Pirarucu encontrado em rio da Flórida preocupa autoridades norte-americanas
Esta semana o alarme ambiental soou nos Estados Unidos. Tudo começou quando um pirarucu, peixe típico da bacia Amazônica, foi encontrado em um rio da Flórida. O peixe é um dos maiores predadores de água doce. Sua presença no rio Caloosahatchee, no parque Cape Coral’s Jaycee, pode significar que um grande desequilíbrio ecológico está prestes a acontecer.
Pirarucu encontrado em rio da Flórida preocupa
O pirarucu foi encontrado morto na beira do rio que corre desde o lago Okeechobee até o golfo do México. Mas mesmo assim as autoridades ambientais dos Estados Unidos se preocuparam. Elas pediram aos cidadãos que, ao toparem com um exemplar, fotografem ou filmem e mandem a imagem para as autoridades.
E por que o medo? Porque pode ser o começo de um sério desequilíbrio ecológico, com mais uma espécie invasiva em território norte-americano. O site do governo do Maine diz que ‘as espécies invasivas prejudicam o meio ambiente, a saúde humana e a economia de nossa nação’. Segundo o site, ‘o custo direto e indireto aos Estados Unidos é de mais de US$ 100 bilhões por ano’.
O pirarucu, conheça este gigante
O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do Brasil. Seu peso pode ultrapassar os 300 quilos. A espécie prefere locais de águas claras, com temperaturas entre 24º a 37ºC. É um animal onívoro, que se alimenta de animais e vegetais.
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Pois é, mas, afinal, como este exemplar foi parar num rio da Flórida?
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Exemplar da Flórida: espécie invasiva nos Estados Unidos
Quem explica é o biólogo peruano Guillermo Estupiñán, ao site Amazonas Atual. Ele mesmo pergunta o que um pirarucu estaria fazendo por aquelas águas e como chegou até lá.
“Bom, vou contar a vocês que o pirarucu já não ocorre apenas na Bacia Amazônica, onde ocorre naturalmente e tem ampla distribuição. Sua utilização em criadouros em outras bacias não só no Brasil, transformou-o também em espécie invasora.”
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Guillermo discorreu sobre o peixe que já foi quase extinto no Brasil, salvando-se depois que sua captura foi proibida, a partir de 1996. A pesca só foi liberada em terras indígenas, e áreas manejadas com Acordos de Pesca. Atualmente, diz o biólogo, o manejo do pirarucu permite que seja pescado por cerca de 4 mil pescadores que têm cotas anuais de captura.
“Por conta disso o pirarucu pode ser encontrado em diferentes países nas prateleiras de mercados, em restaurantes e em aquários com fins científicos e ornamentais, cujo comercio é controlado pelos países que participam da CITES.”
Ainda recentemente condenamos a ideia do governo federal de criar tilápias em corpos d’água nacionais. Talvez com esta reação dos norte-americanos o público entenda porque criticamos a ideia.
O tráfico de animais silvestres
Guillermo Estupiñán comenta que “apesar das recomendações e cuidados para um controle deste comercio ainda é difícil ter um registro do que de fato sai da região por conta do Tráfico Internacional de Vida Silvestre, principalmente nas fronteiras amazônicas.”
E conclui: “Assim, o famoso pirarucu da Flórida pode ser provavelmente algum individuo proveniente de algum aquário da região e o fato de ter sido encontrado morto, pode demonstrar que o mesmo tenha sido solto ou escapado e não resistiu à mudança de ambiente.”
“No entanto, há a possibilidade de também já ser um indivíduo nascido nos rios da região, mas para se confirmar esta segunda hipótese, mais indivíduos precisariam ser encontrados e uma avaliação mais minuciosa ser efetuada para se entender se o mesmo já estaria se adaptando e se reproduzindo na região, indicando uma introdução de espécie exótica que sim deveria gerar mais preocupações (ambientais e socioeconômicas) e medidas de controle.”
Imagem de abertura: Getty Images
Fontes: https://amazonasatual.com.br/pirarucu-encontrado-na-florida-pode-representar-manejo-inadequado/; https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/especie_do_mes/agosto_pirarucu/.
Seguramente deve ser caso análogo as espécies de PITONS africanas e asiáticas que infestam as regiões pantanosas dos estados sulistas; alguém as levou e quando cresceram viram a enrascada em que se meteram e soltaram na natureza. Outro caso são as CARPAS CABEÇUDAS que também foram soltas no Brasil, mas aqui ninguém se pronuncia pelo menos até passarem as boiadas quando os rios estarão extintos.
O pirarucu, assim como o aruanã, são espécies amazônicas cujos filhotes e juvenis são facilmente encontrados em lojas de aquarismo no Brasil, portanto passíveis de serem enviados, legal ou ilegalmente, para outros países, Estados Unidos inclusive. Na Flórida, por exemplo, quando cresce a ponto de não caber mais no aquário, se torna um estorvo e o proprietário pode achar que “salva” o peixe soltando-o num dos inúmeros corpos d´água daquele estado.
Espécies exóticas causam desequilíbrio na teia alimentar local, seja em que país for.
No Brasil, entre vários exemplos, temos o do tucunaré, que foi “introduzido” por descuido nos rios do Pantanal, e hoje disputa um lugar ao sol com outras espécies topos-de-cadeia regionais.
Qual a velocidade de reprodução do pirarucu?