Atividade humana devasta espécies marinhas, é o que mostra a nova Lista Vermelha da IUCN
Em 9 de dezembro de 2022 foi atualizada a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Como não poderia deixar de ser, e como este site tem mostrado há anos, ‘uma enxurrada de ameaças afetam as espécies marinhas, incluindo pesca ilegal e insustentável, poluição, mudanças climáticas e doenças’, destacou o site da IUCN. Antes de mais nada, a União Internacional para a Conservação da Natureza, ou seja, IUCN, é a máxima autoridade global sobre o status do mundo natural e as medidas necessárias para protegê-lo. Seus especialistas estão organizados em seis Comissões dedicadas à sobrevivência das espécies, direito ambiental, áreas protegidas, política social e econômica, gestão de ecossistemas e, por último, educação e comunicação. Atividade humana devasta espécies marinhas.
Nova Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas
Segundo a IUCN, ‘A nova Lista Vermelha agora inclui 150.388 espécies, das quais 42.108 estão ameaçadas de extinção. Mais de 1.550 dos 17.903 animais e plantas marinhas avaliados correm risco de desaparecer para sempre. Além disso, as mudanças climáticas afetam pelo menos 41% das espécies marinhas ameaçadas.’
Para o Dr. Bruno Oberle, Diretor Geral da IUCN, “A atualização da Lista Vermelha revela uma tempestade perfeita, produzida pela atividade humana insustentável. Ela dizima a vida marinha no mundo. Precisamos enfrentar com urgência as crises relacionadas ao clima e à biodiversidade. São urgentes mudanças profundas em nossos sistemas econômicos, ou corremos o risco de perder os benefícios cruciais que os oceanos nos fornecem.”
Para se ter uma ideia, há 54 espécies de abalone (espécie de molusco) no mundo. Contudo, a nova lista mostra que vinte, das 54 espécies, estão ameaçadas de extinção.
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Este site já publicou inúmeros posts sobre os desatinos da indústria da pesca. Nos últimos 65 anos dobrou a quantidade de navios pesqueiros. Simultaneamente, os subsídios mundiais para a atividade atingem pornográficos US$ 25 bilhões de dólares!
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Mamíferos marinhos
Mas não é só. A nova lista mostra igualmente que as populações de dugongos (menor membro da ordem Sirenia de mamíferos marinhos que inclui o peixe-boi) na África Oriental e na Nova Caledônia entraram na Lista Vermelha da IUCN como Criticamente em Perigo e Em Perigo, respectivamente; a espécie permanece vulnerável globalmente.
Segundo o site da IUCN, ‘Existem agora menos de 250 indivíduos maduros na África Oriental e menos de 900 na Nova Caledônia. As principais ameaças são a pesca incidental em equipamentos de pesca na África Oriental e a caça furtiva na Nova Caledônia, além de ferimentos em barcos em ambos os locais.’
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“O coral pilar é apenas um dos 26 corais agora listados como Criticamente Ameaçados no Oceano Atlântico, onde quase metade de todos os corais estão agora em risco elevado de extinção devido às mudanças climáticas e outros impactos.”
Saiba que, de cada quatro espécies de peixes, três dependem dos corais para sua sobrevivência.
Para Ashleigh McGovern, vice-presidente do Centro para Oceanos da Conservation International, “Com esta devastadora atualização da Lista Vermelha sobre a situação das espécies marinhas, fica claro que a situação atual não é mais uma opção. Em outras palavras, a atividade humana teve efeitos devastadores nos ecossistemas e na biodiversidade. Se quisermos garantir um novo futuro para os oceanos e a biodiversidade essencial que eles abrigam, devemos agir agora.”
Os oceanos são inesgotáveis?
O site da IUCN alerta: “A maior parte da biosfera da Terra, 99% de todo o espaço habitável no planeta, está debaixo d’água. A humanidade age como se os oceanos fossem inesgotáveis, capazes de sustentar colheitas infinitas de algas, animais e plantas para alimentos e outros produtos. Além disso, despejamos vastas quantidades de esgoto e outros poluentes nas áreas costeiras. O texto também alerta para a acidificação dos oceanos ao absorverem o CO2 gerado pela queima de combustível fóssil.
O jornal The Guardian repercutiu a nova lista, e fez coro: A pesca ilegal e insustentável, a exploração de combustíveis fósseis, a crise climática e as doenças estão levando as espécies marinhas à beira da extinção, de acordo com a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
A nova lista provocou comoção na Europa e Estados Unidos. A ver se agora as reuniões de clima, como a COP 27, deixem de blá-blá-blá e partam para a ação.
Certamente dia virá quando o restante da humanidade magérrima, esquálida e caminhando como bandos de zumbis alguns poucos ainda refletirão sobre os estragos promovidos por gerações e gerações dos ancestrais, mas será tarde para avaliações; o lado bom neste estágio caótico será que homens e mulheres não terão energias para brincarem e gestarem mais moribundos.
Posso parecer desiludido, mas nada me faz ter esperanças no amanhã sem água, ar rarefeito e muitos gases venenosos que descambarão nas extinções de “comíveis” resultando em mortes onde sequer surgirão os vermes devoradores de carcaças.