Tesouros no mar

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Rita Alves

Depois de viajar pela costa brasileira entre 2005 e 2007 para a produção da série de TV Mar Sem Fim, exibida pela TV Cultura, uma nova viagem foi feita pelo jornalista em 2008. Mesquita já havia fotografado algumas embarcações típicas durante a navegação pelo litoral brasileiro, mas resolveu rechear melhor seu arquivo. A nova produção está reunida no livro Embarcações Típicas da Costa Brasileira (Editora Terceiro Nome, 264 páginas, R$ 94), que além das belas imagens traz também informações sobre a história das navegações.
Antes mesmo do programa Mar Sem Fim os barcos já fascinavam o escritor. “A paixão já existia, mas quando descobri a quantidade e diversidade que ainda existia (eu nunca achei que seriam tantos modelos diferentes, com frotas às vezes bem numerosas), ela extrapolou…”. Mesquita conta que passou quase um ano navegando e que durante esse tempo não encontrou nenhuma diferença entre os barcos antigos e os novos. Dessa última vez, ele pôde contemplar por mais tempo as embarcações. “Na época do Mar Sem Fim eu passava pelos lugares correndo contra o tempo, porque os programas eram feitos e editados às vezes uma semana antes de irem ao ar. Isto impedia que eu ficasse muito tempo em cada localidade”. A tranquilidade fez com que ele presenciasse várias regatas de barcos típicos, mesmo em comunidades distantes e sem público. “Assim foi em Camocim, no Ceará. Aos domingos a turma pega os barcos com que pescam nos dias de semana, e disputam acirradas regatas”.
E beleza não faltou durante o trajeto. “Todos os barcos são bonitos, não existe, para mim, um que seja mais bonito. Todos são absolutamente especiais”, diz. Entre os carpinteiros navais que encontrou, Mesquita destaca uma característica em comum: a transmissão do conhecimento por via oral. “Ou seja, um código antigo que passa de pai para filho há gerações, desde que os portugueses chegaram aqui. O conhecimento está na memória de poucas pessoas. Se elas não repassarem adiante, desaparece em pouco tempo, o que seria uma judiação. Estes barcos fazem parte da história do Brasil.
Não se admite a viabilidade da Bahia sem o saveiro, e assim por diante”.
O melhor depois do fim da viagem? “Me deixou feliz saber que os baianos acordaram, e resolveram salvar o que resta dos barcos típicos de lá.”

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