Cobras marinhas: por que não existem no Atlântico?

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Cobras marinhas: por que não existem no Atlântico?

As cobras marinhas são répteis fascinantes que vivem quase exclusivamente nos oceanos Índico e Pacífico. Com cerca de 70 espécies conhecidas, elas se adaptaram perfeitamente à vida aquática, desenvolvendo corpos achatados lateralmente, caudas em forma de remo e a capacidade de respirar pela pele, o que lhes permite mergulhar por longos períodos. Apesar de sua ampla distribuição nos oceanos Indo-Pacífico, essas serpentes estão ausentes no Oceano Atlântico. Mas por quê?

Imagem de cobra marinha no mar
Imagem,https://theconversation.com/

Barreiras geográficas e climáticas

A ausência de cobras marinhas no Atlântico se deve a uma combinação de fatores geográficos, climáticos e históricos. Estudos indicam que essas serpentes evoluíram no Triângulo de Coral, no Sudeste Asiático, há cerca de 6 a 8 milhões de anos. Durante esse período, o Istmo do Panamá já havia se fechado, bloqueando a passagem entre os oceanos Pacífico e Atlântico. Além disso, correntes frias, como a de Benguela na costa sudoeste da África e a das Malvinas na América do Sul, criam barreiras térmicas que impedem a migração dessas espécies para o Atlântico.

Infográfico mostra distribuição global das cobras marinhas
A distribuição global das cobras marinhas. Ilustração, The cConversation.

As cobras marinhas não têm guelras. Para respirar, precisam subir até à superfície. Os brasileiros as conhecem pouco pelo simples fato de que o Atlântico não conta com elas, possivelmente em razão de correntes frias como a das Malvinas que sobe nosso litoral desde a Antártica; e a corrente de Benguela, que faz o mesmo papel no continente africano. Os animais preferem águas quentes, e não conseguem atravessar as correntes.

Preferência por águas quentes

As cobras marinhas preferem águas tropicais e subtropicais. Embora o Caribe e outras partes do Atlântico ofereçam temperaturas adequadas, as barreiras mencionadas anteriormente dificultam a chegada dessas serpentes a essas regiões.

Imagem de cabeça de cobra marinha
Imagem, Sciences Adelaide.

A exceção: Hydrophis platurus

A cobra-marinha-de-barriga-amarela (Hydrophis platurus) é uma espécie pelágica com a maior distribuição entre os répteis marinhos. Ela habita desde a costa leste da África até a costa oeste das Américas. No entanto, registros no Atlântico são extremamente raros e geralmente atribuídos a indivíduos que se desviaram de suas rotas habituais.

Adaptações únicas

Essas serpentes desenvolveram glândulas sublinguais especializadas para excretar o excesso de sal, permitindo-lhes viver em ambientes marinhos. Além disso, algumas espécies podem absorver oxigênio diretamente pela pele, uma adaptação vital para longos mergulhos.

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Imagem de cobra marinha nas rochas
Imagem, The Conversation.

Curiosidades

  • Veneno potente: Algumas cobras marinhas têm venenos mais tóxicos que os de suas parentes terrestres, mas são geralmente dóceis e evitam o contato com humanos.

  • Reprodução: A maioria das espécies é vivípara, dando à luz filhotes vivos no mar. No entanto, o gênero Laticauda é ovíparo e precisa retornar à terra para botar ovos.
  • Respiração: Apesar de viverem no mar, não têm guelras e precisam subir à superfície para respirar.
Imagem de mergulhador e cobras marinhas
Foto publicada pelo New York Times com a legenda: Claire Goiran, uma bióloga marinha da Universidade da Nova Caledônia, fotografando uma grande cobra marinha Hydrophis chamada Cathy em Noumea, Nova Caledônia, no Pacífico Sul. Crédito … Aline Guémas.

Picadas de cobras marinhas

Imagem de cobra marinha caçando
Imagem do NYT, legenda: Uma cobra marinha Hydrophis  comendo um peixe-gato. Imagem… Aline Guémas

As picadas em geral são raras. Na maior parte das vezes ferem pescadores que manuseiam redes, e quase nunca em mergulhos embaixo d’água.

As cobras marinhas também são exploradas na Austrália, Japão, Taiwan, Província da China, Tailândia e Vietnã.

Com exceção das Filipinas, o impacto da exploração de cobras marinhas nas populações é quase desconhecido e algumas populações podem já estar em perigo de extinção.

Assista ao vídeo do Deep Marine Scenes e saiba mais

Imagem de abertura: Aline Guémas

Correntes do oceano Atlântico aproximam-se do ponto de inflexão

Comentários

5 COMENTÁRIOS

  1. Só faço esse post, com o objetivo de um registro testemunhal:
    – Há uns 36 anos atrás, em um mergulho recreativo com meus filhos pequenos (10 e 4 anos) na praia interior na Ilha das Coves (Ubatuba-SP).
    Estávamos “esnorkelando”, com uma água cristalina, de uns 2-4 metros de profundidade.
    Deparámo-nos com um monte de cobras marinhas (deviam estar numa dança nupcial, ou algo que o vallha.
    Já estavam tentando se afastar e fugir da gente, tentando ou penetrando nas tocas do fundo.
    Fui me afastando lentamente, procurando não assustar meus filhos, que vinham atrás de mim.
    Nisso, minha filha (de +/- 12 anos) também viu e, silenciosamente chamou minha atenção.
    Aquiesci e avisei da retirada de fininho, pro meu filho menor (+/- 8 anos), não se assustar, e assim, excitar os bichos.
    Fomos embora, e nunca mais voltei lá pra conferir.
    Estáva desarmado e sem câmera fotográfica.
    Fica a informação desse avistamento.
    abraços cordiais.

  2. Estive recentemente em Barbados e quase pisei numa hydropis elegans. Na hora so assured.. depots duo pesquisar pra ver a espécie e fiquei bem assustada e agradecidakkk

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