Descoberta subaquática do templo nabateu em Pozzuoli, Itália
Em 2023, arqueólogos realizaram uma pesquisa subaquática no antigo porto romano de Pozzuoli, Itália, e descobriram os restos submersos de um templo nabateu. Esta descoberta representa o primeiro templo conhecido dessa antiga civilização árabe fora de seus territórios tradicionais. A Archaeology Magazine informou que a descoberta faz parte do projeto “Between Land and Sea”. Esta é uma iniciativa do Ministério da Cultura italiano e da Universidade da Campânia, voltada para explorar os tesouros arqueológicos submersos no Golfo de Pozzuoli. O templo, que data do auge das relações nabateias-romanas entre os reinados de Augusto (31 a.C. – 14 d.C.) e Trajano (98 – 117 d.C.), provavelmente surgiu durante um período de grande prosperidade e independência para os nabateus.
‘A vanguarda do planejamento urbano’
Segundo o La Brújula Verde, ‘A ripa Puteolana, é uma faixa de distritos romanos submersos que se estende por dois quilômetros entre o porto de Puteoli e Portus Iulius. Esta faixa é apenas uma peça de um quebra-cabeça complexo que atravessa todo o Golfo de Pozzuoli. A área, que atingiu o seu pico durante a era Augusta (31 a.C a 14 d.C.), representou a vanguarda do planejamento urbano e do desenvolvimento arquitetônico em um movimentado distrito portuário. Pozzuoli desempenhou um papel crucial no comércio marítimo, principalmente na distribuição de grãos. A costa era dominada por armazéns para estocar mercadorias, formando uma paisagem urbana que refletisse a importância estratégica do porto nas redes de comércio mediterrâneas’.
O templo nabateu é uma descoberta que deve muito à meticulosa documentação fotogramétrica aérea realizada em 2022, revelou o La Brújula Verde. As ruínas estão em um estado surpreendentemente bom de preservação. Até agora, os arqueólogos identificaram e documentaram duas salas delimitadas por paredes opus reticulatum. Esta técnica de construção é tipicamente romana, e consiste em uma pequena face de blocos de tufo vulcânico dispostos em um padrão de rede.
Petra, na Jordânia, mais uma obra dos nabateus
A National Geographic, que também repercutiu a descoberta, lembrou que ‘a deslumbrante cidade de Petra, na Jordânia, foi construída pelos nabateus com quantias impressionantes do comércio de luxo’. A matéria, de autoria de Andrew Curry, conta que depois que avistaram uma laje de mármore branco sob um espalhamento de pedras e areia, os pesquisadores voltaram mais tarde para limpar detritos ao redor da laje. Então, encontraram inscrições latinas incisas sobre ele, dedicadas a um deus adorado há 2.000 anos nos desertos distantes da Jordânia moderna e da Arábia Saudita. A laje, eles perceberam, era um altar – e evidência que os arqueólogos esperavam descobrir por mais de um século.
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Plínio, o Velho testemunhou a riqueza dos nabateus
Como sempre, a NG situou o leitor no tempo. ‘Em seu auge, os enigmáticos nabateus eram os principais comerciantes e intermediários que ligavam o império romano a mercadorias de luxo do leste. O autor romano Plínio, o Velho, afirmou que os cidadãos-consumidores ricos estavam enviando anualmente quantias impressionantes de dinheiro para a Arábia, índia, China. Isso é uma indicação da importância do comércio de bens cobiçados como seda, incenso e especiarias. Ao controlar sua passagem pelos desertos da Península Arábica, os ricos nabateus financiaram um reino próspero cujas ruínas, em locais como Petra, na Jordânia, e Hegra, na Arábia Saudita, ainda surpreendem os turistas hoje’.
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Uma planta do templo
O Heritage Daily publicou uma planta do templo e explicou os detalhes. ‘O templo tinha um plano retangular e duas salas com acesso voltado para o norte, ligadas às rotas internas do vicus Lartidianus (uma área designada para estrangeiros envolvidos no comércio)’.
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De acordo com os autores do estudo, “A existência de um santuário nabateu dentro da área portuária confirma que havia uma comunidade daquela região participando das atividades comerciais de Puteoli (antigo nome de Pozzuoli)”.
“A integração desses indivíduos dentro da comunidade local é evidente nas técnicas de construção e materiais usados na construção do templo. O mesmo aconteceu com o latim escolhido para as inscrições ao seu deus supremo, o senhor das montanhas e a força germinante da natureza, Dushara.”
Quem eram os nabateus?
Quem explica é Dan Gibson, autor de Nabateus, Construtores de Petra. ‘No livro examino este povo à luz de sua posição social, e apresento um caso que mostra os nabateus como uma tribo tradicionalmente desprezada. Eu aponto que por causa de sua baixa posição social, pelo menos em sua história inicial; eles desenvolveram suas próprias rotas comerciais.
‘Os nabateus eram conhecidos como uma tribo árabe que se dedicava ao comércio. Durante este período, estabeleceram pequenas colônias em comunidades de tendas nos arredores de muitos dos principais centros da Arábia, da Mesopotâmia e do Levante’.
‘No período de 600 a.C. – 250 a.C., começaram a usar barcos para piratear no Mar Vermelho e depois no Mar Mediterrâneo, a partir do porto de Gaza. Mas, Gaza parecia perder sua importância. A maioria dos comércios árabes e asiáticos nabateus passaram para a Alexandria. E eles continuaram sua expansão para o norte, ganharam o controle da antiga cidade de Damasco em 85 a.C. Isso permitiu que dominassem completamente as rotas terrestres e marítimas do leste. Agora os nabateus controlavam a Rota da Seda, a Estrada do Incenso, a Estrada do Rei e as rotas de comércio marítimo com a índia e o Sri Lanka.
Ao que parece, foi este o apogeu dos nabateus. Segundo Dan Gibson, ‘eles emergiram repentinamente como uma potência econômica de classe mundial. Neste ponto, começaram a trabalhar duro na projeção de uma imagem global ou riqueza, opulência e honra. Um desses projetos foi a construção de uma capital de classe mundial, Petra’.
A arqueologia, submarina ou não, realmente é fascinante. Mas gostaria de saber como essa área descoberta ficou submersa. O mar subiu? O solo cedeu?
Sim, essa foi justamente a primeira pergunta que me ocorreu… Vou pesquisar pois agora tô curioso hahaha