Contaminação de tubarões por cocaína, RJ, choca a mídia estrangeira
Da Al Jazeera, até o New York Times, passando pela Australian Broadcasting Corporation, Reuters, Euro News, BBC ou Scientific American, a mídia estrangeira em peso repercute a contaminação de tubarões do Rio de Janeiro por cocaína. Tudo começou depois que um grupo de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz divulgou uma pesquisa mostrando que 100% das amostras analisadas testaram positivo para cocaína. No exterior a notícia provocou um tsunami de matérias. O Mar Sem Fim decidiu trazer o espanto dos estrangeiros para o público nacional.
“Ficamos empolgados de uma maneira ruim”
O New York Times entrevistou Rachel Ann Hauser Davis, coautora do estudo, para entender como e por que os níveis de cocaína relatados foram 100 vezes maiores do que os observados anteriormente na vida marinha.
“Na verdade, ficamos estupefatos”, disse Rachel, bióloga da Fundação Oswaldo Cruz. “Foi uma descoberta preocupante, mas é um relatório inédito. Esses dados foram encontrados pela primeira vez em qualquer predador de topo.”
O jornal observa que a amostra é pequena, com apenas 13 animais estudados. Por isso, o Times destaca que ainda restam muitas perguntas sobre a exposição à droga e suas consequências nos tubarões ou nos seres humanos que os consomem.
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O New York Times revelou que os pesquisadores conceberam a pesquisa no início deste ano, após descobrirem altos níveis de cocaína nos rios que compõem a bacia hidrográfica do Rio de Janeiro.
“A principal fonte é a excreção pela urina”
Para a doutora Rachel, “sentimos que a principal fonte seria a excreção através da urina e fezes de pessoas que usam cocaína. A maioria das estações de tratamento de águas residuais em todo o mundo não consegue filtrar efetivamente essas substâncias, levando à sua liberação no oceano.”
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Mais pessoas usando cocaína?
A Al Jazeera diz que, embora mais pesquisas sejam necessárias, o estudo sugere que a contaminação se deve principalmente a mais pessoas que usam cocaína. Um aumento na demanda de cocaína na região, juntamente com um sistema de drenagem inadequado, faz com que quantidades mais altas da droga estejam presentes na água do mar.
Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína da América do Sul
A Al Jazeera citou um trecho do estudo que afirma que o consumo global de cocaína aumentou exponencialmente nas últimas décadas, conforme o Relatório Mundial sobre Drogas das Nações Unidas. “Cerca de 22 por cento (4,8 milhões) dos estimados 22 milhões de usuários em todo o mundo residem na América do Sul. O Brasil é o segundo maior mercado consumidor nesta área.”
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Para a BBC, especialistas acreditam que a cocaína entra nas águas através de derrames de laboratórios ilegais ou através de excrementos de usuários de drogas. E diz mais: Pacotes de cocaína perdidos ou despejados por traficantes no mar também podem ser uma fonte, embora menos provável.
A Scientific American confirma que a droga jamais foi encontrada em tubarões, e se mostra espantada: Os tubarões ao largo do Brasil têm algo um pouco surpreendente percorrendo seus sistemas: cocaína.
‘A droga é apenas um dos contaminantes’
A Scientific American entrevistou Rachel Ann Hauser Davis:
“Detetamos níveis elevados de metais pesados e também de “químicos para sempre” ou PFAS (compostos perfluoroalquil e polifluoroalquil), assim chamados em razão de sua extraordinária persistência. Além de pesticidas e hidrocarbonetos, PCB e PBDE em mais de 30 espécies de tubarões e raias”, afirma Hauser-Davis. Os PCBs, ou bifenilos policlorados, são substâncias químicas cancerígenas proibidas pelos EUA em 1976 e pelos signatários da Convenção de Estocolmo das Nações Unidas em 2001.”
Como se pode ver, o coquetel macabro em que se transformaram nossos mares é de ‘difícil digestão’, em outras palavras, é duro aceitar tanta poluição marinha, e por substâncias tão perigosas.
Repercussão na Europa
Os europeus também ficaram sabendo da poluição através de matéria do Euro News. ‘Embora os pesquisadores não tenham sido capazes de identificar quaisquer mudanças comportamentais específicas nos tubarões, estudos anteriores sugerem que a cocaína provavelmente tem um efeito semelhante nos animais, como acontece com os seres humanos. Pesquisadores acreditam que a contaminação pode ter um impacto na visão que pode causar problemas ao caçar. E a caça ineficiente pode encurtar a vida útil dos tubarões’.
Antes de encerrar, saiba que quase todos os veículos que repercutiram a novidade revelaram que cocaína em rios ou nos mares não é exclusividade do Rio de Janeiro, ou do Brasil. Quase todas as grandes cidades do mundo lidam com a mesma ameaça. O que despertou a mídia estrangeira é o ineditismo da contaminação em animais do topo da cadeia alimentar.
E se Kamala Harris ganhar, como ficam as questões ambientais?