Peixes-boi da Flórida: mais de mil morrem de fome

0
627
views

Peixes-boi da Flórida, 1.101, morrem de fome em 2021

Um número recorde de peixes-boi da Flórida, ou manatees, morreu no ano passado, de acordo com um relatório divulgado pela Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida. Houve 1.101 mortes relatadas de peixes-boi no estado – quase o dobro da média de cinco anos – com a maioria morrendo de fome. Qual seria o motivo da morte dos animais ameaçados mundo afora?

peixes-boi da Flórida
Imagem, www.finance.yahoo.com.

Se você pensou, poluição, acertou.

A terrível poluição de um mundo superpopuloso

A Terra não está preparada para alimentar quase 8 bilhões de bocas, apenas em se tratando de seres humanos. Só a poluição provocada por esta absurda quantidade de gente já provoca o caos nos ambientes terrestres ou marinhos. A crise do plástico aí está para provar. E é apenas uma, entre tantas.

A ONG Save the Manatee informou que existem apenas 6.000 manatees em todo o estado da Flórida, um dos lugares do mundo onde existem mais animais deste tipo.

A morte ‘agonizante pela fome’

Para o diretor executivo da ONG, Patrick Rose,  os peixes-boi  tiveram uma “morte realmente agonizante”. 

“As condições ambientais em partes da Indian River Lagoon continuam  uma preocupação”, diz o departamento de vida selvagem do estado em seu site.

PUBLICIDADE

“Os pesquisadores atribuíram as mortes pela fome devido à falta [de] gramas marinhas na Lagoa do Rio Indiano. Nos últimos anos, a má qualidade da água na Lagoa levou à proliferação de algas nocivas e à perda generalizada de gramas marinhas”.

Gramas marinhas da Flórida
As gramas marinhas cada vez mais raras pela poluição ameaçam o que resta dos peixes-boi. Imagem, New York Times.

O estado diz que “a maior parte das plantas na Lagoa do Rio Indiano desapareceu” e que a lagoa tem visto taxas decrescentes deste alimento básico para os peixes-boi desde 2011. 

Os efeitos da fome nos animais

“Os efeitos da fome prolongada são prejudiciais”, diz a Florida Fish and Wildlife em seu site, e pode resultar em atrofia de órgãos, desligamento metabólico e reprodutivo, diminuição da mobilidade e suscetibilidade a doenças.

O Peixe-boi no Brasil

Para efeito de comparação, no Brasil o mamífero aquático mais ameaçado de extinção é o peixe-boi e, supõe-se que não existam mais de 500 animais, que se dividem entre os Estados de Alagoas até o Amapá.

Segundo o Centro de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que mantém o Projeto Peixe-boi, os animais que habitavam as águas do Espírito Santo, Bahia e Sergipe já foram extintos.

Estes dados dão bem a ideia da ameaça que representa a morte de cerca de 1.101 animais na Flórida em 2021, quase o dobro da média de cinco anos.

De acordo com o site da CBS News, das mais de 1.000 mortes, 103  estavam relacionadas a embarcações, segundo o estado, sete foram esmagados ou afogados em comportas e eclusas de canais, e outros sete foram mortos por causas relacionadas ao homem, como caça ilegal ou emaranhamento em equipamentos de pesca.

Os ‘gigantes rechonchudos e gentis da Flórida’

É assim que a maioria dos jornais norte-americanos se referem aos manatees: ‘gigantes rechonchudos e gentis da Flórida’. Ou seja, aparentemente, o público gosta dos animais, os conhece melhor que nós, e mesmo assim a população os mata por fome ao poluir brutalmente os estuários do país! Um tremendo contrassenso.

PUBLICIDADE

cartaz sinaliza peixes-boi
O cartaz sinaliza o perigo.Imagem, New York Times.

E isto mais uma vez nos dá a medida, com a superpopulação mundial, dos problemas que provocamos ao meio ambiente mesmo sendo ‘amigos’ dele.

Uma tentativa inútil de salvar os manatees da Flórida

O New York Times resumiu bem. Depois que a população foi informada das primeiras mortes por fome, a população agiu em massa.

“Foi um experimento extraordinário em tempos difíceis: seres humanos despejando paletes de folhas verdes para alimentar os amados peixes-boi nas águas quentes do Indian River Lagoon, onde décadas de poluição destruíram sua delicada dieta de gramas marinhas.”

Peixes-boi da Flórida comendo alface
O alface que a população jogou nos rios ajudou, mas não evitou a morte maciça. Imagem, New York Times.

E prossegue o jornal: “Nos dias mais frios, centenas de pessoas vieram e, durante o período de alimentação de três meses, os mamíferos famintos comeram cada pedaço dos 202.000 quilos de alface arremessados ​​de cima.”

Para concluir: “Os moradores da Flórida apreciam os peixes-boi, gigantes rotundos e gentis que há muito capturaram a imaginação humana, mas as pessoas falharam em cuidar do ambiente dos animais, colocando em risco a sobrevivência da espécie.”

“Pode não ser suficiente (a comida jogada pela habitantes). O icônico peixe-boi continua em apuros e, com ele, um pedaço da identidade da Flórida.”

“Degradando o meio ambiente há mais de um século”

NYT: “Há mais de um século, o Estado mantém uma relação contraditória com a natureza. O estilo de vida da Flórida é sinônimo de atividades ao ar livre – mas também de desenvolvimento extenso que danificou o encanamento natural do Lago Okeechobee e dos Everglades, ameaçou o abastecimento de água potável e deixou o estado gravemente vulnerável às mudanças climáticas.”

PUBLICIDADE

E veja que isto acontece em um estado americano em que muitas das caixas postais das casas têm o formato de um peixe-boi!

É preciso que cada um faça sua parte, todos os dias do ano. É oportuno lembrar que cada pessoa produz em média um quilo de lixo por dia. Todo santo dia!  Multiplique por quase 8 bilhões de pessoas e você terá uma ideia do tamanho ‘everéstico’ do problema diário de nossos descartes.

Consolação

Como consolação, antes de encerrar, uma boa nova. O site Conexao Planeta informa que um peixe-boi fêmea que havia sido resgatado no litoral de Alagoas e colocado num recinto para aclimatação, e posteriormente ser reintroduzido na natureza, encontrou-se com um macho no recinto.

Para surpresa geral, Paty a fêmea, engravidou. Na noite de 26 de abril nasceu o filhote, outra fêmea pesando cerca de 12 kg. Trata-se, para felicidade geral, do primeiro filhote nascido em recinto de aclimatação do mundo. Uma boa nova, afinal!

Assista ao vídeo e saiba mais sobre a morte maciça de peixes-boi da Flórida

Imagem de abertura: www.finance.yahoo.com.

Fontes: https://www.cbsnews.com/news/manatee-deaths-florida-record-2021/; https://www.nytimes.com/2022/04/09/us/trying-everything-even-lettuce-to-save-floridas-beloved-manatees.html#:~:text=As%20part%20of%20an%20effort,put%20the%20animals%20in%20peril; https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/4016-populacao-de-peixe-boi-pode-estar-crescendo#:~:text=Dados%20do%20CMA%20indicam%20que,Esp%C3%ADrito%20Santo%2C%20Bahia%20e%20Sergipe; https://conexaoplaneta.com.br/blog/nasce-em-alagoas-primeiro-filhote-de-peixe-boi-em-recinto-de-aclimatacao-registro-inedito-no-mundo/?fbclid=IwAR3HsDORi0XUAQcuEX2ZZi0Xg2pl9Uq-tHmCEpJ00Y36kJa4N6uQMayjD-8#fechar.

La Meduse, o horror do naufrágio que abalou a França

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here