Torben Grael: Brasil ainda tem de quem se orgulhar
Torben Grael, atualizado, Agosto, 2017
Torben Grael em entrevista à Folha de S. Paulo, Julho, 2017, o campeão reclama da poluição na Baía de Guanabara, diminuição de verba à vela, crise política e, sobre a imprensa, afirma: excesso de futebol na TV, ” a reprise da reprise da reprise”.
Redução do percentual de repasse da Lei Piva
Em tempos de crise política sem precedentes é normal que abaixe o orgulho próprio dos cidadãos. Mas ainda temos de quem nos orgulhar: Torben Grael, excepcional caráter, talento à prova de balas com cinco medalhas Olímpicas: dois ouros, uma prata e dois bronzes, ele abre a boca à Folha: “a gente teve uma redução do percentual de repasse da Lei Piva, apesar do bom resultado nos Jogos do Rio, frente a outros esportes que não ganharam medalha e tiveram um aumento”.
CBVela
A Folha diz que “a CBVela recebeu 4,6% do total das verbas repassadas pelo COB às confederações em 2016. Em 2017, a fatia será de 4,5%, mesmo após a conquista do ouro nos Jogos do Rio na classe 49er FX”.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemMunicípio de São Sebastião e o crescimento desordenadoFrota de pesca de atum gera escândalo e derruba economia de MoçambiqueRuanda, líder global na redução da poluição plásticaO jornal explica:
“Em 2007, Lars Grael -também velejador olímpico e irmão de Torben- deixou a presidência da CBVM (Confederação Brasileira de Vela e Motor) pouco após assumi-la para que ela sofresse intervenção do COB”.
“A entidade estava falida, com dívidas estimadas em cerca de R$ 100 milhões e impossibilitada de receber patrocínios e verbas da Lei Piva devido a bloqueios judiciais”.
PUBLICIDADE
“Sem conseguir saldar as dívidas, a solução encontrada pelas federações estaduais foi a fundação de nova entidade. Em 2013, surgiu a CBVela (Confederação Brasileira de Vela)”.
Livre dos débitos
“Livre dos débitos, a vela pôde voltar a receber patrocínios para se reorganizar. A entidade renovou acordo com o Bradesco até Tóquio-2020”.
Leia também
Travessia do Estreito de Bering em bote com motor de popa, você acredita?Veleiro da família Schurmann sofre sério revés durante tempestadeViagem da Kika, arquipélago Ártico Canadense“A renovação é acompanhada por mudanças no estatuto. A partir de 2020, atletas, técnicos, oficiais de regata e medalhistas olímpicos terão direito a votar na eleição presidencial. A regra foi aprovada em maio deste ano”.
Qual foi o legado deixado após os Jogos do Rio?
Torben Grael – Temos boas notícias e algumas más notícias. Vemos muitos equipamentos abandonados e mal tratados o que é muito ruim para o esporte brasileiro. No caso da vela, acho que o investimento praticamente todo na Marina da Glória foi privado e temos uma marina renovada, o que é um motivo de satisfação…
Poluição da Baía de Guanabara: ‘é possível despoluir, mas precisa de vontade política’
É possível, mas precisa de vontade política, requer recursos, investimentos de um montante grande e pressão da sociedade. Eu não vejo essas coisas acontecerem nesse momento…
Futebol na TV: ‘reprise da reprise da reprise’
O esporte pode ser veículo para esta mudança (situação política atual)?
O esporte trás ensinamentos de comportamento e ética que são importantíssimos. Acho que um país que investe no esporte e na cultura é um país bem melhor que um país que investe só num determinado esporte. E esse não é um problema de política e de governo, mas um problema até da imprensa. Se você abrir o jornal e der uma olhada nos canais de televisão só tem futebol, cara. É reprise da reprise da reprise. Um monte de blá-blá-blá, é ridículo.
Expectativa para os Jogos de Tóquio: ‘Olimpíada do outro lado do mundo’
Qual é a sua expectativa para a vela?
Vai ser uma Olimpíada bem diferente do do Rio para a gente. Aqui a gente estava velejando em casa, com conhecimento da raia de regata e com muito menos despesas. Agora a situação é oposta. A Olimpíada é do outro lado do mundo, é caro ir pra lá, são muitas horas de voo. O único fator positivo é que a gente fez uma parceira com a equipe japonesa. Tratamos eles da melhor forma possível aqui no Rio e a gente tem recebido uma reciprocidade nas visitas ao Japão. Esperamos que continue assim.
Crise política: ‘não tem ninguém satisfeito’
Como você vê a situação política?
Acho que ninguém está satisfeito. Tira esperança das pessoas, a confiança no futuro, isso é muito ruim. Uma crise continuada. Não vemos um novo comportamento das pessoas que deveriam promover essa mudança. Acho que isso é bastante duro de as pessoas digerirem.
O Mar Sem Fim agradece ao Torben Grael
Por você ser quem é Torben: um brasileiro que, a despeito das repetidas crises, só tem feito o bem.
PUBLICIDADE
A entrevista é bem maior. Selecionamos os trechos que consideramos mais importantes. Vale cada parágrafo!
Atualização:
Quem trouxe a novidade foi o Almanáutica, e diz respeito ao convite feito à filha do mestre, Martina Grael, que “foi anunciada oficialmente, hoje, terça-feira (1º), pelo Team AkzoNobel – equipe holandesa na disputa da Volvo Ocean Race. A atleta será a primeira brasileira a correr a Volta ao Mundo entre todos os nove representantes do país na história do evento. Martine Grael foi escolhida pelo comandante Simeon Tienpont para formar a tripulação ao lado do também brasileiro Joca Signorini”.
Mais um motivo de orgulho para o Brasil e a família Grael.
Fontes: Folha de S. Paulo, Julho, 2017
Almanáutica
Jacques Cousteau, um surpreendente inventor. Conheça esta faceta