Tasso Azevedo, do Mapbiomas, fala sobre a Amazônia

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Tasso Azevedo, do Mapbiomas, fala sobre a Amazônia

Ele é um especialista em Amazônia, e o Mapbiomas, uma das ONGs mais respeitadas que trabalham na região. Tasso ajudou a viabilizar o Fundo Amazônia em 2008. O projeto MapBiomas é uma iniciativa do Observatório do Clima co-criada e desenvolvida por uma rede que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia com o propósito de mapear anualmente a cobertura e uso do solo do Brasil e monitorar as mudanças do território. Tasso Azevedo, do Mapbiomas, fala sobre a Amazônia (entrevista gravada antes do discurso de Bolsonaro na ONU).

Tasso Azevedo, do Mapbiomas, fala sobre a Amazônia

Em nossa entrevista Tasso conta como organizou o Mapbiomas, e quais eram as expectativas no início, em 2015. E avança em suas explicações até demonstrar a falta de água que já ocorre em algumas regiões do bioma, notadamente, no ‘arco do desmatamento’.

E ele rejeita a possível omissão de ambientalistas quando um candidato eleitoral prometia ‘tirar o Brasil do Acordo de Paris’, e ‘acabar com as multas do Ibama’.

Tasso contou sobre um dos trabalhos do Mapbiomas para verificar a superfície de água (naturais) na Amazônia. Perceberam que ela está diminuindo e os corpos de água artificiais, aumentando. Como assim, na Amazônia? Os corpos artificiais são os reservatórios de hidrelétricas, os usados na mineração, e açudes e lagos nas propriedades rurais do ‘arco do desmatamento’, o que não deixa de ser uma prova das consequências do desmatamento.

Sobre a regularização de terras, Tasso diz que o que falta é vontade política. “Em 2019 o Programa Terra Legal, que vinha titularizando de 3 a 4 mil propriedades por ano, conseguiu emitir apenas seis títulos de propriedades rurais.”

(Pudera, com Nabhan Garcia, ex-presidente da UDR na Secretaria de Assuntos Fundiários não poderia ser diferente.)

Quem se beneficia com o desmatamento na Amazônia?

Esta é a pergunta de um milhão de dólares, como se diz. E voltamos à ela com Tasso Azevedo. As ‘narrativas’  confundem o público. Para ele é impossível dizer exatamente quem são os desmatadores. “Mas a atividade que está empurrando o desmatamento na Amazônia é a pecuária, em primeiro lugar, e a agricultura, em seguida.”

“Não se consegue parar o desmatamento sem que o agronegócio deixe de demandar novas áreas na região.”

Podcast, conheça

Eles são o mesmo que um bom e velho programa de rádio. Só que agora, com a tecnologia disponível,  são encontrados na internet através de variados aplicativos. Assim você ouve quando quiser.

Conheça Tasso Azevedo

imagem de Tasso Azevedo
Imagem, Gabriel de Paiva / Agência O Globo.

Engenheiro florestal, consultor e empreendedor social em sustentabilidade, floresta e clima. Coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG) e do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas), colunista de O Globo e da Revista Época Negócios. Acadêmico visitante do Brasil Lab da Universidade de Princeton. Foi Diretor Geral do Serviço Florestal Brasileiro, Diretor Executivo do Imaflora e curador do Blog do Clima.

Imagem de abertura: Carta Capital

Ouça o podcast, Tráfico de animais silvestres com Dener Giovanini, da RENCTAS

Comentários

1 COMENTÁRIO

  1. A Amazônia sempre ocupou um lugar simbólico e estratégico na história do Brasil. Desde as primeiras expedições de reconhecimento e colonização, a floresta amazônica foi vista ora como um território a ser explorado, ora como um espaço a ser protegido. Essa dualidade entre progresso e preservação compõe a “saga da Amazônia” — uma narrativa de conquistas, conflitos e contradições que, ainda hoje, continua a se desenrolar.

    A saga permanece atual porque os dilemas que a originaram persistem. O avanço econômico sobre a floresta, impulsionado por atividades como o agronegócio, a mineração e o desmatamento ilegal, continua a colocar em risco a biodiversidade e os povos tradicionais que habitam a região. Apesar dos avanços na legislação ambiental e dos compromissos internacionais firmados pelo Brasil, a efetiva conciliação entre desenvolvimento e sustentabilidade ainda é um desafio distante. A pressão por recursos naturais e a expansão de fronteiras econômicas reforçam a urgência desse debate.

    Além disso, a Amazônia deixou de ser apenas uma questão nacional: tornou-se pauta global. O bioma exerce papel essencial no equilíbrio climático do planeta, regulando chuvas, capturando carbono e abrigando milhões de espécies. Assim, a saga amazônica é também um espelho das tensões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, entre a soberania nacional e a responsabilidade ambiental compartilhada.

    Contudo, há sinais de resistência e renovação. Iniciativas de comunidades locais, projetos de bioeconomia e políticas públicas voltadas à conservação demonstram que a Amazônia pode ser exemplo de um modelo sustentável de futuro. A verdadeira saga, portanto, talvez não seja apenas a luta pela floresta, mas a luta com a floresta — pela sua integração inteligente à vida social e econômica do país.

    Em síntese, a Saga da Amazônia permanece atual porque simboliza o eterno desafio brasileiro de equilibrar progresso e preservação. Enquanto o país não resolver essa equação com justiça ambiental e responsabilidade social, a Amazônia continuará sendo palco e personagem central da nossa história — viva, urgente e inacabada.

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