Situação da Pesca e Aquicultura Mundial, relatório da FAO
A cada dois anos a FAO divulga o relatório Situação da Pesca e Aquicultura Mundial. O último, publicado em junho, é o nosso tema. A produção de pesca e aquicultura aumentou cerca de 3% desde 2018, para uma alta histórica de 214 milhões de toneladas em 2020, com um valor de primeira venda de cerca de US$ 406 bilhões. O crescimento teve duas razões principais: aumento de 6% na produção aquícola, enquanto a captura de peixes selvagens caiu quase 4,5%. Este texto tem como base matéria do site Mongabay.
O relatório
O relatório tem por meta fornecer dados aos formuladores de políticas públicas, cientistas e sociedade civil. Para começar, mais de 58 milhões de pessoas dependem do emprego direto na pesca e aquicultura para sua subsistência. Mas, se pensarmos nos empregos indiretos, além de seus dependentes, o número salta para 600 milhões.
O domínio da Ásia
Cerca de metade dos empregos diretos são ocupados por mulheres. E mais de 84% estão baseados na Ásia, que continua a dominar a pesca e a aquicultura, respondendo por 70% da produção global.
Enquanto a aquicultura teve um aumento de 6% na produção, a pesca, por outro lado, caiu quase 4,5%. Isso aconteceu especialmente devido às consequências da pandemia de COVID-19. Portanto, este é um relatório atípico uma vez que os outros, para efeito de comparação, não tiveram o impacto de uma pandemia mundial.
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O número de estoques de peixes marinhos pescados de forma sustentável continua a diminuir, caindo mais 1,2% entre 2017 e 2019. Menos de 65% dos estoques são pescados em níveis biologicamente sustentáveis.
“Fundamentalmente, globalmente, o relatório defende mais proteína azul e sustentável”, disse Bryton Shang, CEO de uma startup de tecnologia de aquicultura com sede em São Francisco, a Aquabyte.
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A pesca e a aquicultura podem alimentar o Mundo?
Antes de mais nada, a ONU estima que a população humana chegará a 10,9 bilhões de pessoas até o final deste século. Mas, sobre a pergunta do título, não resta dúvida de que alimentos aquáticos, tanto cultivados quanto pescados, serão fundamentais para alimentar a crescente população humana.
Neste sentido, a proteína vinda do mar mostra duas vantagens sobre a terrestre, leia-se bois: menos ração e menor produção de gases de efeito estufa. Mas, para atender a demanda, diz o relatório, a produção da aquicultura precisa aumentar em 35-40% até 2030. Este é o grande desafio.
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Fazendas de peixes, ainda longe da sustentabilidade
A produção do salmão, por exemplo, é combatida tanto no hemisfério Norte, quanto no Sul, especialmente, as fazendas do Chile. O relatório da FAO concorda que ainda falta muito para as fazendas de peixes alcançarem a sustentabilidade:
“As fazendas de peixes poluem frequentemente os sistemas aquáticos com alimentos não consumidos, resíduos de peixes e antibióticos. Além disso, há outro problema ainda não resolvido. Os peixes que escapam podem enfraquecer os pools de genes selvagens e introduzir doenças nos estoques selvagens.”
Já, sobre as famigeradas fazendas de criação de camarão, como as do Nordeste combatidas por este site, a conclusão é a mesma: “ A carcinicultura é famosa por destruir manguezais e pântanos salgados.”
Pesca e Aquicultura Mundial: a sobrepesca
Infelizmente, os dados mais recentes da FAO mostram que mais e mais estoques de peixes do mundo são sobrepescados a cada ano. A sobrepesca já alcança 35,4% dos estoques mundiais. Além disso, a curva se mostra crescente, o percentual é mais de 3 vezes maior do que em meados da década de 1970.
O problema da sobrepesca é particularmente alarmante no Sudeste do Pacífico (66,7%), no Mediterrâneo e no Mar Negro (63,4%) e no Sudoeste do Atlântico (40%), segundo o relatório.
Outro problema a ser enfrentado com mais empenho são as mudanças do clima e poluição. Segundo a ONU, ‘se não forem abordados podem ameaçar esse potencial.’
Alerta ainda que “o crescimento da aquicultura muitas vezes ocorreu às custas do meio ambiente.” Este, sem dúvida, é o grande desafio. A seguir…
Alguns dados sobre as proteínas vindas do mar
Em média, as pessoas em todo o mundo consomem mais de 20 quilos de alimentos aquáticos por ano hoje, mais que o dobro da quantidade de 50 anos atrás.
Globalmente, 17% da proteína consumida pelos humanos vem de fontes aquáticas. Ao mesmo tempo, em muitos países asiáticos e africanos esse número sobe para mais de 50%.
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A chamada pesca de captura na natureza – estagnada desde meados da década de 1990 – caiu 4% em 2020 em comparação com a média dos três anos anteriores.
Finalmente, os maiores produtores mundiais são, pela ordem, a China de longe o maior produtor de pescado, seguida pela Indonésia, Peru, Rússia, Estados Unidos e Vietnã.
Atualmente, destes países, apenas os Estados Unidos tenta de fato basear suas pescarias com dados de pesquisa sobre a viabilidade e a saúde dos estoques. Enquanto isso, a China, e os países asiáticos em geral, são os grande predadores.
Sobre a China, já escrevemos dezenas de matérias mostrando que não respeitam cotas, muito menos fronteiras. Na verdade as frotas chinesas pilham os recursos mundiais em grande escala.
Em seguida, a maioria dos países asiáticos segue o exemplo conforme mostramos em O oceano sem lei, quando comentamos o livro de mesmo nome do jornalista norte-americano Ian Urbina.
Em síntese, nos parece que falta vontade por parte dos países envolvidos com a saúde dos oceanos. Há décadas se fala nesses problemas, hoje bastante conhecidos. Contudo, quanto às soluções, elas simplesmente não vêm. Ainda recentemente, na Conferência dos oceanos da ONU 2022, em Lisboa, houve nova série de promessas. Mas não passaram disto: promessas para o futuro.
Lá pelos anos de 1955 eu via pela antiga TV TUPI dos Diários Associados (Assis Chateubriand) os documentários fornecidos pelo USAID UNITED STATES INTERNATIONAL DEVELOPMET AGENCY os filmes em branco e preto sobre as pescas dos bacalhaus no Atlântico Norte onde os pescadores ficavam nas amuradas dos navios e apenas lançavam e em seguida puxavam os peixes, tamanho eram os cardumes e farturas nos anos de 1940; diziam os antigos europeus que era possível viajar para a América do Norte caminhando nas costas dos cardumes.
O mundo mudou, a população se multiplicou feito ratos e tudo que era comível rareou a ponto de no governo de Fernando Henrique Cardoso ele ter declarado que com o plano Real o povo brasileiro podia tomar Danoninhos e comer frangos, hoje precisam esmolar por ossos e pés dos frangos isto quando conseguem para uns R$ 15,00/quilo.