Você gosta de respirar e comer? Agradeça à energia do fitoplâncton

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Você gosta de respirar e comer? Agradeça à energia do fitoplâncton

A frase acima é parte de uma declaração de Jeremy Werdell, cientista-chefe do programa de satélites, PACE, que significa  ‘Plankton, Aerosol, Cloud, Ocean Ecosystem’ (Plâncton, Aerossol, Nuvem, Ecossistema Oceânico). A publicação é do New York Times, e consta do artigo Rising Temperatures Are Scrambling the Base of the Ocean Food Web (O aumento das temperaturas está mexendo com a base da teia alimentar oceânica). Como diz o jornalista Juca Kfouri, ‘o raro leitor’ pode questionar: lá vem você de novo com a temperatura dos oceanos?! Sim, raro leitor, abordamos o tema novamente porque a temperatura da Terra em 2024 foi a mais alta em 125 mil anos, e isso traz terríveis consequências para a vida marinha, afinal a energia do fitoplâncton é a base da teia alimentar.

a energia do fitoplâncton pinta o mar de verde
A energia do fitoplâncton é tamanha que ele pinta o mar de clorofila, de verde. Imagem, Agência Espacial Europeia.

‘Minúsculos organismos estão entre as formas mais abundantes de vida na Terra’

O primeiro parágrafo da matéria do Times alerta para o perigo que enfrentamos: os seres humanos vivem em um mundo dominado pelo plâncton. Esses minúsculos organismos se espalham pelos oceanos, cobrindo quase três quartos do planeta, e estão entre as formas de vida mais abundantes da Terra.

Mas o que é o fitoplâncton? São plantas marinhas, pequenas algas aquáticas e bactérias que realizam fotossíntese, obtendo energia diretamente do sol. O zooplâncton, formado pelos menores animais do oceano, se alimenta dessas plantas e, por sua vez, serve de alimento para peixes e criaturas maiores.

Alterar esse equilíbrio significa afetar não apenas a vida marinha, mas toda a vida na Terra. Mais de 50% do oxigênio que respiramos vêm da fotossíntese realizada por essas plantas microscópicas (O assunto não é novo, já o comentamos, o que houve agora é mais uma confirmação do que já era suspeito).

Como o satélite enxerga estas plantas do espaço?

Esta é uma boa pergunta, como, afinal, os satélites enxergam estas minúsculas plantas do espaço? Simples, mostra o Times. Os diferentes tipos de fitoplâncton têm maneiras únicas de dispersar e absorver a luz. O PACE mede todo o espectro de cores visíveis e um pouco além, do ultravioleta ao infravermelho, permitindo que os cientistas identifiquem diferentes tipos de fitoplâncton. Os satélites mais antigos mediam cores limitadas e só podiam revelar a quantidade de fitoplâncton sob eles, não o tipo….

Embora a vida marinha dependa do fitoplâncton, às vezes ele pode criar florações prejudiciais. Entender quais tipos de fitoplâncton estão presentes pode ajudar os residentes da costa a se protegerem.

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Algumas florações de fitoplâncton crescem tanto e tão rapidamente que, quando acabam se decompondo, esgotam o oxigênio da água ao redor, criando “zonas mortas” onde nada mais pode viver. E alguns fitoplânctons produzem toxinas que podem adoecer e matar peixes, aves e mamíferos, inclusive humanos (a Maré Vermelha).

O Dr. Liu faz parte do grupo de “adoção antecipada” do PACE, que está trabalhando na incorporação dos dados do satélite em um modelo que pode simular cenários futuros. Se as pessoas puderem prever a ocorrência de florações tóxicas, elas poderão tentar reduzir as perdas econômicas e ambientais.

O que os cientistas pretendem descobrir é o que acontece com as várias espécies planctônicas à medida que o oceano se aquece e suas correntes mudam. O texto insiste na necessidade de mais verbas para pesquisas, e que sejam contínuas. Assim, terão mais valor aos olhos dos pesquisadores. Seja como for, as consequências já estão sendo observadas.

O declínio da baleia franca no hemisfério norte: sobram menos de 400 indivíduos

Segundo o Times, as  baleias francas do Atlântico Norte são uma espécie ameaçada de extinção, com apenas cerca de 370 indivíduos. Elas se alimentam de Calanus finmarchicus, um tipo de zooplâncton, animais que flutuam nas correntes e marés do oceano, às vezes consumindo centenas de milhões de pequenas criaturas todos os dias.

No Atlântico Norte, o Calanus canaliza a energia do sol e do fitoplâncton para animais maiores, como peixes, baleias e pássaros. Pois bem,  os cientistas examinaram um Calanus finmarchicus capturado em um microscópio. Os espécimes tinham grandes sacos de óleo, cheios de lipídios ricos em calorias que os peixes e as baleias francas procuram. Em estudos experimentais descobriram que, à medida que a temperatura aumenta, o Calanus fica menor e tem menos gordura em relação ao seu tamanho corporal.

Assim, se o processo de mudança de metabolismo deste zooplâncton prosseguir, pode ser a pá de cal para as francas do norte, além de centenas de outras espécies.

Explosão de pirossomas

Os pirossomas, de acordo com a OAA Fisheries, são tunicados pelágicos que fazem parte do Chordata, um filo que inclui os humanos. São colônias de milhares de animais, chamados zooides, que podem chegar a 18 metros de comprimento.

Em um estudo sobre os mares norte-americanos os pesquisadores descobriram que o maior beneficiário das ondas de calor marinho é o zooplâncton gelatinoso – pirossomas predominantemente em forma cilíndrica que explodem em números após uma onda de calor marinho e mudam a forma como a energia se move por toda a cadeia alimentar, disse o principal autor Dylan Gomes, que trabalhou no estudo como pesquisador de pós-doutorado no Instituto Marinho da Universidade Estadual do Oregon.

Joshua Stewart, professor assistente do Instituto Mamífero Marinho, que orientou Gomes e co-autor do artigo disse que “o que achei alarmante e fascinante é a medida em que esses pirossomas absorvem toda a energia do sistema”, disse Stewart. “Porque nada mais realmente come os pirossomas, eles simplesmente se tornam esse beco sem saída, e essa energia não está disponível para mais ninguém no ecossistema.”

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Essa perda de energia é mais provável que afete peixes e mamíferos marinhos que estão mais altos na cadeia alimentar, potencialmente afetando os esforços de pesca e recuperação economicamente importantes para espécies ameaçadas de extinção, disse Stewart.

Em outras palavras, nossa ação é tão deletéria sobre a vida na Terra que a estamos tornando ‘um beco sem saída’. Logo, ‘essa energia não estará disponível para mais ninguém no ecossistema’, inclusive, nós.

E viva o negacionismo!!

Para saber mais, assista ao vídeo

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