Submarino nuclear colide embaixo d’água, saiba como

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Submarino nuclear colide embaixo d’água, saiba como

Um submarino nuclear dos EUA sofreu acidente no Mar da China Meridional em outubro de 2021 ao colidir com um monte desconhecido, de acordo com uma investigação da Marinha dos EUA. O USS Connecticut, um submarino de ataque rápido da classe Seawolf (um dos três únicos desta classe de submarinos), colidiu com um objeto desconhecido em águas internacionais em 2 de outubro, causando ferimentos leves a moderados em 11 tripulantes, informou a NPR.

Imagem de submarino nuclear danificado
Imagem,hedrive.com.

Submarino nuclear dos EUA

Este é um tipo raro de acidente com submarinos. Mas, apesar do estrago,  a belonave danificada emergiu e chegou a um porto em Guam sem ajuda.

Segundo a Associated Press, na ocasião do acidente a Marinha não revelou a extensão total dos danos. Tudo o que disse na época foi que “não foi outro submarino” que colidiu com o navio. Esta ‘economia’ de informações é natural quando se trata da arma mais letal e furtiva da atualidade.

Mas, segundo o site LiveScience, um novo relatório, divulgado pela 7ª Frota dos EUA em 1º de novembro, “determinou que Connecticut aterrou em um monte submarino desconhecido.”

Imagem do submarino nuclear USS Connecticut
O USS Connecticut em época recente. Imagem,hedrive.com.

Os montes submarinos, ou montanhas subaquáticas, são remanescentes de vulcões subaquáticos extintos. A maioria tem forma de cone, mas alguns – conhecidos como guyots – têm picos grandes e planos.

Oficiais perdem o cargo

Acidentes com navios — de superfície ou submarinos — quase sempre têm o mesmo desfecho: os responsáveis voltam pra casa mais cedo. Este caso não foi diferente.

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A Marinha afastou dois oficiais de um submarino de ataque com propulsão nuclear. A embarcação sofreu danos após uma colisão subaquática no Mar do Sul da China.

Imagem de um submarino submergindo
Um submarino submergindo. Imagem,hedrive.com.

Segundo um comunicado da 7ª Frota, cujo comandante é o vice-almirante Karl Thomas,  ‘o bom senso, a tomada de decisão prudente e a aderência aos procedimentos exigidos no planejamento da navegação, na execução da equipe de vigilância e na gestão de risco poderiam ter evitado o incidente.’

Felizmente, o acidente não teve consequências maiores mas, por ser de propulsão nuclear, poderia ter sido muito pior.

Acidente provocou perplexidade

Entre autoridades militares, e analistas, sobra perplexidade. Afinal, como um submarino nuclear de bilhões de dólares que está carregado com alguns dos sensores mais modernos do planeta – literalmente um dos veículos mais avançados da humanidade já construídos – pode simplesmente bater em algo abaixo das ondas?

O site especializado The Drive tentou responder. Entramos em contato com o veterano submarinista Aaron Amick, amigo e colaborador do site e proprietário da Sub Brief, que passou 20 anos como sonarman a bordo da força submarina de mísseis balísticos e de ataque da América, bem como um instrutor para novos operadores de sonar.

imagem do USS Connecticut.
O USS Connecticut. Imagem,hedrive.com.

‘Quais são as armadilhas e pontos cegos que podem resultar em um submarino de bilhões de dólares carregado com os sensores mais avançados da Terra colidir com algo?

A resposta é que a navegação submarina requer um conhecimento muito detalhado da área circundante imediata. Existem dois métodos comuns de se obter uma navegação submersa segura: Cartas detalhadas e emprego de sonar de alta frequência ativo.

Os sonares

Esses sistemas de sonar de curto alcance e alta frequência revelam objetos subaquáticos próximos com grande clareza.

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imagem do interior de um submarino nuclear
Imagem, U.S. Navy.

Objetos submersos, como minas, destroços e outros submarinos são perfeitamente visíveis para um operador de sonar treinado.

Os sonares ativos são pouco usados

O The Drive mais uma vez explicou o porquê: ‘A desvantagem do uso de sonar ativo é que ele é detectável e a aproximadamente duas vezes o alcance que permite ao operador pesquisar, na maioria dos ambientes oceânicos. Um sonar típico de alta frequência e alta resolução ‘pode ver’ até 5.000 jardas e é vulnerável à detecção por pelo menos 10.000 jardas ou mais em boas condições’.

Imagem de interior de submarino
Os operadores de sonares. Imagem,hedrive.com.

Isso significa que um adversário pode localizar a posição de um submarino e segui-lo de perto. E o pior: faz isso sem ser detectado, enquanto o outro usa sonar ativo de alta resolução.

Por isso, o sonar ativo quase nunca é usado. Ele torna o submarino vulnerável à detecção. Se os sonares de mapeamento de fundo verificarem a posição do submarino na carta, há menos necessidade de usar um sonar de alta frequência voltado para a frente que pode revelar sua posição’.

imagem de Marinheiros norte-americanos no Mar da China
Marinheiros norte-americanos observam porta-aviões chinês no Mar da China. Imagem, hedrive.com.

E, como se sabe, o Mar da China é hoje um dos locais mais militarizados, e disputados do mundo. Ali trava-se a atual Guerra Fria do século 21. Isto pode explicar o acidente.

Colisão entre submarinos é possível no Mar da China

‘A colisão com submarinos tripulados no Mar da China Meridional é uma preocupação muito real. O corpo de água faz fronteira com muitas nações que operam submarinos convencionais e com propulsão nuclear’.

imagem da base de submarinos da China
Base Naval de Yulin. Imagem, hedrive.com.

‘A China opera a maior base de submarinos da Ásia, a Base Naval de Yulin, no Mar da China Meridional. A qualquer momento, pode haver vários submarinos operando na área’.

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A topografia do Mar da China Meridional

‘A topografia do Mar da China Meridional é muito difícil de navegar por causa de sua alta atividade tectônica. O fundo está em constante estado de mudança’.

Imagem da topografia do mar do Sul da China
A topografia do Mar do Sul da China. Imagem, Nasa.

‘Algumas áreas do Mar do Sul da China são muito profundas, com mudanças repentinas de profundidade para estruturas muito rasas, quase verticais, que podem subir à superfície’.

Procedimento padrão para colisão

De acordo com o The Drive, ‘O procedimento padrão durante uma colisão enquanto submerso é mover imediatamente para a parte rasa e manter a flutuabilidade positiva’.

‘O alarme de colisão soa. Todos se reportam às estações de controle de danos predeterminadas com o equipamento na mão’.

Imagem de submarino por dentro
A tripulação age rápido. Imagem,hedrive.com.

‘Um anúncio é feito pelo circuito interno, e todos os espaços reportarão os danos à Central de Controle de Danos’.

‘Como o submarino navega em espaço raso, o Oficial do Convés determinará se é seguro emergir imediatamente. Se for, o submarino vai direto para a superfície avaliar a situação. E tudo acontece em questão de segundos’.

Reator nuclear

Depois da segurança da tripulação, a maior preocupação é o reator nuclear. A contenção é essencial e passa por verificação imediata.

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As bombas e válvulas desses sistemas operam sob alta pressão e temperatura. São robustas e projetadas para suportar choques.

Mesmo assim, os técnicos vão checar todos os sistemas da sala de máquinas. O objetivo é garantir a segurança nuclear total.

Provavelmente, pelos motivos já explicados sobre os segredos que rondam os submarinos, as conjecturas apresentadas serão tudo o que teremos sobre mais este acidente. Dificilmente a Marinha dos Estados Unidos deixaria escapar mais informações.

Assista ao ataque com torpedos de um submarino francês moderno para conhecer a capacidade letal destas máquinas de guerra


Imagem de abertura: hedrive.com.

Fontes: https://www.livescience.com/submarine-hits-uncharted-seamount?utm_source=SmartBrief&utm_medium=email&utm_campaign=368B3745-DDE0-4A69-A2E8-62503D85375D&utm_content=3AC929E4-6145-4D64-A4AA-4B6994D7C392&utm_term=ed3c52ac-2ab9-4297-b170-3e287353803f; https://www.thedrive.com/the-war-zone/42706/why-multi-billion-dollar-nuclear-submarines-still-run-into-things-underwater.

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