono era Peter John de Savary.

iate Kalizma
Imagem, www.kalizma.com.

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi responsável por salvar vidas de tripulantes de mais de 1100 navios que foram abatidos em conflito antes de ser dispensado ​​de suas funções em 1946.

iate Kalizma em 1968
O Kalizma em 1968. Imagem, https://www.worthpoint.com.

Quando foi encomendado como um superiate, foi batizado ‘Minona’. Décadas depois, passou a chamar-se Cortynia e, em seguida, Odysseia. Finalmente, em 1967 Richard Burton o comprou para sua grande paixão, a lendária estrela de cinema de Hollywood, Elizabeth Taylor quando ela ganhou o Oscar de Melhor Atriz por seu papel em Quem Tem Medo de Virginia Woolf?

Conta-se que Burton pagou US$ 220.000 pelo Kalizma, mas gastou o dobro em sua reforma, que ocorreu durante as filmagens de Where Eagles Dare em Londres. 

Outra joia de presente

Burton ficou doidão pela bela Elizabeth Taylor. Ou ela o ‘enfeitiçou’ como fez com Marco Antonio e Julio Cesar quando representou Cleópatra.

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Iate Kalizma
Imagem, Michael Goldberg.

O fato é que não bastou dar de presente a joia da arquitetura naval clássica. Burton fez mais. A bordo do Kalizma –  presenteou sua amada com o mundialmente famoso diamante de 69,42 quilates, hoje conhecido como o diamante Taylor-Burton.

Interior do iate Kalizma
Atualmente, de propriedade do milionário Shirish Saraf, o interior homenageia o casal de atores. Imagem, Kkalizma.com.

“Eu queria aquele diamante porque é incomparavelmente lindo. E deve estar na mulher mais linda do mundo”, disse  sobre a compra (Já eu, preferia o barco, fazer o quê?).

Kalizma vendido para charters

Entre 1974 e 1995, o Kalizma passou por uma série de proprietários. Durante esse tempo, serviu como sede flutuante para a equipe britânica no desafio de vela da America’s Cup, que viu o New York Yacht Club perder o ‘Auld Mug’ após 132 anos para a Austrália, em 1983. 

proa de barco
Que tal um jantarzinho na proa, à luz de velas? Imagem, Kkalizma.com.

Muito tempo depois, foi novamente vendido, desta vez para charters, quando navegou pelo Índico, e o Mediterrâneo. Foi classificado em 97º dos 100 melhores superiates da Ásia-Pacífico em 2022.

O atual proprietário

Um investidor importante, Shirish Saraf é atualmente o fundador e vice-presidente da Samena Capital, cujos investimentos incluem Bloom Hotels, Virtus Medical Holdings e Softlogic Holdings no Sri Lanka, entre outros.

A joia naval em plena forma mesmo com mais de 100 anos! Imagem, Kkalizma.com.

Saraf já foi considerado um dos 25 investidores mais influentes da Ásia e é palestrante frequente em conferências, incluindo o Fórum Econômico Mundial. Não se sabe por quanto o comprou, mas dizem que ao final, gastou cerca de quatro vezes mais na reforma do iate do que no próprio barco.

Kalizma em reforma
Em reforma. Imagem, www.boatinternational.com.

No entanto, quando Saraf o comprou, foi em um leilão mal frequentado. O iate estava em um estado lamentável – sem seguro, fora de classe, “um navio morto”, lembra o gerente de projeto e diretor administrativo da West Coast Marine Yacht Services Aashim Mongia – e levaria dois anos para restaurá-lo à sua antiga glória.

Que beleza de barco, e como eu gostaria de ter sido a Elizabeth Taylor!

Imagem de abertura:www.kalizma.com.

Fontes: https://www.worthpoint.com/worthopedia/motor-yacht-kalizma-1906-richard-307629028; https://www.boatinternational.com/yachts/editorial-features/classic-yacht-refit-kalizma; https://www.kalizma.com/.

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