Capitão do Bayesian investigado por homicídio culposo
Como era de se esperar, as autoridades italianas investigam o capitão do Bayesian, o superiate que afundou no porto de Porticello em 19 de agosto na costa da Sicília, por homicídio culposo. O acidente matou sete pessoas, incluindo o magnata britânico Mike Lynch e sua filha de 18 anos. De acordo com a NBC News, as autoridades italianas também investigam o neozelandês James Cutfield por suspeita de causar o naufrágio. Dos 22 passageiros e tripulantes a bordo, as equipes de resgate salvaram 15. Aldo Mordiglia, um dos advogados que representam Cutfield, afirmou que “ele sente os terríveis efeitos desta tragédia, mas quer cooperar”. As autoridades pretendem incluir mais três membros da tripulação na investigação: o primeiro oficial, o holandês Tijs Koopmans, o engenheiro britânico Tim Parker Eaton e o tripulante britânico Matthew Griffith. A rapidez do naufrágio e a notoriedade dos passageiros mortos causaram grande comoção na Europa.
O veleiro ganhou vários prêmios por sua construção
Como informamos em post anterior, a planta do super veleiro é de autoria da admirada Ron Holland Design, uma garantia de que o barco era especial desde o nascedouro. A empresa é bem conceituada, um dos melhores escritórios de arquitetura naval do mundo. O Bayesian é um dos 10 barcos baseados no projeto de Holland, mas é a única versão com apenas um mastro (sloop), todos os outros eram ketches (dois mastros).
Uma vez pronto, o veleiro ganhou vários prêmios pelo seu estilo, levando para casa o de Melhor Exterior no World Superyacht Awards em 2009, e o Melhor Interior no International Superyacht Society Awards em 2008. Foi também finalista do prêmio de Melhor Iate à Vela do World Superyacht Awards na categoria de mais de 45 m em 2009.
Promotores interrogaram James Cutfield
O jornal The Guardian revelou que no domingo, 25 de agosto, os promotores interrogaram James Cutfield, capitão do Bayesian, pela segunda vez. Contudo, ele fez uso da prerrogativa de ficar calado. Na conclusão do interrogatório, os investigadores pediram-lhe para nomear um advogado. A lei italiana exige que as autoridades enviem avisos às pessoas sob investigação antes de realizar autópsias.
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Perigo de vazamento de combustível
O imenso veleiro de 180 pés está assentado no fundo do mar sobre o cassado direito, e leva em seus tanques 18 mil litros de diesel. Os pescadores de Porticello e as autoridades estão preocupadas com um possível vazamento. “É uma bomba ambiental no fundo do nosso mar”, dizem os pescadores. “Estamos todos um pouco preocupados”, acrescenta o prefeito de Santa Flavia, Giuseppe D’Agostino, revelou o Euronews.
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Mesma fonte informa que o Camper & Nicholsons, o armador da Bayesian, também está trabalhando no plano de recuperar o naufrágio. A prioridade seria esvaziar o tanque e, em seguida, poder removê-lo.
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Em primeiro lugar, a investigação descobriu que os passageiros não foram avisados do que estava acontecendo. Não houve alarmes, e nenhum dos tripulantes foi nas cabines (onde provavelmente as pessoas estavam dormindo quase 4 da manhã) para avisar que havia mau tempo e riscos.
A rapidez do processo sugere a possibilidade da água ter entrado através de portas ou escotilhas abertas, o que seria negligência do comandante. O barco tinha quilha retrátil (com 10 m), mas ela estava recolhida segundo os mergulhadores. Se este detalhe for confirmado pelas investigações será outra questão para o capitão explicar.
O Bayesian foi o único a afundar naquela madrugada enquanto os outros barcos ao redor não foram afetados. Isso pode indicar o erro da quilha recolhida durante o fundeio. O barco tende a balançar muito mais nas rajadas, ao mesmo tempo em que o ponto de gravidade fica mais elevado, tudo que não deveria acontecer durante mau tempo.
O sinal de afundamento automático (iniciado pelo dispositivo de emergência Epirb) foi acionado automaticamente quando o mastro caiu, às 4h06 da madrugada. O Ministério Público considera esta a hora do afundamento, segundo o www.dire.it. O foguete de emergência, no entanto, foi acionado do bote salva-vidas apenas às 4h38, quando o veleiro já estava sob o mar, a uma profundidade de 50 metros. Esta demora é outra dúvida a ser esclarecida.
Para além disso, ainda houve a declaração reportada pelo La Republica, segundo a qual a única frase que James Cutfield conseguia dizer era: “Nós não vimos isso chegando (referindo-se ao mau tempo)”. Se verdadeira, a frase indica que o comandante não teria monitorado o clima como é obrigatório.