Parque Estadual Marinho Tartaruga-De-Pente, CONSEMA publica edital de convocação para audiência pública
O Conselho Estadual de Meio Ambiente, CONSEMA, publicou edital de convocação de audiência pública para a criação de mais um parque estadual marinho no litoral de São Paulo. A reunião virtual acontecerá em 31 de agosto de 2021. Só por isso já merece aplauso. O mar territorial brasileiro é muito pouco protegido. Menos de 1,5% do litoral, onde começa a cadeia de vida marinha para cerca de 90% das espécies, foi transformado em unidades de conservação. Nosso tema é a proposta de criação do Parque Estadual Marinho Tartaruga-De-Pente.

Áreas marinhas protegidas no Brasil
Até o governo Temer o País estava atrasado na proteção de seu mar territorial, apesar de acordos internacionais que o Brasil assinou e que sugeriam ao menos 10% de proteção à ZEE dos países membros.

Este é o caso da 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10). A conferência aconteceu no Japão, na cidade de Nagoya, província de Aichi, quando foi aprovado o Plano Estratégico de Biodiversidade para o período 2011 a 2020.
A meta Nº 11 sugeria que ‘até 2020 pelo menos 17% de áreas terrestres e de águas continentais, e 10% de áreas marinhas costeiras…terão sido protegidas.’
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Atualmente o Brasil tem cerca de 25% de seu mar territorial, a Zona Econômica Exclusiva, transformado em unidades de conservação. Pode parecer muito, mas não é.
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A quase totalidade desta porcentagem se refere à recente proteção conquistada por nossas ilhas oceânicas, Trindade e Martim Vaz, e São Pedro e São Paulo, no Governo Michel Temer.
Mas, se tirarmos o espaço destas duas unidades de conservação da área costeira, apenas 1,5% foi transformado em unidades de conservação. E a grande maioria é de uso sustentável. Ou seja, a pesca e a extração da vida marinha são permitidas.
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O governo paulista, que já criou uma unidade de conservação terrestre em janeiro de 2021, o Monumento Natural Mantiqueira, agora propõe nova unidade de conservação marinha.
E ainda por cima, uma unidade de proteção integral como é o caso dos parques, as mais eficazes.
Parque Estadual Marinho Tartaruga-De-Pente
A área do novo parque é pequena, 1.713 hectares, e fica no entorno de outro parque estadual, o da Ilha Anchieta, em Ubatuba, litoral norte do Estado. Segundo comunicado da Fundação Florestal o novo parque ‘é uma demanda dos gestores e parceiros do Parque Estadual Ilha Anchieta desde 1997’.
Ambientes insulares são os mais sensíveis. O fato de estarem isolados limita a conectividade entre as populações de fauna e flora contribuindo para a fragilidade. Este isolamento também favorece as espécies endêmicas, as mais ameaçadas pelo aquecimento global. Mais um mérito do novo parque.
Linha do tempo
Em 1977 foi criado o Parque Estadual da llha Anchieta. Em 1983 foi estabelecido um polígono de interdição de pesca. E, em 1997 surgiu a ideia da criação do novo parque. É neste local que fica no entorno da Ilha Anchieta (em amarelo), como mostra o mapa, que será criado o novo parque.
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Como o próprio nome diz, neste local a pesca já era proibida. De acordo com o plano de criação da nova unidade,’recategorizar (de um polígono de interdição de pesca para parque estadual) o entorno marinho do Parque Estadual da Ilha Anchieta, adquirindo mais instrumentos de gestão para o território, tem como principal objetivo proporcionar meios para incentivar a pesquisa, a educação ambiental e o turismo responsável nas áreas marinhas, ampliando a vigilância sobre a atividade de pesca irregular, incluindo a pesca amadora submarina e as condições de segurança para os visitantes’.
Segundo o plano da criação do novo parque, esta área hoje sofre diversas pressões e impactos relativos à pesca.
O decreto de criação do Parque Estadual Marinho Tartaruga-De-Pente deve ser publicado em outubro deste ano.
Mais uma atração para Ubatuba
O Parque Estadual da Ilha Anchieta é um dos grandes atrativos de Ubatuba, e é uma das dez unidades de conservação mais visitadas do Estado, segundo a Fundação Florestal.
A Ilha Anchieta é das mais bonitas do litoral paulista, com sete praias, costões rochosos, trilhas, e coberta por mata atlântica. Também há uma curiosidade pouco conhecida do público.

Em 1902, a ilha foi transformada em Colônia Correcional, desativada em 1914. Em seguida foi ocupada por pescadores seguidos por um grupo de imigrantes russos que lá ficaram até 1928.
A partir daí, Anchieta tornou-se presídio político. Mais tarde, de presídio político passou a presídio de segurança máxima do Estado de São Paulo, até 1952 quando foi parcialmente destruído depois de uma terrível rebelião.
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E o belo conjunto da Colônia Correcional foi projetado por ninguém menos que Ramos de Azevedo, um dos mais famosos arquitetos brasileiros, responsável por algumas obras notáveis como o Teatro Municipal de São Paulo, o Palácio das Indústrias, o Mercado Municipal, o presídio de Ilha Anchieta, entre outros.

Atualmente apenas o prédio principal, de entrada, está em boas condições. A parte das celas foi destruída pela rebelião e o passar dos anos.

Mas há problemas…
A introdução de espécies exóticas em 1983
Entretanto, é oportuno lembrar aos leitores, e também à Fundação Florestal, que a desastrada introdução de animais exóticos em 1983 continua sem nenhum plano de mitigação.

Até hoje não descobri o motivo desta ação. O fato é que em 1983 foram introduzidos mais de cem animais exóticos de 15 espécies diferentes, entre elas capivaras, saguis, tatus, quatis e cutias.
Algumas não resistiram ao novo habitat outras, entretanto, se multiplicaram de forma impressionante. Quando fiz meu primeiro documentário sobre Anchieta, em minha estreia na TV Cultura (2005-2007), fiquei espantado com a proliferação das espécies e suas consequências.

No mínimo parte da flora já bem alterada pelos usos anteriores, passou a ser almoço e jantar das capivaras. E as aves, especialmente as pequenas como tiê-sangue e outras, praticamente sumiram já que seus ovos são alimento de saguis.
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Seria adequado se a Fundação Florestal pensasse em formas de mitigar os malefícios que estes bichos provocam no parque da Ilha Anchieta. E anunciasse sua decisão à opinião pública.
Fingir que o problema não existe é negar as evidências. Não basta decretar novas unidade de conservação. É preciso cuidar das que já temos.
Imagem de abertura: Projeto Tamar
Sou contra esta sobreposição, pois esquecem que este e um território Caicara de uso das comunidades caicara com seus cercas os quais foram retirados de modo cruel impactando famílias caiçaras.
Se esquecem que se este ambiente é sadio e porque nós caicaras protegemos .
3squecem que quem traz sujeira é gritarem.para nosso territórios é o turismo de massa.
Nós caicaras que vivemos a mais de 300 anos no território e que somos os prejudicados
E estamos perdendo nosso território aos poucos.seja pela especulação imobiliárias ou pelas leis ambientais que hoje trata o caicara pai de família como bandidos.
Muito bom qualquer iniciativa nenhuma sentido da preservação ambiental é bem vinda, independentemente di políticos que a criou e para sermos justos segue um link com informações de áreas de conservação criadas por diversos governos: “((o))eco mostra qual foi o presidente que mais criou Unidades de Conservação – ((o))eco” https://www.oeco.org.br/noticias/28692-o-eco-mostra-qual-foi-o-presidente-que-criou-mais-ucs/
Uma bela iniciativa. Contudo, o que sustenta parques sadios e o turismo sustentavel e resonsavel. Sem acessibilidade teriamos mais uma grande area abandonada a propria sorte. O fato de ter sido um presidio, mesmo que projetado por Ramos de Azevedo, traz uma desvantagem para o turismo – imagine a vibracao que a Ilha deve ter – tenebrosa! Deviam revitalizar, montar um centro de apoio e divulgar para o turismo consciente e lucrar para preservar.
Não tem nada de tenebrosa, J Carlos. Estive lá uma porção de vezes. Continua a ser um lugar muito bonito, com uma história que remonta ao século 16, curiosa, e interessante. As celas em frangalhos servem para demonstrar como o ser humano errou construindo presídios em ilhas. Hoje isso é impensável. Que os restos do presídio sirvam como uma lição.