Estiagem na Amazônia revela petróglifos de 2 mil anos
A estiagem na Amazônia, considerada uma tragédia que afeta 500 mil pessoas, ainda pode piorar e superar a de 2005. Segundo o Climainfo, o cenário não deve mudar tão cedo. De acordo com a previsão divulgada em 27/10 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as chuvas devem continuar escassas no Norte. O fim da estiagem deve começar pelo sudoeste amazônico, mas será lento, conforme informações do INMET e do INPE. No entanto, a seca teve um lado positivo. Ela revelou 100 gravuras rupestres de rostos humanos, animais e formas geométricas, que podem ter cerca de 2 mil anos. O encontro das gravuras pré-colombianas ocorreu em um ponto da cidade brasileira de Manaus, onde as águas escuras do rio Negro se encontram com a corrente turva do rio Amazonas, revelou a Live Science.
Revelações no Encontro das Águas
As mais recentes descobertas dos petróglifos subaquáticos, no sítio arqueológico das Lajes, ocorreram no início de outubro, quando mais da metade da altura do rio secou. A Live Science entrevistou Eduardo Góes Neves, um arqueólogo da USP que não esteve diretamente envolvido na descoberta.
“Os níveis da água na Amazônia flutuaram ao longo dos milênios, por exemplo, durante períodos mais secos, entre 8.000 e 4.000 anos atrás, quando o nível do rio provavelmente era muito mais baixo do que é hoje.”
O site Amazônia Real explica que o local é o sítio arqueológico e geológico das Lajes, às margens do rio Negro, em Manaus. Em 12 de outubro, a equipe da Amazônia Real visitou o pedral do sítio das Lajes, localizado no bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona leste, e observou algumas das ‘carinhas’.
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Ele abrange uma área que inclui encostas de terra preta, fragmentos cerâmicos e urnas funerárias, além das gravuras. No entanto, grande parte desses vestígios desapareceram devido às ações humanas e à falta de proteção adequada.
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Os arqueólogos não sabem exatamente a data das pinturas rupestres. “É difícil datar escavações diretamente na rocha se não houver material orgânico associado a ela”, disse Eduardo Góes Neves.
Inteligência e habilidade dos antigos habitantes
Em uma declaração à Live Science, Carlos Augusto Silva afirmou: “As descobertas ressaltam a inteligência e a habilidade dos antigos habitantes da região. Elas representam uma espécie de renascimento da Amazônia na história que antes era brutalmente negada pela sociedade ocidental, que frequentemente retratava os povos originários como deficientes intelectuais”, disse.
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Os maus tratos ao sítio arqueológico
Vale destacar as informações do Amazônia Real, que evidenciam o quão desatentas estão as autoridades que deveriam zelar por um local com essas características. O site também entrevistou Eduardo Góes Neves.
“O sítio das Lajes é um patrimônio “super importante”, mas mal estudado. Para agravar a situação, o sítio é impactado e ameaçado por empreendimentos, como é o caso do projeto Porto das Lajes.”
O ativista ambiental e educador Valter Calheiros visita o pedral durante a época da seca todos os anos, conforme explicado pelo Amazônia Real. Em 2023, ele foi o primeiro a registrar o ressurgimento das gravuras. Em 2010, ele também fazia parte do grupo que descobriu as gravuras milenares. Desde então, como lembra Calheiros, o sítio sofreu mais danos e está em estado avançado de degradação.
Para completar, os fragmentos cerâmicos que ainda restavam nas áreas próximas ao pedral foram soterrados devido ao desabamento de uma escadaria de mais de 30 metros, construída com pneus pela prefeitura de Manaus. Ao redor, o lixo se acumula sob árvores, espalhado por visitantes ocasionais que vão à área em dias de lazer para banhar-se no rio e pescar, muitas vezes sem saber que se trata de um sítio arqueológico.
Assim as autoridades tratam o país. É lamentável.
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