Navio Concórdia que abastecia Fernando de Noronha naufraga
A viagem parece ter sido dura deste o início. O navio Concórdia saiu do Recife no sábado (14/9), carregado com 180 toneladas de material de construção e comida. O proprietário, Antônio Gonçalves, disse que ‘estava quase no meio do caminho, mas a carga se soltou, assim, a tripulação resolveu retornar para o Recife’. Carga solta no porão de um navio em área de vento forte, como o Nordeste, é um suicídio. Basta pegar uma rajada mais forte para o barco começar a pendular até capotar.
Fizeram bem em retornar ao porto. A Marinha informou que o Navio Rebocador de Alto Mar “Cormoran” resgatou quatro tripulantes, e todos em bom estado de saúde. Outros quatro estão mortos, e um desaparecido.
Os últimos movimentos do Concórdia antes de afundar
O navio partiu novamente do Recife com destino a Fernando de Noronha, a cerca de 545 km de distância. Porém, na noite de domingo (15/09), o Concórdia naufragou. O navio estava a aproximadamente 15 km do litoral norte de Pernambuco, na altura da praia Ponta das Pedras, em Goiana.
A Marinha, por meio da Capitania dos Portos, mobilizou o SALVAMAR NORDESTE para coordenar a operação de busca e salvamento no litoral pernambucano. Também foi emitido um “Aviso aos Navegantes” e a comunidade náutica foi informada, pedindo que embarcações na área ajudem nas buscas.
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O naufrágio ocorreu próximo ao “cotovelo” formado pela costa brasileira, na altura de Natal, RN. Nesse ponto, a Corrente Sul Equatorial se divide em duas: a Corrente do Brasil, que desce a costa em direção ao sul a uma velocidade máxima de 0,70 m/s, e a Corrente Norte do Brasil, que sobe o litoral nordestino em direção ao Caribe.
Ao mesmo tempo, o Centro de Hidrografia da Marinha do Brasil emitiu alerta de mau tempo em 16 de setembro, avisando sobre ‘VENTO FORTE, de Sueste/Nordeste, força 7 com rajadas’. Em linguagem leiga isso significa uma velocidade entre 52, e 61 Km/h. E delimitou a área para onde era válida: ’02S, 043 W’, ou seja, o trecho da costa entre Salvador e Natal, justamente onde a rota levava o Concórdia.
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Isso indica que o Concórdia enfrentou um mar perigoso. Quando uma corrente marítima se encontra com ventos fortes em direção contrária, como aconteceu, formam-se ondas grandes e curtas, o pior cenário para qualquer navegador.
Outra questão é saber se a carga toda estava no convés, como mostra a foto acima. Quando isso acontece, o centro de gravidade do navio fica mais elevado, o que é indesejável em condições de mau tempo.
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Marinha aciona o resgate
A Marinha informou que a estrutura do Salvamar Nordeste coordena a operação de busca e salvamento no litoral pernambucano, com o apoio do Navio-Patrulha (NPa) Macau, subordinado ao Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Nordeste, e da Aeronave H36 da Força Aérea Brasileira.
A MB também emitiu um comunicado de “Aviso aos Navegantes” para a comunidade marítima, para “ampliar a divulgação sobre o ocorrido e alertar as embarcações que estejam navegando em áreas próximas do ocorrido para apoiar nas buscas”.
Prefeito de Iguape: ‘há 300 anos discutimos o fechamento do Valo Grande’
Caro João sem querer julgar mas o “navio” aparentemente estava bastante degradado.
Assim como nossa frota de caminhões com muito antiquados e perigosos, creio que o universo dos barcos de serviço no brasil nao deva ser muito diferente…alias talvez seja uma boa pauta para o MSF.
Sinto pela tripulaçao.
Um abs!