Tesouros submersos: como a Namíbia extrai diamantes do oceano
Milhões de anos atrás, o Rio Orange arrastou pedras preciosas do interior do sul da África até o Atlântico. Parte desses diamantes se espalhou pelas praias da Namíbia, provocando a chamada “corrida de diamantes de 1908” quando trabalhadores ferroviários descobriram as pedras perto da cidade de Lüderitz, no deserto da Namíbia (então colônia alemã chamada Sudoeste Africano Alemão). O restante afundou no fundo do mar, onde hoje ocorre a maior parte da exploração. Atualmente, cerca de 70% da produção nacional vem das minas submarinas. Só em 2018, o país retirou do oceano aproximadamente 1,4 milhão de quilates, o que faz da Namíbia o sétimo maior produtor de diamantes do planeta.

Namíbia, no sudoeste da África
A Namíbia, país da África com litoral no Atlântico, foi colônia alemã até a Primeira Guerra e ficou sob domínio sul-africano até 1990. Com apenas 2,1 milhões de habitantes, tem na agricultura, no turismo e na mineração sua base econômica. Entre os minerais explorados, destacam-se os diamantes, extraídos tanto das praias quanto do mar territorial.

Como são formados os diamantes
Diamantes surgem quando o carbono enfrenta altas temperaturas e pressão no subsolo. Milhões de anos atrás, erupções vulcânicas lançaram essas pedras à superfície. Mais tarde, o Rio Orange as carregou até o Atlântico, onde parte se depositou nas praias e outra afundou no mar.

As primeiras explorações começaram em terra firme. Oranjemund, a “cidade dos diamantes”, permaneceu fechada ao público por 81 anos, acessível apenas a funcionários das mineradoras e suas famílias.
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Quando as jazidas terrestres rarearam, a mineração avançou para o oceano — e dali passaram a vir as pedras de maior clareza e valor.
A nova fronteira para mineração de diamantes: o oceano
O mar guarda muito mais que diamantes. Nódulos metálicos acumulados em torno de fontes hidrotermais concentram terras raras e metais valiosos como cobalto, níquel, molibdênio, nióbio, platina, titânio e telúrio.
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Essa riqueza desperta interesse global, mas a mineração submarina é altamente controversa. Os riscos para o já fragilizado ecossistema marinho são enormes e ainda pouco conhecidos.
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A descoberta dos diamantes no mar transformou a indústria global e lançou mineradoras em uma corrida por pedras preciosas enterradas sob o fundo oceânico.
Especialistas estimam que as jazidas terrestres da Namíbia encolham 2% ao ano e possam se esgotar até 2050. Nesse cenário, as primeiras “minas flutuantes” surgem como alternativa para manter viva a produção da gema mais cobiçada do mundo — e sustentar economias dependentes, como a da Namíbia.

Só em 2016, empresas sugaram da costa do país o equivalente a US$ 600 milhões em diamantes, usando mangueiras gigantes conectadas a navios.
Os navios de mineração
Vistos do alto, os navios de mineração lembram plataformas de petróleo: têm mais de 100 metros de comprimento, helipontos, dragas e estacas metálicas industriais.
A gigante De Beers, que sempre dominou a produção mundial de diamantes, comprou em 1991 os direitos de exploração de mais de 3.000 milhas quadradas do fundo do mar da Namíbia. Até hoje, usou apenas 3% dessa área. Segundo o Washington Post, as gemas subaquáticas respondem por cerca de 13% do valor anual das minas terrestres da empresa, mas a pressão para expandir a mineração offshore cresce em vários países.

A bordo, as embarcações misturam tecnologia de plataformas de petróleo, navios de dragagem e até fábricas de processamento. No fundo do mar, um veículo remoto semelhante a um trator conduz a mangueira que suga toneladas de sedimentos por hora.
De volta ao navio, o material passa por peneiras, correias e máquinas que o separam por tamanho e, em seguida, por raios X que identificam a composição geológica. Os diamantes seguem por cinco andares de esteiras até cair em um recipiente metálico — que lembra uma simples lata de sopa.
A demanda por diamantes
Em 2016, o mundo gastou US$ 80 bilhões em joias de diamantes — mais da metade só nos Estados Unidos, segundo o Washington Post. A procura deve crescer ainda mais em economias emergentes como China e Índia.
Com a oferta terrestre em queda e a demanda em alta, os depósitos offshore da Namíbia se tornaram vitais. Desde a década de 1990, a De Beers envia navios ao Atlântico, e hoje mais de 90% da receita do país com diamantes vem do mar.

A empresa já usa drones para mapear áreas promissoras e, depois, navios como o Mafuta para dragar o fundo oceânico. A maioria das pedras, segundo a própria De Beers, está a poucos metros da superfície.
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A mineração de diamantes vai se expandir pelos oceanos?
A mineração de diamantes responde por cerca de 10% do PIB da Namíbia. O contrato com a De Beers funciona como uma parceria de 50% com o governo. Apesar da receita bilionária, o país segue como o terceiro mais desigual do mundo, segundo o Banco Mundial. Milhões de namibianos não se beneficiaram da corrida pelos diamantes.
A Namíbia hoje é considerada o local mais viável para extrair diamantes offshore, mas mineradoras já testam outras áreas. A África do Sul, por exemplo, também explorou o fundo do mar, embora com menos retorno.
Grupos ambientais alertam para os impactos das dragagens: toneladas de sedimentos voltam ao oceano após o processamento, sufocando ecossistemas frágeis. Ainda assim, entre a vida marinha e o valor das pedras, a indústria parece já ter escolhido o caminho: mais mineração.
Assista ao vídeo
Imagem de abertura: You Tube
Fontes: https://edition.cnn.com/2018/09/03/africa/marine-diamond-mining-namibia/index.html; https://www.washingtonpost.com/world/africa/a-new-frontier-for-diamond-mining-the-ocean/2017/07/01/a04d5fbe-0e40-4508-894d-b3456a28f24c_story.html; https://www.miningreview.com/diamonds-gems/namibia-leader-recovering-diamonds-sea/.











Os diamantes são encontradas em magmas vulcânicas de hiberlitos, um dos maiores do mundo está na África do sul (cidade com nome), divisa com a Namíbia. É evidente que o “veio” hiberlítico é o mesmo, e se estende até o oceano na Nabíbia. No Brasil, há alguns hibertlitos, os principais, não por coincidência se situam em Reservas Indígenas, onde é proibida a mineração de qualquer espécie (prato para o contrabando oficializado pelos governantes). Um grande fica entre MT e Ro, na Reserva Roosevelt, onde estão as tribos Cinta Larga, Outro, provavelmente está em Roraima (divisa com a Guiana Inglesa), que é veio de Nióbio (usado em turbinas), até por “coincidênca”, é certo que lá além de Ni há também diamante. na criação teve a presença de Lula e a Rainha da Inglaterra. O Ni é contrabando oficial do governo federa.
O país poderia ser um grande exportador “oficial” de minérios inclusive raros, como Ouro e Nióbio, além de pedras, mas não é porque os politicos preferem o contrabando controlado por eles mesmos.
arioba
A produção de pequenos mineradores independentes, garimpeiros, por exemplo, possibilita acesso a riqueza de maior número de pessoas. Os grandes garimpos, formam o lado mais democrático na produção desse setor.
Excelente reportagem. Parabéns.
A Debeers é tao ou mais corrupta que muito governo e ditador africano, como da Namíbia que estes pagamentos nunca chegarão ao povo, como fez na Africa do Sul onde seus pagamentos e taxas praticamente em séculos nunca chegou aos povo miserável negro, voltando grande parte a coroa britânica, sustentada ate nas suas joias pela exploração dos miseráveis das suas coloniais, dai a não existir uma única colônia hoje rica e todas miseráveis, como o pobre povo indiano. Essa empresa bilionária só se enriqueceu graças a corrupção e associação ao explorador coroa britânica. Deveriam ambas devolver toda sua fortuna aos diversos povos miseráveis explorados, a começar pelas joias da coroa, nobreza amada pelos ingleses pois nunca tirou centavo deles e só das colonias, como portugueses e espanhóis fizeram. Tudo farinha podre do mesmo saco, com diferença dos ingleses mostrarem ate hoje em exposição as riquezas exploradas e mantendo o luxo dessa nobreza. Será que os adorados principeis sabem disso e sua manutenção? Devem muito a Debeer.