DNA de baleias azuis revela ‘uma bomba-relógio’ sobre o maior animal da Terra

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DNA de baleias azuis revela ‘uma bomba-relógio’ sobre o maior animal da Terra

As baleias azuis (Balaenoptera musculussão os maiores animais da Terra, alcançando até 34 metros de comprimento (a media é de 24 até 30m), tanto quanto três ônibus em fila, e pesando até 220 toneladas (média 100 a 150t). Elas estão em todos os oceanos, exceção para o Ártico. Existem cinco subespécies de baleias azuis atualmente reconhecidas, explica o NOA Fisheries. As maiores são as que frequentam a Antártica. Seu ciclo de vida é lento, 30 anos para uma geração. As baleias azuis foram as maiores vítimas da caça à baleia cuja moratória aconteceu em 1986. Hoje elas estão listadas como ameaçadas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Para o New York Times, um estudo do DNA das baleias azuis, ‘revela uma bomba-relógio na demografia dos animais, padrões de migração peculiares e até acasalamentos clandestinos entre espécies’.

Alguns fatos sobre as baleias azuis

Segundo o treehugger.com, ‘um elefante africano adulto pesa até 6 toneladas, então podem ser necessários 30 ou mais elefantes para se igualar o peso de uma baleia azul. Só a língua de uma delas pode pesar mais que um elefante’.

Fatos curiosos sobre baleias azuis.
Ilustração, Treehugger, Alex Diaz.

‘O animal, de 10 andares de altura, tem um coração enorme. É o maior  do reino animal, pesando cerca de 180 quilos – aproximadamente o mesmo peso que um gorila. Como elas mergulham para se alimentar do minúsculo krill, seu coração gigante pode bater apenas duas vezes por minuto’.

Balaenoptera musculus, a baleia azul, é o maior animal já conhecido por ter vivido no planeta, incluindo todos os dinossauros. Os bebês são os maiores da Terra, facilmente, e no nascimento já estão entre os maiores animais adultos. Eles nascem com cerca de 4.000 kg, e um comprimento de de 8 metros. Os recém-nascidos ganham 90 kg por dia! Para completar, ‘a vida média de uma baleia azul é de cerca de 80 a 90 anos.

As ameaças às baleias azuis

Agora, deixando de lado os fatos curiosos, vamos  explorar a sua história recente. As baleias azuis foram certamente as mais visadas e prejudicadas pela caça às baleias. Algumas espécies diminuíram para cerca de 5% de seus estoques originais, caso das Azuis. Na temporada de 1930-31, a captura da baleia azul chegou ao impressionante número de 31 mil animais (fonte: Alan Gurney, Abaixo da Convergência – Expedições à Antártica 1699-1839). E vale destacar ainda, que a moratória internacional da caça só veio em 1986.

O seu ciclo de vida é muito lento, 30 anos para uma geração. Com isso, podemos afirmar que as atuais populações estão entrando na segunda geração pós caça. Isso justifica o número pequeno de indivíduos. Sobre a quantidade, as fontes variam. Para o WWF seriam entre 10 e 25 mil. Outras, como  Discovery, cerca de 15.000 no mundo. 

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Seja como for, o número é baixo para tantas ameaças. Entre elas destacam-se o atropelamento por navios, e o emaranhamento em artes da pesca são os mais fatais. Para a NOA Fisheries, outras  ameaças às baleias azuis incluem a poluição sonora, a degradação do habitat, a poluição, a perturbação dos navios e as alterações climáticas’.

O que a nova pesquisa descobriu?

Antes de mais nada, a pesquisa foi feita com as baleias azuis do Atlântico Norte. Segundo o New York Times, ‘restariam menos de 3.500 baleias azuis adultas desta espécie, B. m. musculus, no Atlântico Norte’. O jornal explica que o estudo de DNA foi feito em 35 indivíduos, ‘para criar a imagem mais precisa até o momento da estrutura da população do Atlântico Norte’.

E qual o motivo de dizer que ‘os resultados, publicados este mês na revista Conservation Genetics, revelam uma bomba-relógio na demografia de baleias azuis, padrões de migração peculiares e até mesmo acasalamentos clandestinos entre espécies’?

Baleia Azul
Imagem, David Fleeshm/ WWF.

São vários motivos, entre eles que ‘as baleias azuis são conhecidas por acasalar e se reproduzir com baleias comuns, embora as duas não sejam parentes especialmente próximos – e as baleias azuis podem ser bem mais longas e até 85 toneladas mais pesadas. Muitos animais híbridos (como mulas, por exemplo) são estéreis. Mas, armada com o novo conjunto de dados, a equipe de Engstrom encontrou evidências de misturas interespécies persistentes. Ao todo, cerca de 3,5% do genoma da baleia azul vem de baleias-comuns’.

‘Como a população global de baleias azuis foi seriamente afetada pela caça industrial’, diz o Times, ‘uma população em declínio pode aumentar as taxas de consanguinidade, o que pode diminuir a variedade no pool genético de uma população e aumentar o risco de extinção de espécies’.

O jornal informa que os cientistas esperavam encontrar ‘um gargalo’ nas reproduções das Azuis. ‘No início, ficaram surpresos quando sua análise genômica não mostrou sinais de um gargalo. Eles dizem que isso pode resultar do período de tempo que elas levam para se reproduzir – cerca de 30 anos para ir de uma geração para outra’.

O “efeito de gargalo”

O New York Times ouviu Mark Engstrom, genômico do Royal Ontario Museum, em Toronto, que supervisionou o esforço de pesquisa. Para ele, “provavelmente não foi tempo suficiente para realmente ver um efeito de gargalo.”

‘Os baleeiros historicamente pensavam que as Azuis no Atlântico Norte eram divididas em populações distintas do leste e oeste. Mas o DNA conta uma história diferente. A equipe de Engstrom encontrou muitas evidências para a mistura leste-oeste’.

A Live Science, que também repercutiu o estudo, revelou que os pesquisadores analisaram os genomas da baleia azul B. m. musculus do Atlântico Norte, em busca de sinais de endogamia (método de acasalamento que consiste na união entre indivíduos aparentados, que são geneticamente semelhantes), o que poderia impedir a recuperação deste grupo. 

A boa nova, diz a Live Science, é que ‘até recentemente, presumia-se que esses híbridos eram inférteis e não poderiam ter descendentes próprios, semelhante à maioria dos outros animais híbridos. No entanto, um estudo de 2018 revelou que pelo menos alguns destes híbridos poderiam reproduzir-se com sucesso com baleias azuis’.

‘Os pesquisadores acreditam que as baleias híbridas têm se reproduzido com as baleias azuis, resultando em descendentes “retrocruzados”, principalmente com DNA de baleia azul e algum DNA de baleia-comum. Este tipo de transferência de DNA de uma espécie para outra por meio de cruzamento é conhecido como introgressão’.

‘A equipe de estudo suspeitava que poderia encontrar DNA de baleia-comum entre os genomas que sequenciaram. “Mas a quantidade de introgressão entre as espécies que encontramos foi inesperada e muito maior do que a relatada anteriormente”, disse Mark Engstrom, coautor do estudo e geneticista ecológico da Universidade de Toronto.

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Ameaças e salvaguardas reveladas pelo estudo

Não há evidências atuais de que o transporte de DNA de baleia-comum tenha um impacto negativo sobre os indivíduos de baleia azul, diz a Live Science. No entanto, Engstrom está preocupado com o fato de que, se a introgressão continuar, poderá reduzir a quantidade de DNA de baleia azul na população, o que poderá tornar estas baleias menos resilientes à adaptação a novos desafios, como as alterações climáticas causadas pelo homem.

Entretanto, os cientistas não encontraram apenas ameaças. Por exemplo, os genomas também revelaram que havia muito menos endogamia entre as baleias azuis do Atlântico Norte do que o esperado. Esta é uma boa notícia, porque significa que a população está mais diversificada geneticamente e resiliente às mudanças, disse Engstrom. “Isto dá a esperança de que, com esforços sustentados de conservação, as populações do Atlântico possam se recuperar”.

Assista ao vídeo da NOAA sobre outro estudo, mas que mostra bem o belo animal

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