Tubarão-da-Groenlândia: o animal mais longevo da Terra e o mistério do tubarão nascido no século XVII
Imagine um ser vivo que pode ter nascido antes da Revolução Francesa, da chegada da Família Real ao Brasil e da invenção do motor a vapor — e que ainda nada pelos mares do Ártico. Esse é o caso do tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus), o animal vertebrado mais longevo do planeta. Um exemplar, segundo cientistas, teria nascido por volta de 1620 e continua vivo até hoje. Uma pesquisa publicada na Science demonstrou que os cientistas usaram datação por radiocarbono de proteínas oculares para determinar as idades.
Um tubarão de quase 400 anos?
O caso ganhou repercussão em 2016, quando pesquisadores da Universidade de Copenhague analisaram 28 fêmeas da espécie e estimaram a idade de uma delas em aproximadamente 392 anos. A margem de erro era de 120 anos, o que significa que esse tubarão poderia ter nascido entre 1504 e 1744.
A descoberta impressionou o mundo. Se confirmada, essa fêmea teria presenciado a ascensão e queda de impérios — e nadado por águas gélidas enquanto a Terra mudava completamente.
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Essa espécie habita o Ártico e o Atlântico Norte, em profundidades que variam de 200 a 2.000 metros. Vive em temperaturas abaixo de 0 °C e raramente é vista, o que faz dela um verdadeiro fantasma dos mares gelados. O tubarão- da-Groenlândia está entre os maiores do mundo. São comparáveis, em tamanho, aos grandes brancos.
Além disso, move-se de forma incrivelmente lenta — cerca de 1 km/h — e cresce a um ritmo estimado de 1 centímetro por ano. Um exemplar adulto pode atingir 6 ou 7 metros de comprimento.
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O segredo da longevidade
A ciência só começou a decifrar a idade dos tubarões-da-Groenlândia recentemente. Em 2022, um novo estudo revelou como eles conseguem viver tanto: sua biologia parece operar em “câmara lenta”. O metabolismo extremamente lento, combinado com um ambiente frio e escuro, reduz o estresse celular e o envelhecimento.
Além disso, a maturidade sexual só chega por volta dos 150 anos, o que revela o quão lenta é sua trajetória de vida.
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Diferente de outras espécies, esse tubarão não tem vértebras calcificadas — o que dificulta a medição da idade por anéis de crescimento. Para resolver isso, os pesquisadores analisaram o cristalino dos olhos, usando datação por carbono-14, associada aos testes de bombardeios nucleares da década de 1950. Foi assim que chegaram à estimativa de idade do tubarão “do século XVII”.
O que isso revela sobre o oceano?
A história do tubarão-da-Groenlândia mostra o quanto ainda ignoramos sobre a vida marinha profunda. A cada descoberta, percebemos que os oceanos escondem espécies com estratégias de sobrevivência que desafiam nosso entendimento biológico.
É um lembrete poderoso: o oceano ainda é a última grande fronteira do planeta — e alguns dos seres mais extraordinários da Terra vivem onde quase ninguém olha.
Assista ao vídeo já visto por mais de 1,3 milhão de pessoas
Agora queremos saber o que você acha de Um farol no mar, no Atlântico Norte, transformado em hotel?
Minha dúvida é a mesma do leitor acima. Como foram retiradas amostras de proteína ocular desses animais.
Não queria dizer isso, mas tiveram que matar o tubarão , td em nome da ciencia
Notícia inusitada!. Parabéns ao sempre muito bem informado e ilustre João Lara Mesquita.
Fiquei aqui com uma dúvida: como foi que retiraram as tais células dos olhos desses tubarões centenários?
Talvez mortos☹️
Sim, porém na matéria da BBC está escrito que foram pegos em redes de como captura acessória/incidental (não-desejada): “The team looked at 28 sharks, most of which had died after being caught in fishing nets as by-catch.”. Na reportagem tem outras fotos, inclusive de alguma captura.