Reflexões sobre o desastre no Rio Grande do Sul
O mundo está chocado com o desastre no Rio Grande do Sul. Os jornais, e especialmente as TVs, trazem imagens arrepiantes. Algumas, como a do Caramelo imóvel em cima de um fiapo de telhado não submerso, são puro surrealismo. Quase 100% do Estado foram atingidos, e muitas cidades eliminadas! O custo financeiro será de bilhões. Entretanto, o custo humano, as perdas de vidas, ou a súbita eliminação total dos bens de milhares de desabrigados, são impossíveis de contabilizar. É um trauma desumano que deixará sequelas para o resto da vida na memória dos gaúchos, mas não só deles.
Desleixo generalizado desde os anos 90 pelo menos
Na opinião deste site, o caos no sul deriva do desleixo do Congresso Nacional, e dos sucessivos ex-prefeitos, ex-governadores, e ex-presidentes, pelo menos os que assumiram a partir dos anos 90 quando o quadro do aquecimento já estava mais que delineado. Sim, há pelo menos cerca de 30 anos os cientistas alertam para o que está acontecendo hoje. Mas os políticos, em sua grande maioria, nunca levaram a sério estes avisos. Some-se a isso, a ‘tradição’, destas mesmas figuras, de não planejar o futuro, e não se espante que deu no que deu.
Tragédia no Sul comprova alienação de Brasília
Por termos a clara percepção do desleixo do poder público, um dia depois do início do desastre, em 2 de maio, publicamos Tragédia no Rio Grande do Sul comprova alienação de Brasília. O post teve grande repercussão e foi discutido pelos leitores.
Alguns culparam o governador do Estado, outros o prefeito, e outros ainda, o presidente. E teve até quem procurasse levar a catástrofe para o binarismo simplório da polarização política. Contudo, ao nosso ver, a omissão é coletiva. Os seguidos, e ignorados, alertas da ciência são injustificáveis no século 21. E a consequência deste comportamento imoral é a ausência de políticas públicas num País que já cansou de ser castigado por eventos extremos.
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Assim, consideramos importante mostrar como a mídia internacional, em princípio isenta politicamente, informa seus leitores sobre a calamidade.
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A reação internacional ao evento extremo
O North American Congress on Latin America – NACLA – publicou matéria em 8 de maio com o título “They’re Making It up as They Go”: Inside the Response to Brazil’s Deadly Floods (Eles estão inventando à medida que avançam: Por dentro da resposta às inundações mortais no Brasil). O subtítulo descrevia o busílis: ‘As mudanças climáticas e a falta de preparação para desastres agravaram os impactos das enchentes históricas que deixaram partes do sul do Brasil debaixo d’água’.
A ‘falta de preparo’, e suas inúmeras variantes, serão constantes no post de hoje
A ‘falta de preparo’ e suas inúmeras variantes ganharam destaque na mídia de fora. A NACLA também abordou o tema, que colide frontalmente com o discurso oficial brasileiro especialmente no exterior, de que ‘o País está de volta para liderar a questão ambiental’.
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Tundra do Ártico emite mais carbono do que absorveInvestimentos no litoral oeste do Ceará causam surto especulativoVanuatu leva falha global em emissões à Haia‘Embora a tragédia tenha sido um desastre natural, especialistas afirmam que a falta de preparação das autoridades estaduais e locais pode ter contribuído para a devastação. Um relatório indica que Porto Alegre reduziu os fundos para a prevenção de inundações nos últimos três anos e não investiu nada nesse setor em 2023’.
O jornalista Michael Fox entrevistou Paulo Brack, professor do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador geral do Instituto Gaúcho de Ciências Ambientais (InGá).
‘Eles estão apenas inventando à medida que avançam’
Como não podia deixar de ser, uma das perguntas foi: Como foi a resposta das autoridades locais e estaduais? – Estão preparadas?
New York Times: “Imagens subaquáticas de uma cidade brasileira”
Com uma série de fotos chocantes mostrando Porto Alegre debaixo d’água, o New York Times publicou texto de Ana Ionova que informou do Rio de Janeiro, e Tanira Lebedeff, de Porto Alegre.
As autoras relatam vários casos de salvamentos em situações dramáticas. E fazem um retrospecto da situação até o momento da publicação, citando ‘105 pessoas mortas, e 130 dadas como desaparecidas. As enchentes forçaram quase 164 mil pessoas a deixarem suas casas’.
Em seguida, o jornal reproduz declarações de moradores para ilustrar a reação e o sentimento dos gaúchos. “Parece que estamos vivendo o fim do mundo”, disse Beatriz Belmontt Abel, 46 anos, técnica de enfermagem que era voluntária em um abrigo na cidade de Canoas, do outro lado do rio de Porto Alegre. “Eu nunca imaginei que veria isso acontecer.”
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A matéria também mostra que este não foi o primeiro caso envolvendo o Rio Grande do Sul. ‘As inundações são a quarta crise relacionada ao clima a atingir a região sul do Brasil em menos de um ano. Em setembro, 37 pessoas foram mortas no Rio Grande do Sul por chuvas torrenciais e ventos punitivos causados por um ciclone’.
Entrevista com Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília: “Esperamos que isso sirva como um chamado à ação.”
O NYT ouviu especialistas, entre eles, Mercedes Bustamante, ecologista e professora da Universidade de Brasília.
“Você está realmente olhando para uma receita para o desastre”, disse a Dra. Bustamante, que escreveu vários relatórios para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um corpo de especialistas convocado pelas Nações Unidas.
Por mais de uma década, os cientistas vêm alertando os formuladores de políticas de que o aquecimento global traria aumento das chuvas para esta região. “É uma tragédia que, infelizmente, vem vindo há algum tempo”, disse ela. “Esperamos que isso sirva como um chamado à ação.”
Como se pode ver, ao mesmo tempo em que reconhece o drama no sul, a mídia estrangeira ouviu uma série de cientistas e especialistas, gente mais que credenciada para opinar, e que alcançou unanimidade ao condenar a falta geral de preparo. Por quê? Porque não houve até hoje vontade política. O que houve foi muita ‘politicagem’.
Antes de Lula, pela mistura de negligência desde os anos 90 com, mais recentemente, o negacionismo explícito do presidente Bolsonaro e sua claque. Um ano e meio depois de assumir, Lula só demonstrou atenção à Amazônia, e ao mantra de que ‘estamos de volta para protagonizar o combate ao aquecimento’. Porém, sempre que pode alimenta a radicalização ao atribuir a Bolsonaro a culpa por tudo que não consegue justificar, traindo a promessa de campanha, mais uma, de que ‘pacificaria o País’
Lula ainda mantém uma boa imagem no exterior, ao contrário da que tem no País, especialmente pela comparação com seu antecessor. Mas, cedo ou tarde, a comunidade internacional perceberá que ele fala muito. Muito mais do que faz.
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A seguir, alguns dados recolhidos da mídia nacional para alimentar o debate, mostrando a incapacidade do poder público entender a necessidade de um meio ambiente equilibrado.
Afinal, de quem é a culpa?
Em 8 de maio a Folha de S. Paulo publicou matéria de autoria de Jorge Abreu, mostrando que o governador Eduardo Leite, ‘mudou quase 500 normas ambientais em 2019’, e que, por isso, ‘especialistas criticam a gestão.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), alterou em torno de 480 normas do Código Ambiental do estado em seu primeiro ano de mandato, em 2019. A medida, sancionada em 2020, acompanhou o afrouxamento da política ambiental brasileira incentivada, à época, pelo então ministro Ricardo Salles, do MMA (Ministério de Meio Ambiente), no governo Bolsonaro.
Agora, em meio às enchentes no estado, diz Abreu, ambientalistas criticam a gestão de Eduardo Leite e apontam o governador como o articulador, junto à Assembleia Legislativa, do que chamam de desmonte das leis estaduais de proteção ambiental.
‘Mudanças foram tomadas de forma unilateral, encabeçadas pelo governador’
A Folha ouviu especialistas, entre os quais, Francisco Milanez, diretor científico e técnico da Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural).
“O Rio Grande do Sul foi pioneiro na legislação ambiental e na própria luta em prol do meio ambiente no Brasil. E agora está fazendo o pior papel possível. Nesses últimos anos, nós estamos pagando a conta da destruição ambiental e ela se dá por várias formas.”
Lei que flexibiliza a construção de barragens
Milanez critica também a sanção do governador, neste ano, de lei que flexibiliza a construção de barragens e outros reservatórios de água dentro de áreas de proteção permanente. De acordo com o ambientalista, essa medida é preocupante por poder afetar o fluxo natural da água, o que pode gerar cheias de rios e chuvas mais concentradas, diz a Folha.
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O jornal ouviu ainda, Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, rede de mais de cem organizações socioambientais, para quem o desmonte vai além do governo estadual e da Assembleia Legislativa. Ele enfatiza a participação do Congresso Nacional no afrouxamento de políticas ambientais, com a contribuição de deputados federais e senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul.
Segundo a Folha, Astrini dá como exemplo o projeto de lei 3.729/2004, aprovado em 2021 na Câmara dos Deputados, que flexibiliza normas e dispensa diversas atividades da obtenção do licenciamento ambiental, considerado um retrocesso por entidades ambientalistas. A proposta teve votação favorável de 22 parlamentares do Rio Grande do Sul, filiados aos partidos PL, PP, PDT, PSDB, MDB, Republicanos, Novo, MDB, Podemos e PSD.
Antes de mais nada, tanto Astrini como Milanez consideram que a maioria dos políticos agiu de forma idêntica, independente do espectro político. Estão no mesmo saco o prefeito, o governador, a Assembleia Legislativa do Estado, e o Congresso Nacional (embora saibamos que existem exceções até entre políticos, porém cada vez mais raras).
‘A Prefeitura de Porto Alegre destinou zero real em 2023 para prevenção de enchentes’
No mesmo 8 de maio, a Folha publicou artigo de Thiago Amparo que focaliza o deslize na esfera municipal. Sob o título, No Rio Grande do Sul é hora de apontar o dedo, o articulista mostra que ‘a prefeitura de Porto Alegre, sob o comando de Sebastião Melo (MDB), ‘destinou zero real em 2023 para a prevenção contra enchentes e recusou a contratação de 443 funcionários para o DMAE (Departamento Municipal de Águas e Esgotos) —o qual, desde 2013, foi cortado pela metade. Não é surpreendente, portanto, que o sistema de contenção de cheias, datado da década de 1970, não tenha dado conta’.
Thiago Amparo não deixou de mencionar os deslizes estaduais. ‘É hora de apontar o dedo a Leite por praticar “greenwashing”: em 2020, desconfigurou lei ambiental; em 2021, criou autolicenciamento ambiental privado; e, em 2024, permitiu barragens em áreas de preservação. A Agência Lupa revelou que 90,17% das cidades gaúchas agora afetadas já passaram por emergências de chuvas nos últimos 11 anos’.
Sobrou também para a esfera federal
E sobrou também para a esfera federal. ‘É hora de apontar o dedo para o governo federal, sob a Presidência de Lula (PT), por ainda não ter liberado o Sistema de Alerta de Desastres, pronto há seis meses… Por ter demorado para incluir adaptação climática ao PAC e por não defender a redução da exploração de combustíveis. Thiago culpou, de maneira idêntica, o governo Dilma que, em 2015, enterrou o relatório Brasil 2040 que já antecipava calamidades climáticas como a do Sul’.
‘É hora de apontar o dedo para a bancada bolsonarista que, em sua suma incompetência, prefere espalhar fake news a ajudar sua população; e ao Congresso Nacional que, no meio da crise, avança em pautas antiambientais’.
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E Thiago Amparo finalizou: ‘Numa democracia, apontar o dedo não é crueldade: é honrar as vítimas para que ninguém mais tenha sua casa e familiares arrastados por calamidades que poderiam ter sido evitadas e não o foram’.
Assim, Thiago engrossa o coro dos que, como nós, consideram que a vasta maioria dos políticos têm sua parcela de culpa, independente do espectro político.
“Até quando vamos correr atrás do prejuízo?”
A pergunta acima é de Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ao Estadão em 2 de maio.
O tom da pergunta-desabafo, até quando e correr atrás do prejuízo, é claro, sugere a alienação generalizada. Mas, Paulo Artaxo não perdeu a oportunidade de mais uma vez alertar os responsáveis pelas políticas públicas. ‘Os fenômenos climáticos extremos vieram para ficar, cada vez mais intensos, frequentes e imprevisíveis.’
Prevenir ou remediar? No Brasil, remediar…
Por fim, mais um dado que fala por si, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), entre 2013 e 2022, o governo federal gastou R$ 13,4 bilhões em recuperação e resposta a desastres, e apenas R$ 5,9 bilhões em prevenção.
Enquanto prosseguimos, estacionados no mesmo lugar, ‘cancelando ou linchando inimigos’ nas redes sociais (para quem inimigos são pessoas que pensam de maneira diversa), o eminente cientista Carlos Nobre não para de alertar que ‘há 10 milhões de brasileiros vivendo em áreas de risco de deslizamentos e enxurradas, sendo 2 milhões em áreas de altíssimo risco’.
Apesar do poder público estar careca de saber estes dados, e até mesmo conhecer o endereço de cada brasileiro em área de risco, não age. Quando as tragédias acontecem autoridades como Marina Silva saem do casulo e vêm a público fazer média e, no caso dela, culpar Bolsonaro. O negacionista notório aproveita o momento de dor para ganhar mais adeptos: “Nossa solidariedade aos gaúchos, que sofrem mais uma vez com as enchentes, que destroem cidades e ceifam vidas”, afirmou. “Às famílias atingidas, sobretudo daquelas que perderam seus entes queridos, nosso profundo pesar. Força, Rio Grande do Sul”. Lula, por sua vez, devolve a culpa para Bolsonaro ‘que pilotava jet ski durante a enchente de 2021 na Bahia’.
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Para nós, no entanto, o trio demonstrou apenas cinismo. A propósito, a quem interessa o insípido falatório? Aos milhares de desabrigados da tragédia, certamente que não.
‘A quem apelar, quando os polos caminham com um tipo de visão de mundo que a ideologia torna impenetrável às críticas?’
A pergunta acima é do jornalista Fernando Gabeira, em artigo para o Estadão. Depois de desenvolver sua tese, Gabeira retorna ao ponto de partida. ‘Os yanomamis também vivem a desolação da realidade num país polarizado. Se um dos polos não quer protegê-los e outro até o momento falhou nessa tarefa, a quem apelar?’
Então, caro leitor, a quem apelar se não a nós mesmos? Esta radicalização induzida pelas redes sociais é boa apenas para os donos das plataformas da Internet que enchem os bolsos. Enquanto isso, nos agredimos e nos dividimos virtualmente deixando de lado o mais importante, a união da população contra o teatro das promessas falsas.
Redes sociais, “terreiros de macumba” e “ira de Deus”
Vamos nos lembrar que atualmente a maioria dos brasileiros se (des) informa através das redes sociais como a Meta, mas não apenas, repletas de fake news, opiniões pessoais de ignorantes sem nenhum pudor, falsos anúncios, provocações, etc. Houve espaço até para quem atribuísse a tragédia aos “terreiros de macumba”, o que seria a causa da “ira de Deus”.
Bilhões de pessoas consomem tanta imbecilidade na internet, inclusive milhões brasileiros que, em 2019, uma pesquisa (Datafolha) revelou que 7% dos brasileiros ou cerca de 11 milhões de pessoas acreditam que a Terra é plana. Convenhamos, os inacreditáveis (para este site) 11 milhões que professaram esta crença, têm tudo para saírem em passeata contra os terrenos de macumba e, assim acrescentar uma pitada de mais um ingrediente tóxico no já indigesto ambiente virtual.
O Mar Sem Fim considera, sobretudo, que chegou a hora de uma trégua, de pararmos de agredir uns aos outros em razão de votos para um, ou outro, espectro político. Discutir e argumentar, sim; disseminar ignorância, mentira e safadeza, não! É hora de nos unirmos para expor os verdadeiros delinquentes. 2024 é ano de eleição, lembre-se disto quando votar.
A propósito, em recente entrevista ao jornal O Povo, o cientista Carlos Nobre foi curto e grosso (e deixou a impressão de concordar com a tese de omissão generalizada): “Não há como impedir esses desastres. E a população, por sua vez, precisa eleger políticos que se preocupem com a emergência climática.”
Antes de encerrar, vale destacar a solidariedade, o heroísmo, e o ânimo dos gaúchos perante o drama profundo por que passam. Eles não merecem os políticos que têm.
A saga do navio oceanográfico Prof. W. Besnard terá final feliz
Em minha opinião há uma lição a extrair da catástofre no R G do Sul que está escapando aos debates a que tive acesso: A democrecia pode ser perversa, quando determinadas ações públicas de importância central no bem estar e segurança da sociedade demandam soluções que extrapolam mandatos e orientações partidárias. O saneamento (cano enterrado não dá voto), e a urbanização irregular, onde a “casa chega antes da rua”, são dois exemplos classicos de políticas que demandam planejamento prévio, investimentos vultuosos, exaustiva negociação política e enfrentamento de setores poderosos (desde associações comunitárias até empresas poderosas nesses setores). Qual o político que se elege prometendo ligar o esgoto em bairros populares (e fazer os moradores pagarem por ele), ou investindo milhões em regularização fundiária e planejamento urbano para futuras necessidades das pessoas? As mudanças climáticas impõem desafios semelhantes. Fazer um mapa de risco é fácil e barato, o problema é o que fazer com o povo que está nas áreas de risco. É viável um deslocamento forçado como o que estamos prestes a presenciar no RGS? Há muito o que dizer sobre esse tema, que mal aparece nos debates, mas que é central se vamos levar a sério as consequencias das catastrofes que nos esperam logo ali, virando a esquina.