Conheça o atum azul chamado de ‘viajante global’
Esses peixes são tão importantes que existem várias organizações internacionais dedicadas a promover a pesca responsável de atuns e espécies relacionadas. Entre elas estão a Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico e a Comissão Inter-Americana para os Atuns Tropicais. O gênero é conhecido como Thunnus, que compreende oito espécies divididas em dois subgêneros. O atum azul (bluefin tuna, em inglês), também chamado de atum rabilho, é o mais conhecido e cobiçado, encontrado no Atlântico, Mediterrâneo e Pacífico, além de ser o maior da espécie. De acordo com o site www.americanoceans.org, o maior já capturado no Atlântico pesava incríveis 680 kg.
Predadores do topo da cadeia
Todos os membros dessa espécie são considerados predadores do topo da cadeia alimentar e são admirados em todo o mundo por suas qualidades excepcionais. Aliás, não falta fama a eles. Existem centenas de sites especializados em todo o mundo dedicados aos atuns. É difícil encontrar outro animal com tantas referências na internet.
Esses peixes são os mais rápidos dos oceanos, com uma forma aerodinâmica que lembra um torpedo. Quando estão caçando suas presas ou fugindo de predadores, como baleias e tubarões, podem atingir velocidades de até 70 km/h! Suas migrações são épicas, levando-os de um lado para o outro do Atlântico, e eles também são capazes de mergulhar a profundidades de até 3 mil metros.
De acordo com o Museu da Flórida, peixes adultos marcados realizaram migrações transpacíficas, alguns indo para leste e outros para oeste. Outros estudos mostraram que um atum azul pode atravessar o Atlântico em menos de 60 dias.
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A cor de sua carne: vermelha
Outra característica notável é a cor de sua carne, que é vermelha devido à presença significativamente maior de mioglobina, uma proteína pigmentada vermelha que armazena oxigênio em suas células musculares.
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Suas cores auxiliam na camuflagem dentro das águas oceânicas que têm tonalidades semelhantes. Alguns atuns, como o atum azul, têm sangue quente, à semelhança dos mamíferos. Eles conseguem manter sua temperatura corporal mais elevada do que a água ao seu redor, graças a uma estrutura especializada dos vasos sanguíneos conhecida como trocador de contracorrente. Isso proporciona várias vantagens em relação aos peixes de sangue frio.
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Sua alimentação consiste em vários animais marinhos, como peixes, lulas, caranguejos, lagostas e outros crustáceos, e eles podem viver entre 40 e 50 anos. Outra curiosidade é que nunca param de nadar. O oxigênio é necessário na corrente sanguínea, então, os atuns nadam para frente com a boca aberta para obter o oxigênio da água.
O atum azul do Atlântico é uma iguaria muito procurada para sushi e sashimi na Ásia – um único peixe foi vendido por 3,1 milhões de dólares! Esta elevada procura faz com que seja um dos mercados mais competitivos e com sobrepesca, daí a ameaça de extinção.
E é em razão deste absurdo valor para um animal selvagem que a corrupção se enraizou na indústria da pesca. Recentemente, descobriram contrabando de atum no Mediterrâneo, envolvendo França, Itália, Espanha e Malta. A denúncia envolve milhões de euros e cerca de 80.000 Kg de atuns capturados e comercializados ilegalmente. A ICCAT é uma espécie de FIFA da pesca internacional.
Segundo o www.americanoceans.org, governos e investigadores estimam que a pesca comercial do atum gera perto de US$ 42 bilhões de dólares por ano.
Distribuição geográfica e reprodução
Reprodução
- A reprodução do atum azul ainda é um aspecto estudado por biólogos marinhos. Eles tendem a se reproduzir em águas mais quentes, o que coincide com algumas das áreas onde são encontrados, como o Golfo do México.
- Durante a época de acasalamento, os atuns azuis se agrupam em grandes cardumes, facilitando a fertilização dos ovos.
Conservação
- É importante notar que o atum azul está enfrentando desafios de conservação devido à pesca excessiva e à demanda do mercado. Esforços de conservação estão em andamento para garantir a sustentabilidade da espécie.
Pesca do Atum Azul no Brasil
A pesca do atum no Brasil, embora não seja uma tradição antiga, tem se desenvolvido ao longo dos anos e tem algumas características e marcos históricos notáveis:
Desenvolvimento Histórico
- Início em 1959: A pesca de atum nas regiões Sudeste e Sul do Brasil começou em 1959, marcando o início da atividade na região. Essa fase inicial envolveu o arrendamento de barcos japoneses.
- Interrupção em 1964: A instabilidade política no Brasil levou à interrupção dessa atividade em 1964, quando os parceiros estrangeiros começaram a procurar outros portos.
Estudo de 2007
- “A Pesca Oceânica no Brasil do Século XXI”: Este estudo, realizado pelos professores Fábio Hazin e Paulo Henrique Travassos da Universidade Federal Rural de Pernambuco, trouxe novas perspectivas sobre a pesca do atum no Brasil, destacando a importância econômica e social da atividade.
Impacto Econômico e Social
- Movimentação Financeira: A pesca do atum no Oceano Atlântico movimenta cerca de 4 bilhões de dólares por ano.
- Produção Brasileira: O Brasil produz, em média, 34 mil toneladas de atum por ano.
- Frota e Emprego: Cerca de 200 barcos de diversos portes estão envolvidos na pesca do atum no Brasil, gerando aproximadamente seis mil empregos diretos e indiretos
Aspectos Atuais
- Tecnologia: Os pesqueiros utilizados são pequenos navios equipados com alta tecnologia, adequados para a pesca em alto mar.
- Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (SINDIPI): Esta organização desempenha um papel importante na regulamentação e no suporte à indústria de pesca na região.
Conservação e Gestão
É crucial que haja uma gestão sustentável da pesca do atum no Brasil para garantir a preservação da espécie e a continuidade da atividade pesqueira de forma responsável.
Alguns cientistas contrários à pesca do atum
Uma renomada oceanógrafa e defensora dos oceanos, Sylvia Earle tem expressado preocupações sérias sobre a pesca do atum. Ela afirma que 95% do atum azul dos oceanos já foram consumidos, principalmente como sushi, indicando um declínio alarmante nas populações dessa espécie.
O Greenpeace também protestou:
O Greenpeace flagrou, em fevereiro de 2001, o navio pirata Wen Shun 606 descarregando atum no Porto de Cabedelo, Paraíba. O Wen Shun 606 é listado na ICCAT como sendo navio que “se acredita engajado na pesca não-relatada e não-regulada”. A embarcação pirata é registrada em São Vicente e Granadinas, foi construída na China e pertence à Continental Handlers Limited, empresa baseada em Trinidad & Tobago.
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Outras ONGs dizem que o ICCAT ignorou o conselho de cientistas que queriam o fim da pesca do atum-azul, já em 2009, e criou cotas de pesca da espécie de 13.500 toneladas.
O peixe faz parte da história da humanidade
Importância Cultural e Econômica
- Uso Alimentar Antigo: O atum serviu como fonte de alimento para os antigos gregos e, posteriormente, para as legiões romanas. Sua presença em dietas antigas mostra a importância econômica e nutricional que ele teve ao longo da história.
- Representação em Moedas: A importância do atum para as civilizações antigas é também simbolizada pela sua representação em moedas, indicando seu valor econômico e cultural.
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Muito boa a descrição da espécie e de suas pescarias. Contudo, uma informação precisa ser corrigida. A pesca de atuns no Brasil efetivamente teve início em 1959 (junho-julho), quando barcos japoneses baseados no porto do Recife, operaram na zona equatorial do Atlântico oeste. A principal espécie capturada naquela época foi a albacora laje – yellowfin tuna. Apenas em 1958 alguns barcos iniciaram a pescaria a partir do porto de Santos. Pouco depois, em 1960, é que a frota baseada em Recife passou a capturar o bluefin tuna mesma zona equatorial do início da pescaria,em 1956. Essas capturas da espécie ocorreram até 1964, quando os japoneses deixaram de operar com base em portos brasileiros. Possivelmente esses peixes eram oriundos do Atlântico norte, do estoque de oeste da espécie. Desde então, tem sido raras as capturas do bluefin tuna ao largo da costa Norte-Nordeste do Brasil.
Um abraço!
Paulo Travassos
UFRPE
Obrigado pelo esclarecimento, Paulo. Abraços.