Homo sapiens, assassinos em série da ecologia! Registro implacável da história
Primeiramente, Homo sapiens ‘assassinos em série da ecologia’ é frase cunhada por Yuval Noah Harari, doutor em História pela Universidade de Oxford, assim como, professor da Universidade Hebraica de Jerusalem. Além disso, autor do best seller “Uma breve história da humanidade‘ traduzido para cerca de 40 línguas com 19 edições, consequentemente, campeão de vendas.
Uma breve história da humanidade… e do Homo sapiens
Para começar, recebeu boas críticas do Guardian; Wall Street Journal, bem como, L’Express. Enquanto isso, tipos como Bill Gates derreteram-se em elogios. Unanimidade. Resultado? Cinco estrelas nas livrarias, em consequência, milhares de cópias vendidas.
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Antes de mais nada, exímio criador de frases certeiras e implacáveis que, além disso, não se contenta só com as citadas. Saca outras do bolso do colete, por exemplo, “A Revolução Agrícola foi a maior fraude da história”, bem como, “as plantas domaram o Homo Sapiens e não o contrário”.
Mais uma, por exemplo, “se a culpa é do Homo sapiens ou não o fato é que tão logo chegavam a um novo local a população nativa era extinta”.
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Apesar disso, ainda tem quem acredite no mito do bom selvagem ou, em nosso caso, ‘extrativistas’ em plena harmonia com a natureza. Quanta ingenuidade. Já é hora de esquecermos a Utopia de Thomas More que não passa de…utopia.
Homo sapiens, um assassino em série da ecologia: breve resumo das teses do livro
Antes de mais nada, o mundo foi habitado por várias espécies humanas ao mesmo tempo, enfim, ao contrário da crença que para surgir uma nova, uma antiga deveria desaparecer.
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,finalmente, nossa própria espécie, que, sem modéstia alguma, denominamos Homo sapiens (Surgida há 200 mil anos) “.
Dessa forma, como descoberto recentemente o Homo sapiens teria surgido há 300 mil anos, especificamente, no Marrocos. Mas, a data pouco importa no caso, mas, as consequências.
Nesse sentido, ao contrário que se pensava os grupos não conviviam em paz. Definitivamente, ‘o Homo sapiens exterminou todas’.
Para Yuval, a mola da humanidade teria sido a Reforma Cognitiva, a princípio, entre 70 e 30 mil anos atrás. A mesma data assinala a saída de cena dos neandertais. Pouco depois, há 13 mil anos, desaparecia o Homo florensin, assim, partir daí o único que sobra é nosso ancestral Homo sapiens.
Reforma Cognitiva
Em outras palavras, com ela veio o que o autor considera fundamental
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a capacidade de transmitir informações sobre coisas que não existem, é a capacidade verdadeiramente única da nossa linguagem. Não sua capacidade de transmitir coisas sobre homens e leões
Opinião do Mar Sem Fim: os caçadores coletores representam extrativistas
Acima de tudo.as atividades da caça e coleta foram herdadas diretamente do mundo animal, particularmente, primatas.
Todavia, ‘este método de subsistência ocupou 90% da história dos denominados caçadores coletores’.
Assim, a foto abaixo mostra outro tipo de caçador coletor atual.
Ação dos caçadores coletores ao meio ambiente
“Turistas que visitam a Tundra siberiana, ou a floresta tropical amazônica acreditam que adentraram paisagens inexploradas, intocadas, contudo, é uma ilusão. Os caçadores coletores estiveram lá e provocaram mudanças drásticas mesmo nas florestas mais densas e desertos mais desolados”.
Mas, o pior estava para acontecer…
Homo sapiens e a ocupação da Austrália, 45 mil anos atrás
“Os Homo sapiens da Indonésia, descendentes dos macacos da savana tornaram-se marinheiros. Consequentemente, construíram barcos e aprenderam a navegá-los”.
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Colonizaram não só a Austrália e, entre outros, uma série de ilhas isoladas ao norte, Buka e Manus, diz Yuval, que arremata,
A jornada dos primeiros humanos à Austrália é um dos acontecimentos mais importantes da história, pelo menos, tão importante quanto a viagem de Colombo à América ou a edição da Apolo 11 à Lua.
A espécie mais mortífera do planeta
E a parte ruim…
O momento em que o primeiro caçador coletor pôs os pés no litoral australiano foi o momento em que o Homo sapiens subiu ao topo da cadeia alimentar num território específico e, a partir daí, tornou-se a espécie mais mortífera da Terra
Resultados da colonização da Austrália
Segundo Yuval, “os colonizadores da Austrália não simplesmente se adaptaram; mas, transformaram o ecossistema de tal forma que já não seria possível reconhecê-lo”.
Assim, naquela época a Austrália foi habitada por estranhos animais, entre eles, um canguru de 200 Kg com 2 metros de altura; um leão-marsupial grande como um tigre; coalas imensos para serem fofinhos; e aves com o dobro do tamanho de avestruzes corriam pelas planícies.
Enquanto isso, lagartos similares a dragões e cobras com 5 metros se arrastavam pelo solo O diptrotodonte, com 2,5 toneladas vagava pela floresta, assim,
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em alguns milhares de anos, virtualmente, todos desapareceram. Das 24 espécies animais australianas pesando 50 Kg ou mais, 23 foram extintas.
O registro histórico faz o Homo sapiens parecer um assassino em série da ecologia
Antes de mais nada, o mesmo extermínio foi verificado no Ártico onde os caçadores coletores deram cabo de mamutes. Em Madagascar o pássaro elefante com 3 metros de altura era incapaz de voar, enquanto, lêmures gigante maiores primatas do globo, desapareceram de maneira abrupta há 1,5 mil anos. Precisamente, quando humanos botaram os pés na ilha e,
no oceano Pacífico a principal fonte de extinção começou por volta de 1.500 a.C, quando agricultores polinésios se estabeleceram nas ilhas Salomão, Fiji e Nova Caledônia
Conclusão
O Homo sapiens levou à extinção cerca de metade dos grandes animais do planeta muito antes do humanos inventarem a roda ou ferramentas de ferro.
Qualquer semelhança com o homem não é… mera coincidência
Atualmente, além de caçadores coletores tradicionais (ou habitantes de Reservas Extrativisitas) a população mundial saltou para quase 8 bilhões de pessoas. Superpopulação.
Enquanto isso, a tecnologia aplicada aos processos de coleta do Homo sapiens moderno, assim como, pescadores e coletores do que restou das florestas anabolizaram a capacidade de coleta, consequentemente, fábricas, indústrias químicas, agrotóxicos, minas terrestres e extração de petróleo, entre outras, deram a mão que faltava.
Um bilhão de automóveis rodam pelo mundo, enquanto, cem mil navios navegam nos mares. Poluindo. Eis como vê nossa ação o cientista Carlos Nobre, membro brasileiro do IPC,
Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma “força tectônica” no planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica – deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos ao antropoceno, a época dominada pelo homem
Varíola do macaco, em pouco tempo o segundo e sinistro alerta da natureza
Não admiraria se estas teorías estiverem corretas. O ser humano atual é pouco mais que um parasita, em termos estritamente ecológicos. Teríamos, assim, a quem puxar a sanha de destruição alucinada.
Que leitura boa! 🙏🏻
Fantástico descreveu bem o meu pensamento de como destruiram no passado, e continuaremos destruindo no futuro, a não ser que a natura terrena ou do espaço nos cobre caro e venha uma nova raça
Interessante! Li há um bom tempo o livro . Sou fascinado pela escrita do autor.
Harari em seu livro não levou em consideração a análise do material genético que confirma o cruzamento do Homo Sapiens com os Neandertais. Cito apenas esse artigo entre outros : https://www.inverse.com/science/neanderthal-dna-discovery-ancient-human-genetics?utm_campaign=inverse&utm_content=1609127837&utm_medium=owned&utm_source=facebook&fbclid=IwAR16T7I7JG2djMRyO0wIwkLt-IiEl2H1tWJfIySqwp-IkbOMLUQ9BecE310.
Para quem quer se aprofundar sobre o tema Cito:
– Lucy, os primórdios da Humanidade – Johanson, D. C. & Edey, M, A,
– O povo do lago. O homem: suas origens, natureza e futuro. – Lewin, R. & Leakey, R. E.
– A origem da espécie humana. – Leakey, R.
– A A origem do ser vivo. – Gatty, B.
– História geológica da vida. – McAlester.
Sapiens é um ótimo livro, mas não é perfeito. Tem coisas que dependem de uma compreensão antropológica mais crítica. O livro Civilized to Death (2019), de Christopher Ryan complementa o Sapiens nesse ponto: o argumento “neohobbesiano” que procura justificar o que fazemos hoje com a ideia de que “o ser humano sempre foi assim” é falho em vários aspectos. Em relação ao argumento específico da extinção causada pela ação humana, há alguns aspectos a considerar:
Toda espécie causa extinções quando se expande. Isso é um fato ecológico relativamente simples de entender: quando uma espécie cresce, ela concentra biomassa, e essa biomassa não vem do nada. Pelas leis ecológicas, a biomassa do planeta não cresce bruscamente, existe um equilíbrio dinâmico. Portanto, até as borboletas causam extinções quando aumentam sua própria biomassa. Isso coloca de lado novamente o excepcionalismo humano sugerido na ideia de que “seres humanos são ecologicamente insustentáveis”.
Se o impacto do ser humano em si fosse tão absurdamente diferente do de outros primatas, esse impacto começaria logo nas primeiras expansões da espécie humana, há centenas de milhares de anos atrás. Ao invés disso, note que o argumento do Harari e os dados que ele cita se referem a coisas que aconteceram depois da suposta “Reforma Cognitiva” (um péssimo termo) que data de 70 a 30 mil anos atrás. Quer dizer, um dos problemas aqui é considerar que essa mudança foi da espécie humana em si, e não da cultura. Nem todas as culturas humanas participaram dos episódios de “extinção em massa” causados pelo excesso de extrativismo, por exemplo. Ao invés disso, é possível ver que isso tem a ver mais com uma seleção de valores do que com uma suposta capacidade cognitiva humana recentemente adquirida.
Onde estão os registros do ecocídio humano em sociedades de 100 mil anos atrás? O argumento de que esses registros seriam apenas mais difíceis de encontrar está caindo na medida em que a tecnologia e as técnicas de bioarqueologia avançam, nos dando evidências de um enviesamento na nossa análise do passado: esperamos encontrar um ser humano que fosse tão “ruim” quanto nós somos, para que não tenhamos que rever isso. Mas os dados não confirmam essa tese, e ainda assim as pessoas continuam acusando qualquer um que questione o “mito do mau selvagem” (com dados científicos inclusive) de defender o “mito do bom selvagem”.
O argumento de que o ser humano simplesmente não tinha capacidade cognitiva para ser destrutivo o suficiente cai no mesmo problema. Isso não pode ser afirmado sem dados. O discurso sobre que tipo de comportamento representa ou não um “avanço cognitivo” não é neutro, ele é moldado pelas expectativas que criamos do que significa ser mais inteligente. Então, novamente, no mínimo temos base para questionar as afirmações mais “controversas” do Harari.