Abertura de canal na Lagoa dos Patos é ‘solução mágica’
Alguém já disse que o papel aceita tudo. Diríamos que discursos políticos apressados, também. Foi o que aconteceu logo depois do início da tragédia no Rio Grande do Sul, mais que anunciada diga-se, por parte do ministro da Casa Civil, Rui Costa em 14 de maio. No afã de ‘prestar solidariedade’ o ministro disse que ‘o governo vai iniciar estudos’ para a construção de um canal de 20 km entre a lagoa dos Patos e o oceano. Na verdade, a lagoa é uma laguna já que é aberta para o mar. Entretanto, é inacreditável que depois da maior tragédia ambiental do Brasil ainda em andamento, certos políticos queiram aproveitar o drama para ‘fixar seus nomes’. Não nos esqueçamos que temos eleições este ano. Outra estratégia é plantar o diversionismo para camuflar a omissão do poder público quanto ao aquecimento global. De onde Rui Costa tirou este absurdo com ’20 km de extensão’, ninguém sabe.
O litoral não suporta amadorismo
Numa situação de calamidade pública como a que vive o Rio Grande do Sul, ‘balões de ensaio’ lançados por ministros de Estado ganham projeção imediata nas mídias sociais já intoxicadas por fake news. Entretanto, eles nada acrescentam. Mas tiram o foco da questão imediata: salvar a população e recuperar o Estado.
Felizmente, antes da notícia ganhar mais espaço diversos cientistas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), e do Instituto de Biociências (IBIO) da UFRGS, vieram a público apontar as consequências da proposta.
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‘Uma solução mágica’
Segundo o g1, o vice-diretor do IBIO, Luiz Malabarba, considera a proposta “uma solução mágica”, e diz que a medida pode causar ao menos três frentes de impacto: a salinização da água, a erosão do solo e ameaçar as espécies que vivem no ecossistema da região”.
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“Isso é o tipo de busca de uma solução mágica em um momento de crise. Nós não podemos fazer isso. Abrir um canal pode ter impactos muito piores do que a gente está vendo. Pode provocar uma mudança no sistema natural de uma lagoa que é extremamente importante”.
Já para o IPH, ainda segundo o g1, a proposta provocaria “efeitos negativos sobre o ambiente, a sociedade e a economia, afetando navegabilidade e a produção agrícola” e que esse tipo de obra exigiria estudos detalhados’.
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Há três portos que utilizam a Laguna Guaíba como entrada, o porto de Rio Grande o de Pelotas, e o de Porto Alegre. Imagine o caos se a laguna, cuja profundidade média é de 2 metros com o canal de navegação atingindo 12m, assorear de vez? Fora o abastecimento hídrico, a diluição de águas residuais (como esgotos), recreação, pesca e navegação.
Mas há mais. Para o prof. Luiz Malabarba a salinização da lagoa é um dos maiores riscos. “Abrir outro canal na Lagoa dos Patos vai salinizar outras porções da laguna. Modificar esse fluxo de passagem de água doce e água salgada pode salinizar a parte norte, não podendo ser utilizada, por exemplo, na irrigação de arroz.”
‘Vai provocar uma erosão incontrolável’
“Se abrir um canal, o fluxo de água vai provocar uma erosão incontrolável. Não é uma obra de escoamento, seria uma obra gigantesca, não só para construir o canal.”
Questionado pelo g1 o ministro se esquivou. Primeiramente, estudos serão feitos para analisar a viabilidade e benefícios da obra, afirmaram os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Renan Filho (Transportes).
O portal UOL ouviu outro especialista, Fernando Mainardi Fan, do IPH-UFRGS (Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que afirmou que uma obra assim pode gerar consequências econômicas e ambientais à fauna e à flora da região.
Fernando Meirelles, Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e professor do IDH, é outro cientista a participar do debate. Segundo a gauchazh, Meireles declarou que ‘a possibilidade é de 0,01%. Hidraulicamente, o sistema está equilibrado na barra do Rio Grande, que não é o motivo da inundação. Chance quase nula. Mas se for para simular, a gente simula — explica’.
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Meirelles afirmou ainda que ‘a barra está dando vazão à água e não mudaria a situação em Porto Alegre’. A enchente atingiu a zona sul do Estado mais de uma semana depois de ter engolido a Capital. Ele ressalta que um novo mapeamento do Guaíba será essencial para entender como proceder.
O fim da pesca da tainha?
A laguna dos Patos é o maior criadouro para tainhas da costa brasileira, e a ‘solução mágica’ de Rui Costa et caterva pode acabar de vez com a atividade, além de prejudicar a pesca de camarão tão comum no corpo d’água.
Instituto de Biociências (IBIO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) destaca outros quatro pontos (leia aqui a íntegra a nota da Universidade).
1 – Outro canal não garante o escoamento, pois este depende do nível das marés, condições climáticas e regime de ventos, como já ocorre no canal de Rio Grande.
2 – Outra ligação com o mar pode diminuir a vazão de água e assorear o canal em Rio Grande, prejudicando a circulação de água e a navegação.
3 – Toda a produtividade pesqueira de camarões, tainhas, bagres, e outras espécies dependem do ciclo natural de entrada de água do mar que regula a salinização na porção sul da laguna e da livre passagem pelo canal de Rio Grande.
4 – A abertura de outro canal mais ao norte pode proporcionar a salinização da porção norte da laguna, impedindo o uso da água da laguna na produção de arroz e outros usos em vários municípios que margeiam a laguna dos Patos.
O IPH também divulgou nota à população onde reforça que, ‘tecnicamente, a abertura de uma nova barra envolve riscos elevados: erosão das praias; salinização do Guaíba e da Lagoa do Casamento; efeitos negativos sobre o ambiente, a sociedade e a economia, afetando navegabilidade e a produção agrícola. Além disso, há que considerar que esse sistema teria elevados custos de implantação e manutenção, com operação complexa’ (neste link a íntegra da nota).
Talvez Rui Costa não saiba, mas no entorno do Guaíba há cerca de 2.211.921 habitantes. A região concentra 2/3 da população do Estado, 30% da área e 70% do PIB. E esta gente, juntamente com quase toda a população do Estado, já sofreu demais por incúria do poder público. Portanto, não é hora de bombardeá-los agora com…’soluções mágicas’.
Pedido de impeachment contra o prefeito de Porto Alegre Sebastião Mello
A Folha de S. Paulo, via o jornalista Fabio Victor, noticiou em 24 de maio que ‘um pedido de impeachment do prefeito Sebastião Melo (MDB) foi protocolado na última quinta (23) na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre por Brunno Mattos da Silva, secretário-geral da Uampa (União das Associações de Moradores de Porto Alegre) e integrante da Juventude do PT na capital gaúcha, por negligência no cuidado das estações de bombeamento e do sistema de drenagem urbana da cidade’.
Ao nosso ver um pedido de impeachment justo deveria abranger, também, os governadores do Estado, deputados e senadores pelo Rio Grande do Sul inclusive os do PT, e os presidentes, desde no mínimo 1990. Porque foram tão, ou mais, negligentes, quanto o prefeito.
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Para este site, ou todos os responsáveis dividem a culpa pela indiferença ou o pedido de impeachment está será considerado apenas mais uma manobra ‘diversionista’, politiqueira, e demagoga de um partido político. Não abrimos mão de esclarecer o público, em especial o gaúcho, de que desde pelo menos 1990 quando começaram a soar mais fortes e frequentes os alertas dos cientistas patrícios, quase nenhum destes cidadãos deu atenção. Que algum leitor publique qualquer ação destes ‘políticos’, e são centenas, sobre planos de mitigação aos eventos extremos desde 1990 até este fatídico 2024.
Não vão encontrar.
Entrevista do Estadão com Carlos Nobre
Assim, para nos ajudar a refletir sobre o que está por trás desta tragédia hedionda, além da omissão quase total do poder público, e o que o Brasil tem a fazer daqui pra frente, é oportuno ouvir a entrevista de Calos Nobre para o blog Dois Pontos, do Estadão.
Assista a este vídeo no YouTube
Lembre-se, temos eleições em 2024
Você ouviu o recado de Carlos Nobre sobre a importância dos eleitores escolherem pessoas comprometidas com o meio ambiente. É neste momento que todos nós nos encontramos, sem exceção. Lembre-se, no dia 6 de outubro, primeiro turno das Eleições Municipais 2024, estarão em disputa os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em mais de 5,5 mil municípios do país. Escolha cuidadosamente, não dê o seu voto à toa. Por fim, para mitigar o aquecimento global todos nós podemos agir, não basta esperar que só os políticos o fazem. Todos somos responsáveis.
O filme abaixo, legendado, simula uma conversa da Terra com os terráqueos, sobre o que eles (ou nós) podem fazer para ajudar. Veja que interessante. É um vídeo da ONU para comemorar o 5 de junho, dia mundial do meio ambiente.
Assista a este vídeo no YouTube
Existem os apressados e mais ainda os lentos e inoperantes. Os omissos e os que pregam a derrubada das barreiras existentes, são “feias”. Os “locais”, responsáveis diretos pela população, parece que não deram a devida atenção aos riscos de inundação, e mais grave ainda, sequer manutenção nos sistemas existentes, que se funcionassem, mitigariam o desastre. Destruíram alguns órgãos responsáveis, reduziram o orçamento de outros e agora terceirizam a culpa.
Existem intervençōes catastróficas como o Valor Grande em Iguape e o canal do Varadouro, entre SP e PR, mas existem também Veneza e Amsterdam.
O que não sabemos se temos é gente com a visão e a capacidade nos cargos de tomada de visão no governo neste momento.
Seguimos acompanhando.
Historicamente este volume d’água acontece em maio e, conforme as projeções dos que atribuem as mudanças climáticas para tamanha tragédia, a frequência e o volume de tais chuvas deverão intensificar-se mais….Fica a pergunta? Em qual mês de maio será a nova tragédia submergindo bairros inteiros de Porto Alegre, Canoas e condenando a cidade inteira de Eldorado do Sul? Será em 2025? Ou 2027?
Não, como a última levou 80 anos para acontecer (em maio de 1941, lembram?) a próxima, mesmo com as mudanças climáticas, acontecerá daqui a 30 ou 40 anos…Podemos confiar em tal projeção mágica (aqui sim o termo mágico está adequado) e dormirmos confiantes que reforçando o muro da Mauá, os sistemas de diques existentes no entorno dos bairros da zona leste e norte de Porto Alegre, acrescentando mais bombas e potência para o sistema de drenagem das águas pluviais da cidade resolveremos o problema? A resposta é simples e clara : Não….O volume absurdo de água que flui da serra em direção a Lagoa dos Patos (via Vale do Taquari, Jacui e Gravatai) já provou que o sistema existente mesmo melhorado e com todas as bombas funcionando falharia com o repressamento destas águas no Guaiba e na Lagoa em direção ao sul….Soluções mágicas, rápidas, simples e fáceis não existem e usar estas palavras apenas para argumentar a inexistência de projetos e inoperância de quem está capacitado para coordenar estudos, projetos, viabilidade e liderar ações que apresentem soluções neste caso sim não devem ser aceitas..Ridicularizar a fala de um ministro ou atribuir simplicidade (ingenuidade ou irresponsabilidade) a uma hipotética (e necessária) intervenção humana que sabemos terá um impacto sobre todos os sistemas pelos quais direta ou indiretamente ela estará ligada (que demandam estudo e boa vontade) e não fazermos nada isto sim é facil e mágico….O momento exige coragem e responsabilidade, ao poder público cabe tomar as rédeas da situação e iniciar os trabalhos de reconstrução das partes do Estado atingidas pelas enchentes – que não repita-se o ‘engessamento’ do Estado como aconteceu com a construção da ponte sobre o Rio das Antas ligando Nova Roma do Sul e Farroupilha, na qual a comunidade protagonizou um exemplo a ser seguido pelo poder publico: diligência, economizando recursos, ganhando tempo e atendendo demandas urgentes….Podemos acrescentar ao que já foi escrito e sugerido ações complementares e que reduzam o impacto ambiental em intervenções bem mais complexas que apenas reforçar diques…Podemos buscar sistemas intermitentes que funcionem apenas em regimes de altos índices pluviométricos na serra e região metropolitana de Porto Alegre..Desviando e criando desaguadouros em áreas distantes (e alagaveis) da lagoa ou, em direção ao mar…Os fatos presenciados por esta geração (com recursos técnicos capazes) exigem equipes multidisciplinares, interdisciplinares e complementares na busca de uma solução eficaz. Recursos humanos existem, exemplos podem e devem ser estudados mas, respostas rápidas e simples não devem ser aceitas. Não é o momento para lacração ou exploração política dos fatos e a necessidade faz-se urgente. Estas obras e estudos não podem ser adiados como aconteceu com as obras de infra-estrutura preparativas para a Copa do Mundo em 2014 em nossa capital, que não concretizaram-se seja no cronograma ou, até mesmo, no canteiro. A possivel inércia terá implicações graves em nosso futuro próximo, impondo e condenando a sociedade gaúcha um estado de alerta constante à uma pergunta sem resposta certa mas com soluções: Quando será nosso próximo maio dilúviano? Fica a reflexão.
Caro Carlos Miguel: concordo com você ao dizer que… “Recursos humanos existem, exemplos podem e devem ser estudados mas, respostas rápidas e simples não devem ser aceitas. Não é o momento para lacração ou exploração política dos fatos e a necessidade faz-se urgente. Estas obras e estudos não podem ser adiados como aconteceu com as obras de infra-estrutura preparativas para a Copa do Mundo em 2014 em nossa capital, que não concretizaram-se seja no cronograma ou, até mesmo, no canteiro”.
Sim Recursos humanos existem, e exemplos podem e devem ser estudados. Além disso, “respostas rápidas e simples não devem ser aceitas”, com o que, concordamos. Idem com para a ‘lacração ou exploração política’, tão em voga na máquina de expelir mentiras a que se tornaram as redes sociais. Contudo, vc mesmo respondeu quem não agiu, apesar de todos os alertas: “Estas obras e estudos não podem ser adiados como aconteceu com as obras de infra-estrutura preparativas para a Copa do Mundo em 2014 em nossa capital, que não concretizaram-se seja no cronograma ou, até mesmo, no canteiro”. A pergunta que faço é: quem não concretizou as obras (da Copa), os cientistas ou o ‘poder público?’
Os abnegados cientistas e técnicos do IPH e da UFRGS não deveriam perder tempo respondendo a idéias de políticos de ocasião. Ainda mais de membros de um governo caracterizado pela incompetência. Deveriam, salvo melhor juízo, num esforço conjunto, propor melhorias no sistema de contenção de cheias existente. Também, publicizar o potencial risco do colapso da Barragem da Lomba do Sabão, que atingiria 70 mil pessoas incluindo o Ministério Público nessa questão.
Perfeito 👏👏👏 políticos aproveitadores do sofrimento e caos dos gaúchos 😡
A especulacao imoblliaria permitiu as construcoes na beira da Lagoa, agora é tarde. A tragedia no Sul foi democratica atingiu tanto A periferia como os grandes centros. Todos pagando por não acreditar nas mudancas climaticas.
Parece que esses ditos especialistas do IPH, UFRGS e outros faltaram muito as aulas de engenharia, é obvio que se pode fazer uma nova ligação com o oceano para dar vazão as enchentes, para isto existem sistemas de comportas que se pode manter fechadas para não alterar o meio ambiente e se abrir quando pessoas vão morrer e ficar toda uma economia parada, esses srs citados acima tem seus salários garantidos pelo governo e estão cagando para pessoas e animais morrendo pelas enchentes.
Você é mais um que joga a culpa no colo errado. Quem se omitiu há pelo menos 30 anos são o que se convencionou chamar de ‘poder público’. Cientistas não têm poder de mando, tudo que podem fazer é alertar e sugerir ideias para políticas públicas. Mas, quem decide ou não fazê-las, são os políticos que pouco ou nada fizeram, incluso os gaúchos. Este linchamento público da ciência seria o mesmo que condenar o médico que diagnosticou uma doença. Veja o que disse Carlos Nobre e fique atento nas próximas eleições: post “Reflexões sobre o desastre no Rio Grande do Sul (https://marsemfim.com.br/reflexoes-sobre-o-desastre-no-rio-grande-do-sul/): Em entrevista ao jornal O Povo, o cientista Carlos Nobre foi curto e grosso (e deixou a impressão de concordar com a tese de omissão generalizada): “Não há como impedir esses desastres. E a população, por sua vez, precisa eleger políticos que se preocupem com a emergência climática.”
E quais aulas sobre engenharia, hidráulica, dinâmica de fluidos e ecossistemas tu frequentou? Se és tão galo assim. Apresente um projeto, pega uma equipe de galos como tu e vai lá.
A pergunta é quem financia essas pesquisas?
O agro dos orizicultores?
Com medo de salgar a lagoa e não poder irrigar o arroz contra a lei?
Qualquer criança percebe que os arroios correm para os rios e os rios correm para o mar!
Deixar como está pra ver como é que fica?
Quanto a pescaria, pergunte a qualquer pescador quando à fartura de peixes?(Quando perte da lagoa está salinização!)
Qual o estudo que foi feito quando fizeram o canal de rio grande(moles da barra) estrangulando a saída da lagoa?
Isso qualquer criança que olhar o mapa pode ver!
Manoel, quem financia as pesquisas de cientistas brasileiros que trabalham em universidades públicas somos nós, através de nossos impostos.
Perfeito. Não é apenas egoísmo, é CRIMINOSO. O número de mortos que estimamos, está em centenas, milhares. Cidades inteiras foram e estão submersas, teremos ainda os corpos que seguiram pelos rios e lagoas, que seguem até o mar.
Um dos argumentos falaciosos contra a abertura de canais de escoamento pluvial, é de que a água salgada avançaria sobre a lagoa, desconhecem que a água salgada, entra na Lagoa dos Patos em determinadas épocas do ano(eu presenciei em Arambaré em março, abril)?!
A pergunta é, quem vai responder pelas perdas econômicas do Estado, perdas de vidas por AFOGAMENTO, perdas materiais, psicológicas …?!
Esta Enchente começou no interior, pelas barragens obsoletas, inadequadas e sem comportas (responsabilidade do governo federal, ANAC/SNISB) e culminou nos leitos dos rios, sem dragagem…
Num país sério, seriam centenas de processos com pedidos de indenizações.
Respeito sua dor, Sola6, e a de todo o povo brasileiro, em especial, os gaúchos. Mas, daí a ‘culpar’ os cientistas, os únicos que alertaram o poder público do que poderia acontecer, é uma cegueira total. Pense sobre isso, e lembre-se do argumento do mais notório cientista brasileiro, Carlos Nobre, que reproduzimos no post “Reflexões sobre o desastre no Rio Grande do Sul (https://marsemfim.com.br/reflexoes-sobre-o-desastre-no-rio-grande-do-sul/): Em entrevista ao jornal O Povo, o cientista Carlos Nobre foi curto e grosso (e deixou a impressão de concordar com a tese de omissão generalizada): “Não há como impedir esses desastres. E a população, por sua vez, precisa eleger políticos que se preocupem com a emergência climática.”
Muito interessante as críticas aos comentários do ministro, como se a culpa de todo este desastre não fosse dos governos que acabaram com os códigos ambientais e negaram a ciência, debocham dos governos de esquerdas chamando de esquerdopatas preocupados em salvar mato.
Isto ficou claro no post, Valdemir, vc tem toda a razão. Como dissemos, houve generalizada omissão do poder público desde ao menos 1990 para cá. Ninguém fez nada: prefeitos, governadores, congressistas, e presidentes. Deu no que deu. Agora, atacar os cientistas gaúchos que se manifestaram é coisa de gente cega.
Uma coisa é certa, metem política em tudo, de 1941 pra cá passou inúmeros partidos, inúmeros governos, inúmeros profissionais e cientistas. Jogar a culpa é mais fácil do que começar implementar políticas públicas e projetos que impactam positivamente no futuro da sociedade, mas como tudo é do imediatismo, ninguém que concorre a cargo público com dias contados está preocupado mais do que seus quatro anos de poder, um planejamento e manejo ambiental está além de projeções de curto prazo, mas de longo prazo e nenhum político “gasta cartas” sem ter benefícios, isso está claro. Se não me mostrem planejamento a longo prazo nos órgãos públicos e vamos ver quem de fato tem algo planejado pro futuro…
Você está certíssima, Camila, como dissemos nos três posts publicados sobre a tragédia que se abate sobre os gaúchos. O primeiro, de 2 de maio, “Tragédia no Rio Grande do Sul comprova alienação de Brasília (https://marsemfim.com.br/tragedia-no-rio-grande-do-sul-comprova-alienacao-de-brasilia/), já aponta os culpados, ao nosso ver, desde o título. Como ‘Brasília’, entenda-se o poder público. No post, escrevi: “No Brasil, já dissemos centenas de vezes, o poder público não leva a sério o aquecimento do planeta. O tema só ganha importância em fóruns internacionais ou em entrevistas no exterior. Enquanto as prefeituras, com raras exceções, não tomam ações preventivas, o Estado também se omite, mas o pior exemplo vem da esfera Federal, tanto do Executivo, como do Legislativo.” Como Legislativo entenda-se deputados e senadores pelo Rio Grande do Sul que, de maneira idêntica, ignoraram 30 anos de alertas da academia.
No segundo post, 10 de maio, Reflexões sobre o desastre no Rio Grande do Sul (https://marsemfim.com.br/reflexoes-sobre-o-desastre-no-rio-grande-do-sul/), mais uma vez fomos diretos: “Na opinião deste site, o caos no sul deriva do desleixo do Congresso Nacional, e dos sucessivos ex-prefeitos, ex-governadores, e ex-presidentes, pelo menos os que assumiram a partir dos anos 90 quando o quadro do aquecimento já estava mais que delineado. Sim, há pelo menos cerca de 30 anos os cientistas alertam para o que está acontecendo hoje. Mas os políticos, em sua grande maioria, nunca levaram a sério estes avisos. Some-se a isso, a ‘tradição’, destas mesmas figuras, de não planejar o futuro, e não se espante que deu no que deu.”
Finalmente, no terceiro, este que vc comenta Camila, mais uma vez dissemos já no primeiro parágrafo: “É inacreditável que depois da maior tragédia ambiental do Brasil, ainda em andamento, certos políticos queiram aproveitar o drama para ‘fixar seus nomes’, não nos esqueçamos que temos eleições este ano; ou plantar o diversionismo para camuflar a omissão do poder público quanto ao aquecimento global.”
Infelizmente, a maior parte dos comentaristas está mirando, erradamente, os alertas dos cientistas gaúchos que explicaram os motivos pelos quais consideram inútil, ou ‘soluções mágicas, a abertura com ’20 km de extensão’ de um canal entre a Laguna dos Patos e o oceano.
Antes de encerrar, relembro as palavras do mais notável cientista do clima do País, Carlos Nobre: “Não há como impedir esses desastres. E a população, por sua vez, precisa eleger políticos que se preocupem com a emergência climática.”
Atenção: 2024 é ano de eleições. Que todos se lembrem desta tragédia antes de escolherem seus candidatos.
Concordo com tudo que os especialistas disseram quanto a abrir um canal na parte Norte da Lagoa dos Patos. Entretanto acredito que se a água fosse retirada da Lagoa dos Patos e bombeada para o Oceano. De preferência com um emissário submarino realizando a descarga a alguns quilômetros do litoral seria uma solução que mitigaria esses problemas. Acho que está faltando propor soluções diferentes, fora da caixa, pois os próprios especialistas estão muito arraigados e fechados em suas posições, que definitivamente não resolvem os problemas. Esperar pela boa vontade dos ventos, das mares, da chuva, com tanta tecnologia e meios disponíveis é nós transportar para épocas já distantes no tempo. Não acredito que, existindo tecnologia para retirar petróleo a quilômetros de profundidade do fundo do do mar e bombeá-lo, não exista tecnologia para resolver essa situação. Senti falta de uma reunião de especialistas da área para apontar soluções para o problema!
Marcos, é óbvio e claro que há tecnologias capazes de mitigar o terror que se abateu sobre o Rio Grande acontece que, como informamos, houve uma brutal omissão do poder público em suas três esferas a respeito do aquecimento global e suas nefastas consequências. Eles não ouviram os sistemáticos apelos de cientistas que não cansam de alertar desde, ao menos, 1990. Para este site, todos os prefeitos, governadores, presidentes, além dos congressistas que assumiram a partir de 1990 são os responsáveis pelo caos hoje instaurado.É à eles que este repúdio dos ‘comentaristas’ deve ser dirigido. Não àqueles que avisaram antes, durante, e agora.
“ACREDITE, SE QUISER !!!!!!
++++UM FATO, EXTREMAMENTE, É QUE A MAIORIA DAS PESSOAS QUE OPINAM, NÃO LEVAM EM CONSIDERAÇÃO QUE, AS CATASTROFES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SÃO GERAIS E SIMULTÂNEAS , PORTANTONÃO SE TRATAM DE ALAGAMENTOS NORMAIS, MAS SIM CONSEQUENTES, UNS DOS OUTROS E ENCADEAMENTOS COLETIVOS TOTAIS, EM PROGRESSÃO GEOMÉTRICA, TENDO COMO, ÚNICO E REAL LIMITE MÁXIMO, O MAR
++++É LÓGICO E INDISCUTÍVEL QUE, O OCEANO É O LIMITE MÁXIMO DO NÍVEL QUE O PLANETA SUPORTA E, NÃO SE DEVE REPRESAR ÁGUAS ACIMA DO NÍVEL DO MAR, QUANDO O OBJETIVO FINAL É DESAGUAR PARA EVITAR TRANSBORDAR
+++LÓGICA DAS CIENCIAS NATURAIS:
1- OCEANOS NÃO TRANSBORDAM, APENAS SE NIVELAM
2- REPRESAS TRANSBORDAM QUANDO DESNIVELAM, ALÉM DE PODEREM ROMPER E CAUSAREM CATÁSTROFES COM MUITAS MORTES E DESTRUIÇÕES, IGUAL ACONTECEU EM BRUMADINHOS-MG
++++PORTANTO, CONSTRUIR COMPORTAS EM RIOS, PARA CONTER ENCHENTES E ALAGAMENTO DE CIDADES, É UM ERRO GRAVE DE PESSOAS QUE SE APRESENTAM COMO ESPECIALISTAS, POIS, O ESPECIALISTA DE VERDADE, PREFERIRIA CONSTRUIR PISCINÕES, ABAIXO DO NÍVEL DOS RIOS QUE PODEM TRANSBORDAR (SEMPRE ONDE FAZEM CURVAS MUITO SINUOSAS) E, SEMPRE ACIMA OU PARALELOS ÀO NÍVEL DO MAR
Enquanto os defensores do meio ambiente ficarem de mi-mi-mi, são as pessoas que sofrerão as consequências, por exemplo, se não tivessem proibido a retirada de areia dos rios, eles seriam mais profundos, já amenizando toda essa tragedia….
A mentira continua sendo o ‘forte’ das redes sociais. O post cita cinco cientistas gaúchos, e duas universidades igualmente gaúchas, condenando a tal ‘obra’. Mas o leitor fala que “defensores do meio ambiente ficarem de mi-mi-mi”, e não comenta rigorosamente nada do que disseram os especialistas. Assim funcionam as redes sociais.
Como sempre, os ambientalistas (catastrofistas) se preocupam mas com picuinhas do que com os seres humanos. Além disso, são ignorantes, pois se contruitrem uma barragem ao nível médio da água do Guaiba, a água do mar não avançará. Mesmo porque o nível do Guaiba é mais alto do que o do mar. Esses ambientalistas são ideológicos radicais e só querem aparecer na mídia com palpites sem fundamento.
Zélio: não confunda ‘ambientalistas’ com ‘cientistas’.Quem disse que a obra seria ainda pior foram os cientistas.
Por que esse ódio contra o citado ministro? Esqueceu dos bilhões que o sr. Leite teve disposição e nao usou um centavo para prevenir ou minorar as consequências da catástrofes ambientais? Corporativismo gaúcho mata! Não proteja quem deveria agir e não o fez.
Fábio, favor apontar explícitamente onde estaria o “ódio contra o citado ministro?” No afã ‘prestar solidariedade’, o ministro disse que ‘o governo vai iniciar estudos para a construção de um canal de 20 km entre a lagoa dos Patos, que na verdade é uma laguna, e o oceano’ (para escoar a água das cheias).
Isto seria ódio?
Ou na segunda menção feita no post: É inacreditável que depois da maior tragédia ambiental do Brasil, ainda em andamento, certos políticos queiram aproveitar o drama para ‘fixar seus nomes’, não nos esqueçamos que temos eleições este ano; ou plantar o diversionismo para camuflar a omissão do poder público quanto ao aquecimento global. De onde Rui Costa tirou este absurdo com ’20 km de extensão’, ninguém sabe.
Ódio?
Repetimos uma vez mais o que falamos em todos os posts, com maior ou menor intensidade: “Na opinião deste site, o caos no sul deriva do desleixo do Congresso Nacional, e dos sucessivos ex-prefeitos, ex-governadores, e ex-presidentes, pelo menos os que assumiram a partir dos anos 90 quando o quadro do aquecimento já estava mais que delineado. Sim, há pelo menos cerca de 30 anos os cientistas alertam para o que está acontecendo hoje. Mas os políticos, em sua grande maioria, nunca levaram a sério estes avisos. Some-se a isso, a ‘tradição’, destas mesmas figuras, de não planejar o futuro, e não se espante que deu no que deu.”
Lembre-se, uma vez mais Fábio, o que disse o cientista Carlos Nobre: “Não há como impedir esses desastres. E a população, por sua vez, precisa eleger políticos que se preocupem com a emergência climática.”
Finalmente, pense bem para quem você dará o seu voto já que teremos eleições este ano.
Concordo que se fazer este canal e deixar aberto sempre vamos ter problemas sérios,mas se for feito com comportas e só usar quando for preciso, pode ser uma ótima idéia para não alagar a região metropolitana.
Construiram uma ECLUSA no Canal de São Gonçalo que tem 90 km de extenção e que liga a Lagoa dos Patos a Lagoa Mirim para impedir o avanço da água do m,ar e a sanilização da lagoa.
Seria uma estupidez com consequências querer construir este canal. Combinaram com o Oceano que a água
iria sair? Ou a do mar entrar? No Canal de São Gonçalo que tem 90 km de extensão e que liga a Lagoa dos Patos
a Lagoa Mirim tiveram que construir uma ECLUSA para impedir o avanço da água do mar e a sanilização.
Trabalhando nesta área de navegação minha família vem da navegação aqui agente sabe a situação do acoriamento ao logo do trajeto entre Porto Alegre e rio grande e pra quem não sabe a água salgada em determinada época do ano entra na lagoa dos patos muitas vezes toma conta em mais da metade da lagoa e sim estamos com nossa caixa d’água com volume muito alto do seu leito fazendo com que ela transborde algo que não ocorria devido a manutenção dos canais e também com dragas de extração de areia ao longo do Guaíba algo também que foi proibido pelo ministério público a quase 20 anos algo que tento sempre salientar pra todos se vc tem caixa d’água em casa e não faz sua limpeza vc irá ter Menas água ou se vc quiser colocar a mesma quantidade de ltrs que ela suporta ela irá transbordar isso está acontecendo aqui agora respeito todas opiniões mas tentem analisar comigo única saiba desta água toda é em rio algo bem distante do Guaíba lagoa dos patos já está bem acoriada também abrindo um canal eu digo canal artificial com sistema de comportas e leito do canal com fundação não somente escavando o solo algo que possa suportar a passagem de boa parte de água da lagoa sentido ao oceano uma saída controlada isso aliviaria as cheias certamente e não teria como a água salgada entrar por ele por ser uma ação controlada por comportas não digo que seja um canal navegável não é o objetivo mas sim o escoamento de uma parte da água em épocas de cheias aliviando o Guaíba e seus afluentes pensem nisso repito sou piloto fluvial a muitos anos assim como membros da minha família e assim como muitos outros tripulantes que não são poucos sabemos da real situação entre os portos aqui da região no sentido de navegação respeito o meio ambiente mas foi se tratando dele que muitos condenavam as dragas de extração mas digo e afirmo se não fossem estas que agora são poucas ao longo dos rio aqui as cheias seriam ainda maiores pois com muito custo algumas empresas de mineração ainda suspiram tentando ficar na atividades que já vem de anos buscando material onde já não existe e onde tem muito a ser limpo foi trancada as operações fazendo o leito se elevar e transbordar fica aqui meu ponto de vista de quem vive esses terro e trabalha na área
Não sei quem tu és, nem teu partido político, criticar é muito fácil meu chapa, o fato é que algo deve ser feito pra escoar inundações no RS. Porto Alegre tá a uns 10m acima do Atlântico, um canal regulado COM COMPORTAS, o mais próximo possível do GUAIBA É A SOLUÇÃO. Nesse formato não interfere no bioma das áreas adjacentes.
Meu partido político é a ciência, Silva.
Simplesmente puxar o card da ciência (e apenas de uma visão desta) não resolve o problema de 70 mil desabrigados e quase 600.000 desabrigados. A supressão por causas supostamente ambientais da extração de areia que resultou no assoreamento da Lagoa dos Patos, em muitos casos inviabilizando o transporte fluvial (que retira caminhões de estradas, o que em tese são mais danosos ao meio ambiente) é um ponto importante para o debate. Interditar a possibilidade de discussão de um canal de escoamento que permita salvar vidas, propriedades, emprego e renda de toda uma população me parece uma postura egoísta e banhada em miopia ambiental, que se houvesse no passado teria impedido a abertura dos Canais de Suez e Panamá. Talvez mais importante é estudar a conduta de autoridades que em busca de voto fizeram e fazem vistas grossas para a ocupação irregular e ilegal de margens de córregos, rios, lagoas e enfim, mananciais. Neste País ainda se joga 50% do cocô humano diretamente nos cursos d’água e este lado da ciência parece não estar preocupada com isso e nem com o que fazer para solucionar rapidamente o suplício dos irmãos gaúchos.
Exatamente isso Silva ! Apoiado com a minha ideia !