Agronegócio salva o economia, hora de cessar a disputa
O Brasil está em recessão de acordo com o IBGE. Não poderia ser diferente. Nossa trajetória recente é triste. Foram 13 anos de desmandos da era lulista e sua organizada quadrilha que dilapidou o País. O impeachment foi traumático, não poderia deixar de ser. Michel Temer assumiu sob as piores condições desde a redemocratização: sociedade rachada, economia em frangalhos, desconfiança. Surpreendeu, promoveu reformas, a agenda ambiental marinha deslanchou pela primeira vez, e a economia começou a reagir. Mas não o suficiente, não poderia em dois anos. Numa eleição incomum, com a população farta de desfaçatez, ganhou quem prometeu ‘acabar com a corrupção’, ‘romper com a velha política’, ‘acabar com a reeleição para presidente’, e outras promessas. Provando faro político, foi eleito por 57 milhões de votos. Agora o Brasil entra em recessão e o Agronegócio salva o País, hora de cessar a disputa, post de opinião de hoje.
Agronegócio salva a economia, hora de cessar a disputa
“O agronegócio é o setor mais pujante da economia nacional. Nas últimas décadas o País promoveu uma revolução agrícola. Há meio século o Brasil dependia da importação de comida para alimentar sua população. Hoje é o segundo maior exportador do mundo, atrás dos EUA.”
Em breve será o primeiro.
No momento em que o IBGE demonstra que o País entrou em recessão técnica, “o setor agropecuário conseguiu se descolar dos números negativos do Produto Interno Bruto (PIB) registrados no segundo trimestre e apresentou crescimento de 1,2% sobre o mesmo período de 2019. Apesar de menor demanda doméstica, em decorrência do impacto da crise econômica causada pela covid-19, a produção agropecuária nacional seguiu em rota positiva.”
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O jornal O Estado de S. Paulo confirma: “Os destaques da produção agropecuária brasileira no início de 2020 têm sido a soja (5,9%), o arroz (7,3%) e o café (18,2%), conforme as estimativas mais atuais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).”
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“Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), porém, a seca na região sul, principalmente Rio Grande do Sul e Paraná, afetou a produtividade, particularmente de soja e trigo, levando à menor produção nessa região, apesar da maior área cultivada.”
Quem ainda duvida do agronegócio?
Desinformados, e gente de má fé. Todo o resto festeja. É hora desta mentalidade arcaica mudar. Esta confusão talvez resida no fato de haver dois grupos distintos do pessoal ‘do campo’. Um deles a imprensa chama de agronegócio, o outro, ‘ruralistas’.
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O primeiro vai ao campo e produz alimentos. O segundo atua no Congresso e, por vezes, bagunça o entendimento da nação. Explicamos: ‘ruralistas’ define uma das muitas bancadas do Congresso, a mais forte de todas, com 257 parlamentares entre 513 deputados. Portanto, a bancada ‘ruralista’ tem metade mais um dos congressistas. E só isso demonstra sua formidável força.
Quem explicou o surgimento da bancada ruralista com precisão foi o cientista Carlos Nobre em depoimento a este site. Para Carlos Nobre ‘a Constituição de 1988 aumentou muito o direito à proteção ambiental e isso se expandiu para todo o País. Os partidos que surgiram na época, como PT ou PSDB, tinham pauta forte de defesa do meio ambiente e dos povos indígenas e quilombolas. O ‘agronegócio conservador, que não representa o agronegócio moderno’, sempre se opôs a estas medidas’.
Carlos Nobre diz que “no mesmo período o ‘agro conservador’ decidiu-se a financiar deputados e senadores que defendessem sua pauta. E tiveram sucesso. A bancada ruralista se tornou muito poderosa e conseguiu flexibilizar a aprovação do Código Florestal a partir de 2012 que regularizou propriedades ilegais.”
E assim vem sendo feito.
A interpretação do Mar Sem Fim
Qualquer setor da sociedade tem todo o direito de financiar seus defensores para chegar ao Congresso. O agronegócio, também. Acontece que, em nossa opinião, aos poucos o lado bom do agronegócio formado pela vasta maioria, perdeu a mão. Além de financiar gente boa, financiou especuladores. Só isso justifica os sucessivos ‘perdões’ a quem desmatou de forma ilegal.
Mais uma vez, recomendamos que você assista ao documentário recém-lançado Amazônia Sociedade Anônima. O documentário apolítico (não toca uma vez sequer no atual, ou em ações de governos passados) mostra fatos, as imagens confirmam, e ações da polícia e do Ibama provam: quadrilhas, a maioria de fora da Amazônia, organizadas e ricas, formadas por grileiros e especuladores. Embora o caso abordado seja a invasão da terra dos índios Mundukuru, é mais ou menos o que se passa na Amazônia.
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E a ação da bancada ruralista no Congresso defende tanto o agronegócio como, às vezes, estas quadrilhas. Basta uma rápida pesquisa para se conseguir provas. Em 2009 a Lei 11.952 legalizou invasões de terras públicas ocorridas até 2004.
Em 2017 a Lei 13.465 estendeu as invasões até 2011 e ampliou o tamanho das áreas de 1.500 para 2.500 hectares. E em 2020 a MP 910, que entrou na pauta de um modo, e saiu desfigurada pelos mesmos motivos das Leis acima citadas de outro; acabou por ganhar a alcunha de MP da Grilagem, e foi retirada da pauta depois de escandalizar a sociedade pelos mesmos motivos.
Sociedade cansada de divisões
A sociedade está cansada de divisões promovidas, primeiro por Lula do PT e seus asseclas, e anabolizadas por Bolsonaro e seguidores. Já é mais que hora dos ambientalistas desembarcarem do trem.
Como todo segmento da sociedade, há gente boa e ruim entre agronegócio, ambientalistas, jornalistas, e Congresso Nacional entre tantos. Generalizar é arma de ignorantes.
O que falta explicar…
Dúvidas que ainda persistem
Para Carlos Nobre, que estuda a Amazônia há 40 anos, “a Amazônia já perdeu 20% de sua área, 800 mil km2, via o desmatamento e consequente geração de áreas para a pecuária (de 1970 para cá).”
Para Carlos Nobre, dos 800 mil k2 que já foram desmatados na Amazônia, “cerca de 63% tornaram-se áreas para a pecuária de baixa produtividade, 9% para a agricultura (principalmente soja), e 23% da área foi abandonada, a floresta está se regenerando.”
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Isto não quer dizer que foi pessoal da pecuária o responsável pelo desmate ilegal. Como diz Nobre, as áreas desmatadas ‘tornaram-se áreas para a pecuária de baixa produtividade’. Ele não aponta o agronegócio como responsável pelo desmatamento.
E como demonstra o documentário, faz parte do processo da espera da legalização de terras para depois vendê-las com alto lucro, colocar gado na terra arrasada, e muitas vezes ‘alugar’ esta terra, às vezes para gente da própria quadrilha.
Até que surja outro ‘perdão’ promovido pela ‘bancada ruralista’.
O agronegócio, e a extraordinária produtividade alcançada, não precisa mais terras muito menos na Amazônia para aumentar a produção. Não faz sentido. Assim como não faz sentido perdurar esta disputa entre ambientalistas e agronegócio.
Como lembra o jornal O Estado de S. Paulo, “Segundo um levantamento publicado na revista Science, menos de 2% dos produtores são responsáveis por 62% do desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado.”
Na mesma matéria Marcos Jank, do Insper, confirma: “o desmatamento ilegal não é de natureza agrícola, e sim uma questão fundiária.”
Governo, Congresso e Senado, agronegócio, ‘ruralistas’, ambientalistas e opinião pública: os protagonistas
O governo
Começando pelo primeiro, não foi novidade para este site o que vem acontecendo, afinal, desde a campanha o candidato eleito dizia que ‘ía acabar com este negócio das multas do Ibama’. Bolsonaro tinha a visão equivocada que a proteção ao meio ambiente seria incompatível com o progresso.
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Escolheu um ministro do Meio Ambiente ‘casado com o agronegócio’, como reiterou em 2019 em café da manhã com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA): “Imaginem o inferno que seria a vida de vocês se tivéssemos um ministro do Meio Ambiente como os anteriores. Tivemos a oportunidade e o bom senso de escolher ministro para Meio Ambiente que casa questão ambiental com desenvolvimento”
Ainda como parte da responsabilidade que compete ao ‘governo’, vamos nos lembrar da famosa reunião ministerial de abril, e a ‘passagem da boiada enquanto a mídia se ocupa da covid.”
Mas esta reunião também provocou incômodo no seio do…
O agronegócio
Grande parte das entidades representativas não têm agido com a responsabilidade que deveria ao nosso ver. A prova é o que houve depois da fatídica reunião ministerial de abril.
Uma guerra de anúncios entre ONGs e entidades do agronegócio, os primeiros repudiaram a fala de Ricardo Salles, os segundos, defenderam. Cerca de 90 entidades, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA; Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, CNC; Confederação Nacional da Indústria, CNI; Associação da Indústria de Cosméticos, Abihpec, e a Sociedade Rural Brasileira, SRB, publicaram anúncio do mesmo tamanho nos jornais rebatendo o repúdio das ONGs à fala de Salles. Para elas, ‘no meio ambiente a burocracia também devasta’.
Mas as entidades do agronegócio (sério) tem outros problema. Às vezes se apressa a apoiar declarações indefensáveis, outras vezes se cala quando um de seus membros é pego de calcas curtas.
Foi o que aconteceu recentemente com o pecuarista Assuero Doca Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Agropecuária do Estado do Acre (FAEAC), denunciado por destruição de geoglifos na Amazônia, num sítio arqueológico no Acre, e que acumula multas no Ibama por desmatamentos irregulares na Amazônia e no Cerrado.
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Agindo assim, ao sabor do interesse pessoal de seus membros nem sempre corretos, é mais um protagonista que parece não querer acabar com a briga, ao contrário, acirra como no caso da ‘guerra de anúncios’.
Pedro de Camargo Neto, Marcello Brito, e outros
Mas a posição não é unânime. Depois da tal guerra, houve um ‘racha’ seio do agronegócio. Uma das maiores lideranças da SRB e do agronegócio, Pedro de Camargo Neto, então vice-presidente da entidade (que presidiu nos anos 90) renunciou ao seu posto por não concordar com a posição da entidade.
Pedro não estava só. Marcello Brito, da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), se recusou a assinar o anúncio. E, em declarações à imprensa, criticou a fala de Salles.
Senado e Congresso
O jogo passa por ambas as casas, não nos deixemos iludir. Por isso é importante a participação de outro protagonista, a opinião pública, foi o repúdio dela que, a despeito da ação nefasta da ‘bancada ruralista’ a MP 910 apelidada da grilagem sequer foi discutida na Câmara. Simplesmente, foi retirada da pauta.
Era mais um ‘perdão’ sem justificativa.
Os ambientalistas
A despeito da íntegra posição de dois líderes do agronegócio, muitos ambientalistas continuam (ao menos nas redes sociais) a acusar o ‘agronegócio’ como ‘desmatador da Amazônia’.
Não há uma acusação até este momento sobre uma ação orquestrada pelo agronegócio para desmatar a Amazônia, ainda que dentro dos que desmatam possa, e deva, haver uma parcela (menor) de gente do campo.
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Culpar o mais importante segmento da economia, o agronegócio, é um equívoco.
Opinião pública
A guerra de ‘narrativas’ (odeio a palavra) está longe de terminar. Que os interessados permaneçam atentos e ‘no cangote da bancada ruralista‘, é nosso direito e dever. E sempre que derem um passo em falso, contem com este site para ampliar os protestos.
Agronegócio salva a economia em recessão
“Como disse Marcos Jank, o Brasil tem total condição de liderar o processo da agricultura mais sustentável do mundo. Práticas como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, a produção de biocombustíveis ou a agricultura de baixo carbono – permitem tomar essa afirmação não como uma aleivosia ufanista, mas sim como uma visão plenamente realista.”
O Mar Sem Fim concorda. É chegada a hora dos ambientalistas cessarem a disputa, e virarem suas armas para os verdadeiros responsáveis: quadrilhas profissionais. E, quando for o caso, que seja acusado este ou aquele agricultor, pecuarista, ou grupo garimpeiro ilegal (como fez o documentário citado), quando provado que desmatou ilegalmente.
É mais honesto com o público leigo perdido na imensidão de ‘versões’. E não nos esqueçamos que o agronegócio sustentável é o nosso futuro.
Assista ao vídeo e note o aumento da produtividade versus a área utilizada
Assista a este vídeo no YouTube
Imagem de abertura: https://oimparcial.com.br/
Fontes: https://economia.estadao.com.br/noticias/agronegocios,os-desafios-do-agronegocio,70003101526; https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,agronegocio-se-descola-de-queda-no-pib-brasileiro-e-registra-alta-de-1-2,70003421761; https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,agronegocio-sustentavel,70003426381.
O agronegócio salva a balança comercial, correto. Mas não gera empregos qualificados em quantidade, a riqueza fica cada vez mais concentrada.
Quando éramos um país somente agrícola, nos ciclos da cana e do café, a distribuição de renda era a pior possível.
Um país que aposta somente no agro-latifúndio não gera bem estar, e só concentra renda.
Os grandes empregadores e desenvolvedores de tecnologia são indústria e serviços.
Ok. Mas e o fato de continuarmos sendo um país de economia primária, basicamente? Este “pequeno detalhe” não entra na pauta? Será que a tal força do agronegócio é mesmo motivo de comemoração?
Ótimo artigo!
Off topic da reportagem! Como colaboração aos leitores.
A Amazon BR está com um eBook grátis para crianças, chamado “Save the Ocean”, de Bethany Stahl.
É só acessar e mandar baixar. Se não tiver conta na Amazon, faça uma na hora.
Procure pelo nome ou autor.
É um livrinho que os adultos podem ler e traduzir para as crianças. Ilustrado.
Grato
Paulo