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Canudinhos de plástico e a reação europeia e brasileira

McDonald’s, Coca-cola e canudinhos de plástico, vamos dar um basta?

Está na hora das empresas (e cidadãos), especialmente gigantes como a McDonald’s, Coca-Cola, e outras,  serem um pouco mais responsáveis e pensarem nas futuras gerações. Não é possível que, com todas as informações sobre perda de biodiversidade, aquecimento global e poluição, elas continuem a agir como se não fossem parte disso. McDonald’s, Coca-cola, canudinhos de plástico, e ‘formadores de opinião’, vamos dar cabo desta farra?

União Europeia vai banir ‘plásticos de uso único’ até 2021

Mais uma vitória do bom senso. Não é sempre que acontece. Comemore. O Parlamento Europeu aprovou  proposta para proibir produtos de plástico de uso único, ou ‘descartáveis’, como pratos, xícaras, canudos, talheres, cotonetes, e outros, em todos os países da União Europeia (UE).

Fabricantes forçados a cobrir custos de reciclagem

A proposta recebeu amplo apoio dos eurodeputados. Ela prevê que alguns produtos descartáveis que já têm substitutos fabricados com outras matérias-primas sejam banidos a partir de 2021. Os Estados-membros seriam obrigados a reciclar 90% das garrafas de plástico até 2025, enquanto os fabricantes teriam que ajudar a cobrir os custos do gerenciamento do lixo.

União Europeia vai punir fabricantes, uma ideia a ser copiada no Brasil

Já escrevemos neste site sobre a visita que fizemos ao presidente da ABIPLAST, a fortíssima Associação Brasileira da Indústria do Plástico, José Ricardo Roriz Coelho, pouco tempo atrás. E da negativa que ele deu sobre a ABIPLAST se engajar em campanhas de reciclagem de plástico. Roriz não vê nenhuma culpa por parte da indústria, e diz “não ter recursos” para investir em reciclagem. Ora, é óbvio que tem. Em 2012 as empresas que fazem parte da ABIPLAST foram responsáveis por vendas que totalizaram R$ 56 bilhões de reais!

Reação brasileira aos canudinhos de plástico

O Mar Sem Fim se sente à vontade para escrever. Que nos conste, somos o único site especializado em meio ambiente marinho. Desde 2005 adotamos mares e oceanos como projeto de vida. E passamos a divulgar as alarmantes questões que são discutidas em fóruns internacionais sem qualquer repercussão por aqui. Isso se deve a dois fatores: o baixo nível de ensino. E a crise sem precedentes da imprensa, especialmente a escrita, que sempre abriu espaço para a causa ambiental. Sem contar com a ajuda da imprensa, como fazer para alertar o público? Nasceram assim as séries de documentários, site, livros e palestras do Mar Sem Fim.

As primeiras grandes vitórias do Mar Sem Fim

A primeira foi a audiência que teve nossa série inicial de documentários. Veiculada pela TV Cultura(2005 -2007), foi líder de audiência com 3 pontos de média, e picos de até 4.6 (Na época cada ponto do Ibope equivalia a 43 mil domicílios na Grande São Paulo). Assim começou a repercussão pública de nosso trabalho. A segunda vitória aconteceu recentemente quando, junto com um grupo de ambientalistas, convencemos o Governo Temer a olhar para o mar. Ele foi o primeiro presidente, desde a redemocratização, a fazê-lo. A prova é que saímos de 1,5% de mar protegido (através da criação de unidades de conservação), para cerca de 25%, com duas enormes áreas criadas por Michel Temer.

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Terceira vitória, a reação aos malfadados canudinhos de plástico

Há anos temos batido na tecla da inutilidade e perigo do plástico que entope os oceanos. Trouxemos ao público brasuca a informação de que só nos Estados Unidos são produzidos 500 milhões de canudinhos por dia! Usados por três ou quatro minutos, são descartados depois  na natureza de onde nunca mais saem. A matéria que segue abaixo foi uma das primeiras que fizemos sobre canudinhos. Hoje temos motivos para comemorar. Houve importantes vitórias.

A reação das cidades contra canudinhos de plástico

A primeira cidade a bani-los foi o Rio de Janeiro. O  vereador Jorge Felippe(MDB) apresentou projeto sancionado pelo prefeito  em julho de 2018. Segundo o texto da lei, os estabelecimentos devem oferecer aos consumidores versões de papel biodegradável ou reciclável. Os que descumprirem estão sujeitos a multa de 3.000 reais– valor que pode chegar a 6.000 reaisem caso de reincidência. Cidades do litoral de São Paulo aderiram imediatamente. Projetos multam, e até propõem a cassação de licença de funcionamento de quem burlar a norma. A Folha de S. Paulo(21/10/18) informa que das 13 cidades do litoral apenas Cubatão e Mongaguá ainda não discutiram o tema. Os canudos já estão banidos em Bertioga, Guarujá, Itanhaém, Peruíbe, Praia Grande, Santos, São Vicente, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. Não é sensacional?

A reação do público em geral

As redes sociais estão abarrotadas de ‘memes’, algumas cadeias de lanchonetes já não oferecem canudos de plástico. Restaurantes mudam fornecedores, e também começam a NÃOoferecer canudinhos.  E, nas festas de ‘bacanas’ (aqueles da faixa dos 40 pra cima, onde temos informações), em vez de canudos de plástico o ‘must’ agora é oferecer um tipo de macarrão com furo no meio. Parece incrível, mas a sociedade  reagiu. Até a gigante Drogasil já NÃO oferece apenas sacos plásticos. Estivemos numa das lojas e, ao recusarmos o plástico, um dos caixas ofereceu-nos sacos de papel!! Falta um pouco mais, talvez o imprescindível apoio dos publicitários, para a campanha estourar em todo o Brasil. Temos responsabilidade sobre isso afinal, apesar do consumo per capita estar bem abaixo de países como Japão ou Estados Unidos, ainda assim é de 10 kg por ano/ por pessoa.

A seguir, a matéria original

Projeto passou! Califórnia na vanguarda outra vez!

A primeira matéria da imprensa brasuca sobre o problema dos canudinhos plásticos é a que segue abaixo. Foi um susto geral na terrinha. Ninguém imaginava que os números desta ‘epopeia da bobeira’ atingiriam a produção de meio bilhão de canudinhos por dia, todos os dias, só nos Estados Unidos! Agora, em Setembro, a Califórnia torna-se o primeiro Estado norte-americano a restringir o uso de canudinhos.

Seattle, Washington

Neste mesmo ano, no verão,  Seattle, Washington, se tornou a primeira grande cidade dos EUA a proibir canudos (Atualmente, 15 cidades norte-americanas aprovaram proibições similares). E essa não é a única boa notícia. Pressionado, o McDonald’s começou a entregar os pontos. Anunciou que vai substituir os canudos de plástico por canudos de papel em todos os seus restaurantes do Reino Unido e Irlanda a partir de setembro. Serão menos 1,8 milhão de canudos por dia apenas no Reino Unido! Quando será que a Coca-Cola vai se tocar e mudar de postura?

Em um ano os USA produzem 182.5 bilhões de canudinhos plásticos!

Qualquer um pode multiplicar, 500 milhões x 365 dias =, e chegar aos acachapantes 182.5 bilhões e meio de unidades por ano!! De um material infantil, que tem vida útil de cinco minutos, se tanto, em seguida vai pra algum aterro se tiver sorte; ou para a calha dum rio, ou praia, e de lá para o mar. É tão óbvio, e imoral, que choca termos demorado tanto pra fazer a conta.

Coca-Cola fabricou 110 bilhões de garrafas em 2017

Não se pode citar uma só uma ‘gigante’, como se  dela fosse toda a responsabilidade. Eis aí os números de mais uma empresa que emporcalha – com nossa ajuda, diga-se, o meio ambiente. A Coca fabrica 3.4 mil garrafas pets por segundo, de acordo com estimativas do Greenpeace, que lidera campanha mundial contra a excrescência. Reiterando sempre que o plástico não se desfaz jamais. No máximo, se quebra em micropartículas que já estão em nossa cadeia alimentar (via peixes e frutos do mar que comemos) e nas torneiras nossas casas.

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Como ficou a legislação no Estado da Califórnia

“A partir do próximo ano, se você quiser um canudo em um restaurante da Califórnia, você precisará pedir”, informa a Time.com “Uma lei, assinada em setembro de 2018 pelo governador Jerry Brown faz da Califórnia o primeiro estado a proibir os restaurantes  de distribuir automaticamente canudinhos de plástico. Quem não cumprir, depois de dois avisos, receberá multa de U$ 300 dólares. Brown fez questão de declarar:

É um pequeno passo em direção à redução da poluição marinha. O plástico ajudou a promover a inovação em nossa sociedade, mas nossa paixão pela conveniência de uso único levou a consequências desastrosas. Plásticos, em todas as formas – canudos, garrafas, embalagens, sacos, etc. – estão sufocando o planeta.

Liderança da Califórnia

Nas questões do meio ambiente a Califórnia é líder mundial. “O Estado fez algumas das leis ambientais mais ousadas  – que formaram a base para os esforços nacionais de combate à poluição. A Califórnia adotou alguns dos padrões de qualidade do ar mais difíceis do mundo. Enquadrou a indústria automobilística, obrigando-a reduzir todas as emissões de gases do efeito estufa em 25% ao longo de 13 anos (Schwarzenegger, 2006).

“O atual governador, Jerry Brown, impulsionou ainda mais as metas de mudança climática no mês passado com uma legislação ambiciosa que  obriga  a Califórnia a gerar 50% de sua eletricidade a partir de recursos renováveis, como eólica e solar, até 2030.”

Os exemplos da Califórnia se espalham

Por suas atitudes, a Califórnia é vitrine mundial de um Estado que corre atrás da transição energética, dispensa o blá-blá-blá. Vai à luta e avança, passo-a-passo, mas avança. Na questão do plástico, foi o primeiro Estado norte-americano a banir sacola de uso único. Inspirou boa parte dos países do mundo que em seguida copiaram o exemplo.

Que a restrição aos canudinhos de plástico seja seguida

Que o mesmo aconteça agora com os canudinhos plásticos, no mundo e, especialmente, no Brasil.  Quanto mais cedo mudarmos, melhor, mais barato, e menos traumático. É bom lembrar o tranco dos eventos extremos, espécies de ‘coice dos infernos’, que a nossa depravação de costumes recebeu como troco. Em 40 anos nos custaram cerca de 2,4 trilhões de dólares!! Isso não é novidade. Só nossos políticos não sabem o que se passa (veja análise das plataformas dos presidenciáveis feita pelo Mar Sem Fim). Além do mais, o assunto já é velho. Desde 2014 o Banco Mundial alerta: “Aquecimento global não está sendo levado a sério.

Veja aqui um resumo da nova Lei

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Pois é…

Foto: www.1millionwomen.com.au

McDonald’s usa milhões de canudinhos de plástico todos os dias

O McDonald’s usa milhões de canudinhos de plástico todos os dias. Usados por apenas alguns segundos, depois jogados fora, muitos acabam poluindo os oceanos.   Pequeno, leve e difícil de evitar, não é de admirar que os canudinhos despejados no mar fiquem presos nas narinas das tartarugas marinhas, alojados nos estômagos das aves e acabem na nossa cadeia alimentar depois de serem comidos por peixes.

Só no USA são 500 milhões de canudos usados diariamente

Segundo a campanha The Last Plastic Straw (o último canudo de plástico), só nos Estados Unidos são 500 milhões de canudos usados diariamente. Veja quais os materiais plásticos mais encontrados nas praias dos Estados Unidos.

McDonald’s e canudinhos de plástico, vamos dar um basta?

Diga ao McDonald’s que pare de usar canudinhos  de plástico que poluem os oceanos

A poluição provocada pelo plástico é uma das maiores ameaças aos nossos oceanos. E os malditos canudinhos  são um dos itens mais comuns encontrados nas praias, de acordo com o Greenpeace. Um total de 8 milhões de toneladas de plástico terminam em nossos mares a cada ano. Como resultado, estima-se que todos os anos um milhão de aves marinhas e 100 mil animais marinhos – como tartarugas marinhas – morrem.

O plástico não se degrada, mas é dividido em pedaços cada vez menores. Então,  esses microplasticos são engolidos por  aves marinhas, tartarugas, ou peixes. Tirar milhões de canudinhos fora de uso seria um passo importante para limpar nossos mares e proteger a vida selvagem dessa ameaça. Mais de 50 países baniram o plástico.

A importância de denunciar empresas poluidoras

Quando expomos o lado feio de gigantes corporativos – como o McDonald’s – eles tomam medidas para proteger sua marca. Ao fazê-lo, marcamos uma enorme vitória para o planeta.

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Assista vídeo de tartaruga com canudinho de plástico preso nas narinas:

Fontes: https://actions.sumofus.org/a/mcdonald-s-is-polluting-our-oceans/follow-up?member_id=20400630; https://oceanconservancy.org/trash-free-seas/international-coastal-cleanup/; https://www.washingtonpost.com/national/health-science/a-campaign-to-eliminate-plastic-straws-is-sucking-in-thousands-of-converts/2017/06/24/d53f70cc-4c5a-11e7-9669-250d0b15f83b_story.html?utm_term=.8ccb7ab95612; https://munchies.vice.com/en_us/article/59wn88/california-bill-aims-to-ban-plastic-straws; http://time.com/5402636/plastic-straws-california-law/; https://www.rawstory.com/2015/11/california-at-forefront-of-us-battle-on-climate-change/; https://www.ecowatch.com/plastic-straws-california-2606762227.html?utm_campaign=RebelMouse&share_id=3977666&utm_medium=social&utm_source=twitter&utm_content=EcoWatch; https://www.dw.com/pt-br/uni%C3%A3o-europeia-avan%C3%A7a-para-banir-pl%C3%A1stico-descart%C3%A1vel/a-46027542.

Foto de abertura: www.washingtonpost.com

Cocaína nos mares de São Paulo? Era só o que faltava

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