Berbigão de Santa Catarina, conhecido e apreciado molusco, parece ter chegado ao fim
A situação do berbigão de Santa Catarina já não era das melhores quando lá estivemos para a gravação da série de documentários sobre as Unidades de Conservação federais marinhas, entre 2014 e 2015. Entre outras, visitamos em Floripa a RESEX de Pirajubaé, na região metropolitana da capital, onde cerca de 100 famílias viviam da extração do molusco também conhecido como vôngole.
Resex de Pirajubaé, de onde extraíam o berbigão de Santa Catarina
As 100 famílias inscritas na Resex pescam, e extraíam o molusco de uma área de 1.400 hectares cercada de mangues bastante poluídos em razão da proximidade da capital e, como sempre no Brasil, dos esgotos não tratados jogados na baía.
Ao entrevistarmos o presidente da Resex, Fabrício Gonçalves foi claro ao informar que o berbigão de Santa Catarina era o principal produto de subsistência.
De acordo com as informações, cada extrativista tirava cerca de 200 a 250 Kg de berbigão na casca, por dia, o que dava algo em torno de 4 a 5 toneladas diariamente. Fabrício já alertava:
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Ele também reclamava da falta de uma cooperativa o que deixava os extrativistas na mão de atravessadores que compravam o produto barato, e o vendiam muito mais caros aos atacadistas.
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eles ganham 20 vezes mais que nós, os extrativistas
Outro problema do berbigão: esgoto in natura jogado no mar
Ao lado da Resex fica a Costeira Pirajubaé, uma pirambeira altamente povoada, e sem saneamento básico. Todo esgoto vai direto pro mar, sendo despejado praticamente dentro da área da reserva. Na ocasião entrevistamos o professor Eduardo Soriano, do Núcleo dos Estudos do Mar, da UFSC. Além da poluição, Soriano destacou que
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Um dos muitos serviços prestados pelos mangues é filtrar a água do mar, melhorando sua qualidade. Uma importante via de Florianópolis, a Expresso Sul que faz ‘divisa’ com a resex, até 20 anos atrás era mar.
Foi aterrada para dar mais circulação aos automóveis. Fabrício, o presidente da unidade de conservação, conta que ela foi aterrada com matéria orgânica da própria resex. Desde então, segundo diz, ‘a produção caiu pela metade’.
O sumiço do berbigão, um molusco manezinho
O título acima é do caderno Paladar, do jornal O Estado de S. Paulo que, nesta semana, trouxe a informação final: acabou o berbigão de Santa Catarina.
Segundo a matéria, a hipótese mais provável é a contaminação das baías Norte e Sul de Florianópolis. Diz o jornal que os extrativistas atribuem a causa a um vazamento de um óleo tóxico da subestação das centrais elétricas do Estado, em 2012.
Segundo o jornal o ‘berbigão de Santa Catarina era o prato mais típico da ilha, era comida de pobre e atualmente é iguaria, oferecido nos restaurantes como vôngole’.
O ICMBio e o berbigão de Santa Catarina
De acordo com o Estadão pesquisadores do ICMBio entraram em alerta em 2015 quando foi registrada mortandade de 95% dos moluscos em uma área de 17 hectares na baía Sul. Em abril do ano passado eles foram declarados extintos.
Sobre os problemas do litoral de Santa Catarina vale conhecer a aberração do Balneário Camboriú.
Tenho 70 anos, sou de Sampa, quando eu era garoto, minha mãe que era de Floripa, me levava, eu e meus irmãos para passar as férias lá na Lagoa da Conceição. Então iamos todos os dias até a Praia da Joaquina para pegar berbigão para a minha mãe junto com minha tia cozinharem para a familia. A Joaquina nesse tempo era de dificil acesso, mas era uma maravilha, pois pelo caminho havia algumas frutas a saborear e ao chegar na praia era espantoso ver como a areia ficava coberta com milhares e milhares de berbigões que alucinadamente tentavam se esconder nas areias brancas da praia. Enfim, tempos que não voltam mais, e paisagens que permanecem somente em nossas lembranças já que o ser humano em sua busca desenfreada por riqueza, acabou com o que era de mais belo por lá.
Berbigão não se enterra na areia branca de praias com mar aberto e ondas, ele vive em praias de baía enterrado no lodo. Acho que o que vocês pegavam na Joaquina, que antigamente tinha em abundância, eram tatuíras.
Bem-feito.Bem feito aos ricos de Florianópolis que comiam esse molusco nos caros restaurantes sem se importar com o fim da espécie.Agora vão comer scargot.E bem-feito aos pobres de Florianópolis por serem idiotas e deixar muita gente que não fazia parte do resex pegar o molusco sem nenhum controle.Vão passar fome,seus abestalhados.Pensei que a galera de Florianópolis fosse mais esclarecida.Mas são uns idiotas,como quase todos do brasil.
Berbigão nunca fez parte do cardápio de restaurantes caros de Florianópolis. É um molusco popular.
Falta de fiscalização? Onde está o Icmbio!
Falta de uma cooperativa! Pois agora, os extrativistas que criem uma. Que falta de iniciativa.
Só um doido para comer qualquer coisa que venha do litoral brasileiro. Eu nem encosto na água da praia. O nosso povo é muito nojento.. Onde já se viu jogar as fezes no mar/rio onde irá em seguida buscar comida e água (no caso do rio).
Serão dignos de todas as críticas, mas felizes os velhos que viveram num Brasil decente ou com menos safadezas. Dizer o quê?????