Baleias estão comendo plástico, você sabe por quê?
Cientistas cruzaram a ilha de Ísafjarðardjúp, Islândia, para descobrir por que as baleias estão comendo plástico. De baleias que se alimentam filtrando a água, como jubartes e baleias-comuns, até cachalotes e baleias-assassinas, todas consomem enormes quantidades de plástico. Até mesmo o tubarão-baleia, o maior peixe do mundo. Os escombros bloqueiam seu trato digestivo. E, suspeitam os cientistas, distribuem substâncias químicas tóxicas em seus corpos. Mas ninguém entende por que as baleias estão comendo plástico. Ou o que esses tóxicos fazem em seus corpos. Para descobrir, Ovide, um cientista e marinheiro da Islândia, organizou uma expedição às águas do norte ricas em baleias do país.
Onde há plâncton e peixe, baleias e pescadores vão atrás
Charla Basran, doutoranda canadense em biologia marinha na Universidade da Islândia em Húsavík, está a bordo da Ópal como especialista em baleias. Ela diz que Ísafjarðardjúp é mais profundo que um fiorde comum. A topografia impulsiona o surgimento de água fria, rica em nutrientes, que estimula o crescimento de algas e plânctons. Uma confluência incomum de correntes árticas do Atlântico parece atrair a vida marinha. “Onde há plâncton e peixe, baleias e pescadores vão atrás”, diz ela.
Examinando a água do mar
Torsten Geertz-Hansen, da ONG dinamarquesa Plastic Change, pega um dispositivo de asas largas que estava se arrastando ao lado do Ópal. Com a boca larga, estrutura de madeira e cauda longa, a rede de arrasto lembra vagamente as arraias-manta. Dispositivos como este são usados para roçar microplásticos na superfície do mar. Geertz-Hansen luta com a rede no convés, esvaziando seu conteúdo em uma pilha de peneiras de metal.
Vasculhando os destroços
Vasculhando os destroços, ele tira um punhado de krill laranja (Conheça o krill e seu papel com sumidouro de dióxido de carbono). Depois, vários pedaços de linha de pesca de monofilamento. E fios de corda azul sintética Ele calcula uma média de 8.125 peças de plástico por quilômetro quadrado. Esse valor é baixo se comparado ao infame trecho de lixo do Atlântico Norte, que transporta até 200.000 peças de microplástico por quilômetro quadrado.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemPrejuízo ambiental nas festas de fim de anoA mídia e o pernicioso vício dos ‘paraísos do litoral’Vicente de Carvalho, primeiro a dizer não à privatização de praiasBaleias estão comendo plástico, além de uma tonelada e meia de krill por dia
Uma jubarte adulta, alimentada filtrando a água, consome quase 19.000 litros de água. Além de uma tonelada e meia de krill por dia, diz Basran. “Imagine quanto plástico não vai junto.” Poucos pesquisadores estudaram se há alguma força que está causando a acumulação de plásticos e baleias nos mesmos espaços. Experimentos de cientistas da Universidade de Siena, Itália, sugerem que pode ser o caso do noroeste do Mediterrâneo. Ali, correntes oceânicas frias podem levar nutrientes e microplásticos a um dos principais locais de alimentação de baleias no Santuário Pelagos para Mamíferos Marinhos do Mediterrâneo.
O que os microplásticos estão realmente fazendo com esses animais?
“Poderia haver outra coisa acontecendo aqui com as correntes que causam o acúmulo de plástico onde baleias se alimentam”, diz Geertz-Hansen. “Ou pode ser simplesmente que há muitos barcos de pesca com muitos equipamentos de plástico.” Se as baleias estão comendo microplásticos, diz Sarah Nelms, pesquisadora da Universidade de Exeter, uma questão fundamental é: o que os microplásticos estão realmente fazendo com esses animais?
PUBLICIDADE
Vítimas do mau tempo
A equipe de pesquisa a bordo do Ópal esperava coletar amostras de carne de algumas baleias para verificar se há tóxicos que poderiam indicar que consumiram microplásticos. Mas esses experimentos foram vítimas de mau tempo. O mar estava muito agitado. Tornou-se perigoso demais para a tripulação aproximar-se das baleias e fazer uma biópsia. “Existem produtos químicos tóxicos na água do mar em geral. E o microplástico geralmente absorve esses produtos químicos”. Mas alguns tóxicos, como os ftalatos, degradam-se rapidamente na água do mar. Os ftalatos na carne da baleia só podem ter vindo do plástico. Em seres humanos e outros animais, eles são conhecidos por causar problemas hormonais e câncer. O acúmulo de produtos químicos tóxicos em predadores oceânicos leva a doenças. Entre outras, problemas reprodutivos importantes e, segundo os cientistas, ao futuro colapso da população.
Efeitos nocivos do plástico
O site www.motherearthliving.com, explica quais são. “A liberação de produtos químicos tóxicos durante a fabricação é outra fonte significativa do impacto ambiental negativo dos plásticos. Toda uma série de substâncias químicas cancerígenas, neurotóxicas e disruptoras de hormônios são ingredientes padrão e produtos residuais da produção de plástico. Inevitavelmente eles encontram seu caminho para a ecologia por meio da poluição da água, da terra e do ar. Alguns dos compostos mais conhecidos incluem cloreto de vinila (em PVC), dioxinas (em PVC), benzeno (em poliestireno), ftalatos e outros plastificantes (em PVC e outros), formaldeído e bisfenol-A ou BPA (em policarbonato) . Muitos deles são poluentes orgânicos persistentes (POPs), algumas das toxinas mais nocivas do planeta, devido a uma combinação de sua persistência no meio ambiente e seus altos níveis de toxicidade.”
Leia também
Lula agora determina quem tem biodiversidade marinha: GuarapariMatança de peixes-boi prossegue na AmazôniaMitos e verdades sobre a campanha de despoluição do rio TietêTeremos que esperar mais
Pelo visto teremos que esperar mais para sabermos os porquês. O que se sabe até agora, é que as baleias estão ingerindo microplásticos que entram por suas bocas ao filtrarem a água do mar. Mas, por que plástico e a alimentação dos cetáceos estão no mesmo local? Será apenas a força das correntes? E mais, o problema não se resume aos cetáceos, mas peixes comuns, aves, e todo tipo de mamíferos marinhos são atropelados pelos plásticos dos oceanos.
O ser humano pode ingerir até 250 gramas de plástico por semana!
A mais recente notícia sobre isso veio por parte do site luso www.publico.pt, “A associação ambientalista internacional Fundo Mundial para a Natureza (WWF – World Wide Fund) estima que uma pessoa pode ingerir, em média, até cinco gramas de plástico por semana. Equivale ao peso de um cartão de crédito, segundo um relatório publicado. De acordo com os resultados da investigação, que contempla 50 estudos realizados sobre a ingestão humana de plásticos, cada pessoa ingere cerca de 2000 micropartículas de plástico todas as semanas. Ou seja, cerca de 250 gramas por ano. Este estudo “ajuda a identificar os potenciais riscos toxicológicos para os seres humanos”. A primeira fonte é a água, especialmente se for engarrafada. Entre outros produtos analisados, os frutos do mar, a cerveja e o sal de cozinha apresentam a taxa mais elevada de microplásticos.”
Os impactos para a saúde humana
Segundo a National Geographic de junho de 2019, “Os cientistas ainda não têm muita certeza sobre a quantidade de microplásticos que um corpo pode tolerar ou quanto dano eles causam. Em 2017, um estudo do King’s College, em Londres, hipotetizou que, com o tempo, o efeito cumulativo da ingestão de plástico poderia ser tóxico. Diferentes tipos de plástico têm propriedades tóxicas variadas. Alguns são feitos com produtos químicos tóxicos, como cloro, enquanto outros pegam quantidades vestigiais de substâncias químicas como o chumbo encontrado no meio ambiente. A acumulação dessas toxinas ao longo do tempo pode afetar o sistema imunológico.”
E, você, já comeu seu cartão de crédito este mês?
Imagem de abertura – National Geographic.
Fontes – https://www.hakaimagazine.com/news/where-whales-and-plastic-meet/; https://www.motherearthliving.com/health-and-wellness/harmful-effects-of-plastic-ze0z1205zsch; https://www.publico.pt/2019/06/12/p3/noticia/pessoa-ingerir-ate-cinco-gramas-plastico-semana-wwf-1876161; https://www.nationalgeographic.com/environment/2019/06/you-eat-thousands-of-bits-of-plastic-every-year/?cmpid=org=ngp::mc=crm-email::src=ngp::cmp=editorial::add=Science_20190612::rid=2901044.