COP28: a cúpula da injustiça climática, 1% mais rico emite tantos gases de efeito estufa quanto 2/3 da humanidade
Há muito é consenso que os países mais ricos têm maior responsabilidade que os mais pobres, ou em desenvolvimento, no aquecimento do planeta. Mas, daí a saber que em 2019 o 1% mais rico emitiu tantos gases de efeito estufa quanto 2/3 da humanidade, vai um passo muito longo. No entanto, é o que descobriu um novo relatório da Oxfam às vésperas da COP28. “O mundo enfrenta crises duplas de colapso climático e desigualdade galopante. As pessoas, as empresas e os países mais ricos estão destruindo o mundo com suas enormes emissões de carbono. Entretanto, as pessoas que vivem na pobreza, as que vivem marginalização, e os países do Sul Global são os mais afetados.”

‘Redução radical da desigualdade’
Uma descoberta importante é que as emissões de carbono do 1% mais rico aumentaram para 16% do total mundial em 2019. Isso significa que o 1% mais rico poluiu tanto quanto cinco bilhões de pessoas em 2019. Esses cinco bilhões representam os dois terços mais pobres da humanidade.
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“Igualdade Climática: Um Planeta para os 99%”
O relatório aponta uma grande diferença nas pegadas de carbono. Os super-ricos consomem muito carbono e investem em indústrias poluentes, como os combustíveis fósseis. Esses hábitos aceleram o aquecimento global. Em contraste, a maioria das pessoas no mundo tem uma pegada de carbono bem menor.
- Os 1% mais ricos (77 milhões de pessoas) foram responsáveis por 16% das emissões de consumo global em 2019 – mais do que todas as emissões de carros e transporte rodoviário. Os 10% mais ricos foram responsáveis por metade (50%) das emissões.
- Levaria cerca de 1.500 anos para alguém nos 99% mais pobres produzir tanto carbono quanto os bilionários mais ricos em um ano.
- Todos os anos, as emissões do 1% mais ricos cancelam as economias de carbono provenientes de quase um milhão de turbinas eólicas.
- Desde a década de 1990, o 1% mais rico usou até o dobro do carbono que deixamos para queimar sem aumentar as temperaturas globais acima do limite seguro de 1,5º C do que a metade mais pobre da humanidade.
- As emissões de carbono do 1% mais ricos devem ser 22 vezes maiores do que o nível compatível com a meta de 1,5º C do Acordo de Paris em 2030.
A repercussão foi imediata
COP28
Dada essa situação, as expectativas para a reunião são limitadas. O objetivo principal da COP28 é manter o aquecimento global dentro das metas do Acordo de Paris. No entanto, muitos cientistas duvidam que isso seja possível devido à inação até o momento.
Os objetivos incluem também acelerar a transição para fontes de energia limpas e financiar países pobres com recursos dos países ricos.
Injustiça climática
A questão da injustiça climática ganha destaque no contexto da COP28, conforme reportado pelo Guardian. A publicação menciona que a ‘justiça climática’ será um tema central na cúpula climática que ocorre esta semana nos Emirados Árabes Unidos.
Essa ênfase pode parecer surpreendente, dada a realidade atual. Até o momento, o que se observa é uma grande injustiça climática. Esta tende a se agravar, especialmente devido à globalização que continua a concentrar a riqueza. Este cenário sugere um desafio crescente para alcançar a justiça climática, em meio a desigualdades cada vez maiores.
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O jornal destaca a influência do setor de combustíveis fósseis no Congresso dos EUA. Segundo o relatório, um em cada quatro congressistas tem ações em empresas de combustíveis fósseis. O valor total dessas ações varia entre US$ 33 milhões e US$ 93 milhões. Isso ajuda a explicar por que as emissões globais continuam a crescer. Também esclarece o motivo pelo qual os governos do norte global, contrariando suas promessas internacionais, forneceram US$ 1,8 trilhão em subsídios à indústria de combustíveis fósseis em 2020, ao invés de reduzir as emissões de carbono.
Em outras palavras, é bom desde já não termos grandes expectativas.
Assista ao vídeo para saber mais da injustiça climática

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