Indústria pesqueira, plástico, e outros problemas
A indústria pesqueira mundial vem sofrendo críticas de ambientalistas e até fóruns internacionais mundo afora por vários motivos. Se por um lado é a partir dela que boa parte da população mundial se alimenta, por outro a mesma indústria é acusada por poluir os oceanos com plástico, e ainda por não respeitar os limites da pesca sustentável.
Indústria pesqueira, plástico, e outros problemas
Segundo a WWF “Até 1 milhão de toneladas de equipamentos de pesca são descartados ou perdidos no oceano todos os anos. Outro dado sobre os equipamentos perdidos nos oceanos é do Greenpeace que diz que ‘mais de 640.000 toneladas de redes, linhas, e armadilhas usadas na pesca comercial são despejadas e descartadas no mar todos os anos’.
De acordo com o jornal The Guardian, os dados do Greenpeace estão em um relatório, ‘que se baseia na pesquisa mais recente sobre “equipamentos fantasmas” que poluem os oceanos. A ONG apela a uma ação internacional para deter a poluição do plástico, que é mortal para a vida marinha.
“Redes e linhas podem representar uma ameaça para a vida selvagem por anos ou décadas. Mesmo perdidas elas capturam tudo, desde pequenos peixes e crustáceos a tartarugas, pássaros marinhos e até baleias ameaçadas de extinção.”
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Estima-se que o equipamento fantasma seja responsável por 10% da poluição do plástico do oceano. Um estudo descobriu que até 70% (em peso) dos macroplásticos (mais de 20 cm) encontrados flutuando na superfície do oceano estavam relacionados à pesca.
Ainda segundo o Guardian, ‘um estudo recente da “grande mancha de lixo do Pacífico” estimou que continha 42.000 toneladas de megaplásticos, dos quais 86% eram redes de pesca.
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Outra expedição ao sul do Pacífico encontrou cerca de 18 toneladas de entulho de plástico em um trecho de praia de 2,5 km na ilha Henderson, desabitada. Em uma coleta de 6 toneladas de lixo, estima-se que 60% tenham origem na pesca industrial.
Segundo o relatório do Greenpeace, “a regulamentação deficiente e o lento progresso político na criação de santuários oceânicos proibidos para a pesca industrial permitem que esse problema exista e persista.”
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É assim que foram batizados os petrechos de pesca perdidos no mar. Porque, mesmo perdidos, eles continuam matando a vida marinha por anos a fio, até se desfazerem em partículas que infestam os oceanos com microplástico.
Mas, antes de tornarem-se partículas de plástico, eles matam no caminho da degradação centenas de milhares de cetáceos, focas, tartarugas marinhas e pássaros no mundo.
Segundo relatório Pesca fantasma: uma síntese das causas e consequências, do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará, nos últimos 15 anos, “Redes de emalhe e armadilhas perdidas podem permanecer intactas e ainda capturar a vida marinha por cerca de 50 anos.”
O emalhe consiste em um aparelho de pesca que funciona de forma passiva. A captura ocorre pela retenção dos peixes na malha da rede de emalhe, também denominada de rede de espera. A rede é de forma retangular que se estende ao mar nos pontos de passagem de cardumes.
Os animais mais afetados são peixes e crustáceos, mas não apenas.”
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Medidas mitigatórias para a indústria pesqueira
A Comissão de Pesca da FAO, em 2011, aprovou diretrizes internacionais sobre a gestão de capturas e redução de rejeitos. Entre as sugestões estão a marcação dos petrechos de pesca, a notificação, recuperação dos petrechos perdidos; e um quadro regulamentar para lidar com os infratores.
Apesar das diretrizes da FAO, das denúncias de ONGs, e da confirmação do problema pela comunidade acadêmica, pouco se faz de fato no mundo.
WWF convoca
Outro veículo que abordou o assunto foi o Independent: “O WWF convocou mais governos a se juntarem a líderes de 40 países que estão apoiando um tratado da ONU sobre poluição marinha por plástico e pediu mais trabalho para controlar equipamentos fantasmas.”
“A organização também pediu aos países que se juntassem à Global Ghost Gear Initiative, uma aliança da indústria pesqueira, acadêmicos e outros grupos, com foco em abordar o problema em todo o mundo.”
Sarah Young, chefe de política marinha do WWF declarou:
Nosso oceano é o herói anônimo na luta contra a crise climática. O planeta hoje já estaria 35ºC mais quente sem o oceano para nos proteger
A resposta a estas medidas mundo afora
É praticamente igual a zero. Poucos países se preocupam com elas. A preocupação dos governos mundo afora é com os empregos gerados. Por isso os problemas tendem a continuar até que a pesca industrial acabe de vez.
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Só para dar um exemplo a China, a maior potência pesqueira mundial, simplesmente invade santuários marinhos como Galápagos quase todos os anos sem que nada de prático aconteça.
E, além disso, mais de 1 bilhão de pessoas dependem de frutos do mar como principal fonte de proteína, enquanto cerca de 100 milhões de pessoas dependem da pesca para sua renda.
2048, fim da pesca industrial?
Segundo a National Geographic “um estudo de dados de captura publicado em 2006 na revista Science previu sombriamente que se as taxas de pesca continuarem altas, todas as pescarias do mundo terão entrado em colapso até o ano 2048.
E por que exatamente 2048? Bem, segundo os estudos sobre a sobrepesca e outros que mostram a quantidade de plástico que a humanidade despeja nos oceanos, em 2050 haverá mais plástico (em peso) que peixes nos oceanos. A fonte desta informação é um relatório de 2016 do World Economic Forum e da Ellen MacArthur Foundation.
Não satisfeitos, hoje sabe-se que além da pesca industrial não respeitar fronteiras ou regras ela ainda é responsável por parte considerável da poluição por plástico nos oceanos.
Quanto ao Brasil e à atividade, nem é bom comentar. Aqui, sequer temos estatísticas da pesca. Mas o que mais incomoda não é o pouco caso do governo, é a apatia generalizada da população.
Este, em nossa opinião, é o pior dos problemas. Enquanto o mundo grita pelos desmandos às florestas, apenas uns poucos veículos ainda abrem espaço para comentar os desatinos da pesca industrial.
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Devido à falta de informação o público fica sem saber que os últimos animais selvagens, habitantes dos oceanos, são dilapidados anualmente sem qualquer chance ou comoção popular. É curioso.
Com os ambientes terrestres a reação é oposta. Porquê a morte de um bisão seria diferente de um cação?
A National Geographic confirma: “um público que se acostumou com frutos do mar abundantes e em grande parte apático com a situação difícil dos oceanos complica os esforços para reparar os danos que causamos.”
Imagem de abertura: https://plasticgeneration.com/
Fontes: https://www.theguardian.com/environment/2019/nov/06/dumped-fishing-gear-is-biggest-plastic-polluter-in-ocean-finds-report; https://greensavers.sapo.pt/perto-de-1-milhao-de-equipamentos-de-pesca-perdem-se-anualmente-no-oceano/; file:///Users/joaolaramesquita/Downloads/41589-Texto%20do%20artigo-144094-1-10-20200311%20(1).pdf; https://www.nationalgeographic.com/environment/oceans/critical-issues-overfishing/#:~:text=A%20study%20of%20catch%20data,collapsed%20by%20the%20year%202048; https://www.independent.co.uk/environment/ghost-fishing-gear-marine-wildlife-wwf-plastic-pollution-ocean-b1162321.html?fbclid=IwAR2iG76-Q-zS_3-uY5TWoFQOF0FGtho1bZJP3xaunGhqaS5KkBFXUAvNHZM.
É uma completa vergonha o modo como o ser humano trata do meio ambiente e dos outros animais. Uma dieta sem consumo de animais (carnes, frango, peixe) é urgente! O poder está nas nossas mãos, pro bem e pro mal.
SE SOMENTE OS PLÁSTICOS FOSSEM OS PROBLEMAS.