Memórias do gelo: geleira da Bolívia levada para Antártica? Entenda o que está por trás
Memórias do gelo, geleira da Bolívia agora na Antártica, mostra esforços dos cientistas para “estudar e preservar o material antes que as geleiras desapareçam por causa das mudanças climáticas.”
O motivo? Patrick Ginot, um dos glaciólogos que trabalha no projeto, respondeu:
Nós queremos guardar esse tipo de amostras de geleiras porque elas são uma enciclopédia sobre o clima e o meio ambiente
De La Paz, na Bolívia, para a Antártica: 18 mil anos de história estocada
“A amostra mais recente foi coletada por uma equipe internacional de pesquisadores na geleira Illimani, a cerca de 80 quilômetros de La Paz, capital da Bolívia.”
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemParque eólico, ‘síndrome das turbinas’, e pesadelo no litoralJovem brasileira e Marina Silva em rara troca de cartasImportância de descobertas sobre sexo entre tubarõesPorque “as geleiras acumulam camadas de neve durante milhares de anos. O Illimani, por exemplo, tinha acumulados 18 mil anos de gelo.”
Na Antártica?
“A Antártica é o lugar óbvio para acolher as amostras. Mesmo que seja mantido o aumento das temperaturas globais, ela irá se manter fria por muito tempo.”
PUBLICIDADE
Geleira Illimani, quanto foi extraído?
“Para extrair o gelo, a mais de 6,2 mil metros de altura, pesquisadores utilizaram uma broca que lhes permitiu retirar dois cilindros, um de 137 metros e outro de 134.”
Antes que seja tarde demais, e elas desapareçam
“Segundo a equipe, as geleiras que estão a menos de 5,5 mil metros vão desaparecer completamente nos próximos 20 anos, caso isso ocorra, haveria um degelo mais pronunciado e se perderia muito da informação contida no gelo.”
Leia também
Recifes de ostras, solução natural para nosso litoral?Branqueamento de corais no Nordeste provoca mortandadePrejuízo ambiental nas festas de fim de anoDa Bolívia, França, Rússia e Nepal, para a base franco-italiana na Antártica
“Uma biblioteca está começando a tomar forma na base franco-italiana Concordia, na Antártida. Ela não terá livros, mas amostras de gelo de todas as geleiras ameaçadas do mundo.”
Kilimanjaro, a última geleira da África
Simões lembra que “os nossos colegas estarão coletando testemunhos dos Himalaias, na Ásia, e até mesmo do Kilimanjaro, que é a última geleira a sobreviver na África. Nós queremos recolher um testemunho antes que ela desapareça de vez.”
Memórias do gelo: Brasil faz parte do projeto
O site mcti.gov.br diz que “o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera integra o esforço global para salvar o registro de mudanças ambientais contido em amostras de gelo.”
O coordenador do INCT da Criosfera, Jefferson Simões, explica: “Apesar da impressão geral de que todas as geleiras do mundo estão desaparecendo, somente 1% a 2% delas sofrem esse processo de fato, exatamente nas regiões tropicais e subtropicais, além de algumas na zona temperada. Ou seja, no caso da América do Sul, nos Andes peruanos e bolivianos, as geleiras guardam o registro ambiental da Amazônia. Então, a ideia básica é guardar parte desses testemunhos para serem analisados pelas gerações futuras…”
As testemunhas…
“Os cilindros, conhecidos como testemunhos de gelo, guardam o registro preciso de como era o clima da Terra no passado.”
“Estudando-os, é possível saber exatamente qual era a composição da atmosfera séculos e milênios atrás, com precisão anual: afinal, uma geleira é formada pela lenta deposição e compactação de camadas de neve do inverno.”
Nossa ação sobre o clima da Terra
É tão dramática que, em Eagle Island, que fica a cerca de 40 quilômetros da Base Esperanza, da Argentina, pesquisadores brasileiros mediram a maior temperatura já registrada na história da Antártica, em 9 de fevereiro de 2020. Data em que os termômetros bateram 20,7°C.
PUBLICIDADE
É preciso que cada um faça sua parte. Não haverá um Messias para nos salvar. Nós, cada um dos quase oito bilhões de inquilinos da Terra, é que temos que fazer nossa parte. Pense sobre isso.
Fontes: BBC, mcti.gov.br, unisinos.br
(Foto de abertura: BBC)