Em 38 anos vertebrados diminuíram 69%

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Em 38 anos as populações monitoradas de vertebrados diminuíram em média 69%

A cada dois anos é publicado o Relatório Planeta Vivo 2022,  uma colaboração entre duas grandes organizações, o Fundo Mundial para a Natureza, conhecido como WWF, e a Sociedade Zoológica de Londres. Acaba de sair o último – uma produção de 89 autores – revelando que, de1970 até 2018, as populações de animais selvagens vertebrados diminuíram nada menos que 69% em razão do nosso modo insustentável de vida. O relatório aturdiu o mundo. Isso significa que desapareceram mais de dois terços destes animais em apenas 48 anos. Então, pergunta Catrin Einhorn em matéria para o New York Times: os vertebrados selvagens caíram 69% desde 1970? Não é bem assim, apesar do número ser alto de qualquer modo.

Relatório Planeta Vivo 2022
Imagem de capa do Relatório Planeta Vivo 2022.

‘Pesquisadores relatam um declínio impressionante na vida selvagem. Aqui está como entendê-lo’

O subtítulo acima está entre aspas porque trata-se do artigo ‘Researchers Report a Staggering Decline in Wildlife. Here’s How to Understand It (12/10/2022) do New York Times, como quase sempre acontece, o melhor entre todos que repercutiram a nova informação.

Catrin Einhorn  alerta que é uma percentagem impressionante com sérias implicações, especialmente porque as nações se preparam para se reunir em Montreal em dezembro deste ano, em um esforço para chegar a um acordo sobre um novo plano global para proteger a biodiversidade.

Nosso post é um resumo deste artigo. Voltamos, agora, à pergunta da autora, e sua própria resposta: Então, os vertebrados selvagens caíram 69% desde 1970? Não.

Contudo, está claro que a vida selvagem está sofrendo muito em nosso planeta, mas os cientistas não sabem exatamente o quanto. Um número abrangente é extremamente difícil de determinar. Contar animais selvagens – em terra e no mar, de mosquitos a baleias – não é pouca coisa. A maioria dos países carece de sistemas nacionais de monitoramento.

Lembre-se, entretanto, que este número é apenas sobre vertebrados, alerta a autora: mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. Estão ausentes os invertebrados, embora constituam a grande maioria das espécies animais (os cientistas têm ainda menos dados sobre eles).

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‘Populações selecionadas de 5.320 espécies de vertebrados’

O estudo rastreia populações selecionadas de 5.320 espécies, absorvendo todas as pesquisas relevantes publicadas que existem, acrescentando mais a cada ano conforme novos dados permitem. 

Inclui, por exemplo, uma população de tubarões-baleia no Golfo do México contada a partir de pequenos aviões voando baixo sobre a água e pássaros contabilizados pelo número de ninhos em penhascos. Dependendo da espécie, ferramentas como armadilhas fotográficas e evidências como excrementos de trilhas ajudam os cientistas a estimar a população em um determinado local.

‘Tentação de pensar em um declínio médio de 69%’

Há uma tentação de pensar que um declínio médio de 69% nessas populações significa que essa é a parcela da vida selvagem monitorada que foi exterminada. Mas isso não é verdade. Um adendo ao relatório fornece um exemplo do motivo.

Imagine, escreveram os autores, que começamos com três populações: pássaros, ursos e tubarões. As aves diminuem de 25 para 5, uma queda de 80%. Os ursos caem de 50 animais, para 45, ou seja, 10 por cento. E os tubarões diminuem de 20, para 8, ou 60 por cento.

Isso nos dá um declínio médio de 50%. Mas o número total de animais caiu de 150 para 92, por isso, uma queda de cerca de 39%. O índice é projetado dessa forma porque busca entender como as populações estão mudando ao longo do tempo. Não mede quantos indivíduos estão presentes.

Sim, diz Catrin Einhorn . Alguns cientistas acham que o relatório realmente subestima a crise global da biodiversidade, em parte porque declínios devastadores em anfíbios podem estar sub-representados nos dados.

A América Latina e o Caribe tiveram a pior queda regional, 94% desde de 1970. O padrão foi mais pronunciado em peixes de água doce, répteis e anfíbios. A África foi a próxima com 66%; a Ásia e o Pacífico viram 55%.

A região definida como Europa-Ásia Central teve um declínio menor, de 18%, assim como a América do Norte, de 20%. Os cientistas enfatizaram que perdas de biodiversidade muito mais acentuadas nessas duas áreas provavelmente ocorreram muito antes de 1970 e não estão refletidas nesses dados.

‘Os cientistas sabem o que está causando a perda de biodiversidade’

Em terra, o principal impulsionador é a agricultura, pois as pessoas transformam florestas e outros ecossistemas em terras agrícolas para gado ou óleo de palma. No mar, é a pesca. Existem maneiras de fazer as duas coisas de forma mais sustentável.

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Contudo, se a mudança climática não estiver limitada a 2 graus Celsius, e de preferência 1,5 grau, suas consequências devem se tornar a principal causa de perda de biodiversidade nas próximas décadas, disse o relatório.

Eis, em suma, os pontos principais do artigo.

Recomendações do Relatório Planeta Vivo 2022 para a Amazônia

A versão do relatório em português está neste link. Entretanto, fizemos um pequeno resumo do que ele diz sobre a Amazônia, a maior floresta úmida do planeta, e a maior em biodiversidade, maltratada, como sabemos, especialmente nos último quatro anos.

‘Com base na situação atual e suas ameaças, os autores recomendam quatro ações-chave: uma moratória imediata sobre desmatamento e degradação em áreas que se aproximam de um ponto de inflexão; a atingir desmatamento e degradação zero até 2030; a restauração de ecossistemas terrestres e aquáticos; e uma bioeconomia inclusiva e justa de florestas e rios saudáveis.’

‘Essas ações são urgentes, pois 17% da bacia amazônica foi desmatada com um acréscimo de 17% na degradação do bioma. Tal situação está ameaçando a Amazônia, um componente crítico no sistema climático da Terra – responsável pelo armazenamento de 150 a 200 bilhões de toneladas de carbono –, e sua biodiversidade – incluindo 18% de espécies de plantas vasculares, 14% de aves, 9% de mamíferos, 8% de anfíbios e 18% dos peixes que habitam os trópicos (dados calculados para os limites biogeográficos do Painel Científico para a Amazônia).’

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