Correntes oceânicas aceleram, descoberta dramática

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Correntes oceânicas aceleram, mais uma reação do aquecimento global

Depois dos sucessivos recordes de altas temperaturas na Antártica, e do deslocamento do maior iceberg do mundo, parece que o aquecimento global está provocando outra catarse nos oceanos: as correntes oceânicas aceleram. Uma nova pesquisa, publicada em 6 de fevereiro de 2020 na revista Science Advances, constata que essa aceleração está ocorrendo em todo o mundo, com os efeitos mais notáveis ​​nas latitudes tropicais.

infográfico mostra correntes oceânicas
Um clima quente parece estar alterando as correntes globais, reconstruídas aqui a partir de leituras de satélite e navios. ESTÚDIO CIENTÍFICO DE VISUALIZAÇÃO CIENTÍFICA DA NASA / GODDARD ESPAÇO. Imagem, https://www.sciencemag.org/.

A velocidade das correntes não está apenas na superfície do oceano, mas está ocorrendo a uma profundidade de 2.000 metros. Pesquisadores, preocupados, estudam o novo fenômeno.

Correntes oceânicas aceleram

Janet Sprintall, oceanógrafa do Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia declarou:

Embora esperássemos alguma resposta ao aumento dos ventos nas últimas duas décadas, a aceleração foi acima e além disso, foi uma resposta inesperada que provavelmente se deve às mudanças climáticas globais

Os ventos sobre o oceano estão aumentando a uma taxa de 1,9% por década, descobriram os pesquisadores. Esse aumento na velocidade do vento transfere energia para a superfície do oceano e, posteriormente, para águas mais profundas. Cerca de 76% dos oceanos a 2.000 m de profundidade observaram um aumento na energia cinética desde os anos 90. No geral, as velocidades da corrente oceânica subiram cerca de 5% por década desde o início dos anos 90, segundo o estudo.

Importância das correntes oceânicas

Como este site já mostrou, os oceanos regulam o clima na Terra através da interação entre as correntes marinhas e a atmosfera. O site nationalgeographic.org diz que “fluxos de massa de água, ou correntes, são essenciais para entender como a energia de calor se move entre os corpos de água da Terra, massas terrestres e atmosfera. O oceano cobre 71 por cento do planeta e contém 97 por cento de sua água, tornando o oceano um fator chave no armazenamento e transferência de energia térmica em todo o mundo. O movimento desse calor através das correntes oceânicas locais e globais afeta a regulação das condições climáticas locais e extremos de temperatura.”

‘Descoberta dramática’, segundo o Washington Post

Em sua edição de 6 de fevereiro, o jornal norte-americano sentenciou: “É a mais recente descoberta dramática sobre a forte transformação do oceano global – juntando revelações sobre massacres de corais, diminuição nas pescarias, e o derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e Antártica. Tudo impulsionado por ondas de calor oceânicas cada vez mais intensas e aumento acelerado do nível do mar.”

Para o jornal, “A nova pesquisa descobriu que 76% do oceano global está acelerando. O aumento da velocidade é mais intenso nos oceanos tropicais e especialmente no vasto Pacífico.”

Mas o que isso pode significar?

As consequências

Os cientistas ainda não estão certos sobre todas as consequências dessa aceleração. Mas elas podem incluir impactos em regiões-chave ao longo das costas orientais dos continentes, onde várias correntes se intensificaram. O resultado, em alguns casos, tem aumentado os pontos quentes do oceano que prejudicaram a vida marinha. Os pesquisadores descobriram um aumento global da velocidade do vento sobre o oceano em cerca de 2% por década desde os anos 90, o que se traduz em um aumento de cerca de 5% por década na velocidade das correntes oceânicas.

Segundo o WP, “O estudo observa que em cenários extremos de aquecimento climático, também ocorre uma aceleração dos ventos globais. Mas era esperado que a mudança atingisse o pico no final deste século, depois de um aquecimento muito maior do que o ocorrido até agora. Isso sugere que a Terra pode realmente ser mais sensível às mudanças climáticas do que nossas simulações podem mostrar atualmente, disse McPhaden.”

‘Ainda há muitas perguntas a serem respondidas’

Para o LiveScience, “Ainda há muitas perguntas a serem respondidas sobre mudanças na circulação oceânica, escreveram Hu e seus colegas em seu novo artigo. Por exemplo, existem poucas observações de circulação em profundidades mais baixas, tão pouco se sabe sobre mudanças nos oceanos muito profundos. Compreender as mudanças na circulação oceânica é importante para entender as mudanças climáticas e seus efeitos, escreveram os pesquisadores. As correntes oceânicas movem o calor ao redor do globo, o que pode afetar os habitats oceânicos, o clima e as temperaturas locais.”

Esperemos que as previsões mais sombrias não se realizem. Mas os avisos sobre nossa ação no planeta são cada vez mais debatidos por cientistas mundo afora. Infelizmente, parece que nossos políticos ainda não perceberam, as chuvas de verão são apenas mais uma prova. Alguns deles demonizam a ciência, e a maioria não investe em ciência e tecnologia. Assim, o Brasil vai ficando cada vez mais atrasado. Que futuro terão nossos estudantes?

Imagem de abertura: www.earth.com

Fontes: https://www.livescience.com/ocean-currents-speeding-up.html?utm_source=Selligent&utm_medium=email&utm_campaign=9160&utm_content=LVS_newsletter+&utm_term=3019238&m_i=G3e1_w7USd4JYqPT884VnEfgQY7JGqlKnSJMGdS13CRxbgwoqSiYpn60V4rC3CzrIVP0ObdJHm8VcDy4WIPBDj4XeNMNP0MoN_%2BZDzGGGx; https://www.washingtonpost.com/climate-environment/2020/02/05/worlds-oceans-are-speeding-up-another-mega-scale-consequence-climate-change/; https://www.sciencemag.org/news/2020/02/global-warming-speeding-earth-s-massive-ocean-currents.

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Comentários

10 COMENTÁRIOS

  1. Mais conhecimento e pesquisas são necessários, além de se diminuir a emissão de co2 e lixo desde já. A camada de ozônio já está comprometida. Um dia isso vai parar, bem ou mal.

  2. O maior problema é quando céticos têm algum poder de decisão e influência, pior, a coisa já virou ideologização de extremismos políticos. Mesmo com estudos científicos de Instituições como a Nasa, de institutos de estudos da área de universidades renomadas do mundo todo, mas alguns ainda contiuam a questionar e não aceitar, até que a elevação dos oceanos “chegue aos seus pescoços”, só assim quem sabe se convencerão, até então, a grande massa de desinformados continuará a jogar o seu lixo pela janela e entupir os bueiros intenficando as inundações nas cidades, são mais ou menos como avestruzes.

  3. O título da matéria não condiz com o que consta na matéria. Os estudos ainda estão sendo realizados e não existe relação do aumento da velocidade das correntes com o aquecimento global.

  4. A influência humana perante as forças naturais e gigantescas que movimentam o planeta é como um torcedor soltar um pum em um Maracanã lotado, ninguém iria perceber a não ser seu vizinho bem próximo.

    • Ronaldo, sinto-me confortado quando ouço alguma coisa inteligente e racional. Pena que nossas vozes, em meio à sandice que tomou conta do debate sobre clima e meio ambiante, provavelmente, não serão mais que “puns”.

      • já pensou na possibilidade das mudanças cíclicas climáticas do nosso planeta??? temos de preservar, temos reduzir a ´nossa produção do lixo… mas afirmar que estes fenômenos estão ligados diretamente a ação humana é muito temerário….. e Paulo como você explica esta relação?

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