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Retrocesso no Ministério do Meio Ambiente

Retrocesso no Ministério do Meio Ambiente: voltamos aos anos de chumbo…

É muito chato ter que voltar ao tema da nova gestão do MMA. Mais chato ainda, é o recuo ordenado pelo ministro, o neófito Ricardo Salles, que impôs mordaça ao Ibama e ICMBio. O ministro do Meio Ambiente, que jamais teve curiosidade em conhecer a Amazônia, decerto estava ressabiado com as críticas à sua visão tacanha, e inação. Então, decidiu-se pelo retrocesso no Ministério do Meio Ambiente, determinando a lei do silêncio às duas autarquias. Não basta ser ruim, é preciso ser pior, eis o lema do novo ministro.

ilustração dos anos de chumbo, da censura
Censura no MMA. Ilustração: blogdobarbosa.jor.br. Retrocesso no Ministério do Meio Ambiente.

Histórico do retrocesso no Ministério do Meio Ambiente

Chegamos a nos iludir quando o ministro anunciou sua equipe. Entusiasmados, fizemos matéria para elogiar a “equipe dos sonhos“. Não durou muito. Cerca de 40 dias depois, o ministro se apequenou ao desmontar a própria equipe. Disse-me ele, que Truda teria sido barrado por que “existe uma ação na Justiça contra ele”. Ora, se é assim, como sua excelência vingou se foi condenado numa ação de improbidade administrativa relacionada a APA da Várzea do Tietê?  Donde deduzimos que, quem desmontou a equipe, foi o próprio criador, provavelmente, com receio do que viria pela frente com aquela gente boa engajada. É difícil acreditar que isto esteja acontecendo com um ministério que foi protagonista nos últimos dez anos. Essa ‘desmoralização oficial’ só se justifica quando nos lembramos da plataforma do chefe de Ricardo, o capitão. Lembremo-nos que sua ideia era tornar o MMA um apêndice do ministério de Agricultura, que teria como chefe ninguém menos que o o presidente da UDR- União Democrática Ruralista, Luiz Antônio Nabhan Garcia, lembram-se? Pois é, vale lembrar que tudo começou com uma multa ambiental

O chefinho imita o chefão

Para este site, um dos grandes problemas do atual governo é o estilo imperial. Imperial só, não; imperial, tosco e grosseiro, o estilo do presidente. Suas escolhas parecem seguir receita idêntica.

Retrocesso no Ministério do Meio Ambiente. Imitando o chefe…Foto:Evaristo Sá/AFP

Enquanto um passa adiante um vídeo escatológico e chulo, o outro demite a ex-presidente do Ibama, que havia feito um belo trabalho, de forma arrogante e infeliz. Enquanto um passa adiante notícia fake sobre a imprensa brasileira, o outro decide por bem calar o Ibama e o ICMBio, e coma menos quem não gostar. A notar, um viés extremamente antidemocrático em ambos.

Retrocesso no Ministério do Meio Ambiente. Foto: catracalivre.com.br.

Ibama e ICMBio

São as duas autarquias que fazem parte do MMA, cuja missão é das mais importantes e nobres: proteger e conservar para as futuras gerações, o nosso maior ativo, a biodiversidade. Sem investimentos nas equipes e equipamentos, com enormes carências em todas as áreas, sem a meritocracia imperar em seus quadros, ainda assim ambas conseguiam dar conta do recado com alguns poréns, aqui e acolá. Mas sem má fé deliberada.

Pois bem, decidiu-se pela mordaça, contra a imprensa e a opinião pública, e de modo imperial como sempre: “Ibama e ICMBio, não se manifestem publicamente sem submeter, previamente, todas suas informações ao ministério.” Esta, a nova ‘orientação’ made by  Ricardo Salles. Semana passada o Estadão quis entender. Pediu esclarecimento ao Ibama. Este, enviou a seguinte mensagem: “Por orientação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), demandas de imprensa relacionadas à atuação do Ibama devem ser direcionadas à Assessoria de Comunicação do MMA”

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Eis aí, o lado sujo da nova gestão.

O esclarecimento

Estadão: “Até esta terça, o Ibama vinha atendendo normalmente às solicitações. Nesta quarta, foi publicada a exoneração do chefe de comunicação do Ibama. As áreas de comunicação dos dois órgãos, conforme apurou o Estado, estão esvaziadas. No MMA, Ricardo Salles nomeou o militar Pallemberg Pinto de Aquino para centralizar todas as demandas.”

Indignação entre os servidores do Ibama e do ICMBio

Segundo o Estado, “as orientações dadas informalmente aos dois órgãos causaram indignação entre os servidores do Ibama e do ICMBio. Ricardo Salles já anunciou que pretende unir os dois órgãos em apenas uma instituição.  Por meio de mensagens, a reportagem questionou o ministro sobre a censura imposta ao Ibama e ao ICMBio. Salles não se manifestou. O MMA também foi procurado pela reportagem, mas não retornou ao pedido de esclarecimento.”

Aí está, como veem, a volta aos anos de chumbo. Só naquele sombrio período havia restrições à liberdade da imprensa e, consequentemente, ao público que paga a conta. O Mar Sem Fim aproveita para lembrar que faz isso quem teme. Quem não teme, não proíbe.

E note-se que o ministro que nunca pôs os pés na Amazônia, que jamais visitou uma única unidade de conservação, que portanto não conhecia absolutamente nada do assunto a que foi encarregado, parece ter decidido pela fusão do Ibama e ICMBio, como diz o jornal: ‘Ricardo Salles já anunciou que pretende unir os dois órgãos em apenas uma instituição’.

Unir os dois órgãos em apenas uma instituição

Com que experiência Ricardo Salles determina uma mudança desta envergadura? Ele não conhece o assunto. Nunca foi in loco conversar com gestores, os nativos e suas famílias, os prefeitos das regiões que se tornaram unidades de conservação.

Não conhecia, repetimos, o bioma mais conhecido e admirado do mundo, a Amazônia! Como, com esta experiência ‘almofadinha’, o ministro se dá ao direito de soltar esta bomba?  Ela confirma a incapacidade do gestor.

Marina Silva agiu igualzinho, quando chefiou o ministério no governo Lula. Sem saber o que fazer de seu messianismo inútil, além de criar as famigeradas RESEX por toda parte, decidiu por bem separar os dois órgãos, que até então agiam em conjunto. Criou o Ibama e o ICMBio.

Não investiu em nenhum dos dois. E não resolveu o problema. Agora que as coisas voltaram a andar, o último ato do governo anterior foi criar as duas maiores áreas marinhas protegidas, Ricardo, que também não sabe o que fazer, decide juntá-los outra vez. A velha mania do faz, desfaz, que não leva a nada, está de volta. É preciso dar circo ao povo? Ou é o samba do crioulo doido nestes tristes trópicos?

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Vocês não vão conseguir desmontar a conservação no Brasil

Nem o tuiteiro maluco, muito menos o ministro neófito, ou a musa do veneno, lotada no cargo nº1 do ministério da Agricultura, Tereza Cristina, “que acaba de entregar o Serviço Florestal Brasileiro– autarquia que cuida das florestas nacionais e do Cadastro Ambiental Rural– a Valdir Colatto, um dos políticos mais atuantes da bancada ruralista.” Para quem não lembra, a transferência do Serviço Florestal, do MMA para a Agricultura, foi mais uma tentativa do tuiteiro maluco de esvaziar o MMA. Ele o fez de forma unilateral, através da Medida Provisória,  nº  870.

Vocês podem tentar, mas não conseguirão acabar com o que resta da conservação no País. Simplesmente, não vamos permitir. Quando digo ‘não vamos’, estou falando em nome das ONGs, ambientalistas, e lideranças da academia, sérias e engajadas. Além do mais, é questão de tempo para, mesmo os eleitores de Bolsonaro, caírem na real e perceberem que “escatológico mesmo, é o despreparo do presidente” (Rolf Kuntz, O Estado de S. Paulo). Torcemos para estarmos errados. E continuamos atentos, prontos para aplaudir medidas coerentes, ou denunciar as que desmontam o órgão. E não vamos abdicar desta função.

Fontes: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ministerio-do-meio-ambiente-impoe-lei-da-mordaca-a-ibama-e-icmbio,70002753849; http://conexaoplaneta.com.br/blog/novo-diretor-do-servico-florestal-brasileiro-e-autor-do-projeto-que-libera-a-caca-de-animais-silvestres/?fbclid=IwAR0uH9QYDQYS5JRSRL1UIygHixefdMs9U2oslEscV_8EI2cFe9yijkRABQw.

Imagem de abertura: blogdobarbosa.jor.br.

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